Cuidados dos animais

A misteriosa "Ilha dos gatos" no Rio de Janeiro que abriga mais de 700 felinos abandonados

Publicado - 18 Setembro 2024 - 18h43

Atualizado - 18 Setembro 2024 - 18h44

Foto da Laura Furtado - Redatora

Laura Furtado / Redatora

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Desde pequena, sempre tive um amor e carinho especial por todos os animais. Quando completei 6 anos, meus pais me presentearam com um cãozinho da raça Bichon Frisé que chamamos de Billy. Foi o dia mais feliz da minha vida, fiquei horas chorando sem acreditar que ele era meu. Billy viveu 14 anos com a gente, mas virou uma estrelinha em 2019 depois de uma história linda ao nosso lado.

Em 2019, ganhei da minha sogra uma Dachshund, o famoso salsichinha, e desde então minha vida voltou a fazer sentido. Pode parecer clichê, mas nada explica o sentimento de amor e carinho que ter um pet proporciona. Nós decidimos chamar ela de Teteia, e não poderia existir nome melhor pra descrever ela. Teteia significa moça atraente, e a minha Teteia salsicha é realmente a coisa mais linda do mundo, além de ser extremamente carinhosa, companheira e engraçada.

Em 2023, participei de uma entrevista e entrei para o time do Patas da Casa. Fiquei muito feliz, porque sempre tive afinidade e carinho pelos animais, e não há nada melhor do que escrever sobre coisas que a gente ama, né. Me identifiquei de cara com os valores do Patas e sempre considerei o projeto de suma importância para tutores que, assim como eu, buscam se informar para garantir o melhor para os pets. Desde então, cada dia tem sido um aprendizado, e sou muito feliz por fazer parte de um projeto tão especial quanto o Patas.

• Filme com animal preferido: “Marley e Eu”
• Uma raça de cachorro: Vira-lata
• Uma raça de gato: Siamês
• A curiosidade favorita sobre cachorros: Os cães de suporte emocional podem agir como 'terapeutas', ajudando pacientes com ansiedade, depressão, autismo e estresse pós-traumático
• A curiosidade favorita sobre gatos: Os gatinhos tem efeitos positivos na sáude mental e física dos humanos
• Sobre o que mais gosta de escrever no universo pet: Comportamento animal
• Um aprendizado: Adotar cachorro ou gato pode mudar a vida das pessoas e dos animais para melhores, trazendo muito amor e felicidade
• Nome de pet favorito: Larica

Imagine encontrar uma ilha no meio do oceano com mais de 700 gatinhos vivendo sozinhos e completamente abandonados. Pode até parecer uma história de filme de suspense, mas esse lugar existe mesmo: a Ilha dos Gatos está mais próxima do que você imagina. Oficialmente chamada de Ilha Furtada, ela fica localizada em Costa Verde, no estado do Rio de Janeiro, e abriga gatos originalmente domésticos há mais de 70 anos. 

Mas o grande mistério mesmo gira em torno em como esses gatinhos foram parar no meio do nada, em uma ilha isolada e afastada da civilização. Vamos te contar tudo sobre essa ilha misteriosa que abriga tantos gatos. Confira!

Como mais de 700 animais foram parar na Ilha dos Gatos?

A pergunta que não quer calar é: como mais de 700 gatos conseguiram chegar em uma ilha isolada que fica aproximadamente 8 km da costa? De acordo com moradores e lendas da região, a ocupação da ilha começou em meados de 1950, quando uma família decidiu viver no local e levou com eles duas gatas fêmeas e um gato macho.

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No entanto, essa experiência acabou não dando certo para a família, já que a ilha é conhecida por ter mantimentos escassos, e eles decidiram voltar pro continente. O problema é que eles não levaram os gatos de estimação com eles, e os animais ficaram abandonados no local. Como nenhum deles havia passado pela cirurgia de castração de gato, eles foram se reproduzindo ano após ano.

Em 2012, a estimativa é de que a ilha possuía cerca de 250 gatinhos. Mas em 2020, a SUPAN (Subsecretaria de Proteção e Bem Estar Animal do Estado do Rio de Janeiro) fez um levantamento sobre a quantidade de felinos que havia na ilha e concluiu que cerca de 750 gatinhos viviam ali. Depois disso, não foi feito nenhum levantamento para estipular a quantidade de gatos no local, mas acredita-se que esse número esteja menor hoje em dia devido às ações e campanhas realizadas por ONGs para controlar o número de bichanos na ilha.

felino capturado na ilha dos gatos
Por serem um pouco selvagens, não é nada fácil capturar os felinos na Ilha dos Gatos (Créditos: Youtube/Canal On)

A ilha dos gatos recebe apoio de ONGs

Devido a essa situação complicada dos animais na ilha dos gatos, muitos voluntários decidiram unir forças para cuidar deles. No entanto, essa tarefa é muito mais difícil do que você imagina. Em 2012, o projeto Veterinários na Estrada começou a fazer expedições à Ilha dos Gatos para alimentar, vacinar, examinar e castrar os bichanos.

Os Veterinários na Estrada se reúnem entre 3 e 4 meses para uma expedição bem complexa na Ilha dos Gatos, com o objetivo de castrar, vacinar e vermifugar os animais. As operações envolvem muitas pessoas e embarcações, além da criação de um hospital de campanha para fazer os atendimentos de forma mais prática. Como eles vivem como gatos selvagens, não é nada fácil conseguir capturá-los para a realização de exames e a castração. Por isso, o trabalho é bem difícil e anda em passos de formiga.

O projeto também captura gatos filhotes e gatos que são mais mansos para encaminhar para a adoção. Para melhorar a qualidade de vida dos animais que vivem na ilha dos gatos, os voluntários instalaram na ilha um sistema de captação de água da chuva. Vários voluntários, inclusive os moradores das redondezas, vão de tempos em tempos colocar comida para os gatinhos que vivem ali. Além disso, com ajuda de um artesão, eles também construíram casinhas de madeira que servem de abrigos para esses animais. Confira o documentário contando um pouco sobre o trabalho do projeto Veterinários na Estrada na Ilha dos Gatos:

Como os gatos sobrevivem na Ilha?

Imagine só como é viver isolado do mundo, em uma ilha com poucos recursos, com cerca de 700 animais da mesma espécie que a sua? Pois é assim que esses animais vivem na Ilha dos Gatos. O local não possui habitantes, a água potável e alimentos são escassos, o que proporciona uma condição de vida bem difícil para os gatos. Eles vivem como um gato caçador selvagem, ou seja, precisam caçar na natureza para se alimentar. Em alguns casos, eles também podem ser predados por animais maiores. Isso acaba causando um desequilíbrio ambiental, pois afeta a cadeia alimentar de todas as espécies que vivem no local.

O comportamento desses felinos é bem diferente do que estamos acostumados. Apesar de serem originalmente gatos domésticos, os animais da ilha adotaram comportamentos diferenciados. Como eles cresceram isolados, sem nenhum contato com os humanos e com a vida doméstica, vivem como um gato selvagem: são mais arredios, independentes e um pouco agressivos. Também são mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças, já que não recebem cuidados adequados para a manutenção da saúde e bem-estar felino. 

Infelizmente, a ilha se tornou um ponto de abandono de animais desprezados pelos donos. Acredite se quiser: muitas pessoas atravessam o mar até a ilha para abandonar os gatos. Vale dizer que abandonar um cachorro ou gato está previsto na justiça como um crime ambiental, com pena que pode durar entre três meses a um ano, além de multa.

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