O cachorro da raça Beagle é conhecido pela animação, muita energia e companheirismo com a família. Por outro lado, o cãozinho da raça pode ser ciumento e um tanto quanto teimoso. Essas características fazem da convivência com a raça Beagle uma missão desafiadora, porém muito gostosa. Por ser muito companheiro, o Beagle está na lista de cachorros para apartamento mais indicados. Para falar da personalidade desse cão, nada melhor do que uma pessoa que vive diariamente com um. A Mariana Almeida é tutora do Guga, de 13 anos, e conta como é a rotina e experiência de ter um cachorro Beagle em casa. Chega mais e acompanha esse relato!
Filhote de Beagle pode ser uma caixinha de surpresas
Desde criança a Mariana Almeida queria ter um cachorro Beagle, principalmente depois de descobrir que essa era a raça do Snoopy, personagem animado que marcou uma geração com as travessuras que aprontava com seu dono Charlie Brown. "O Guga entrou na minha vida por acaso e destino. O irmão de um amigo ganhou uma Beagle da namorada, mas a mãe dele não queria ficar com ela. Depois de convencer a minha família, descobri que a cachorra já tinha sido doada. Mas eu estava determinada a finalmente ter meu cachorro dessa raça", conta. A missão de Mariana era encontrar um Beagle para chamar de seu: "Procurei por canis de filhote da raça e achei um Beagle bicolor branco e marrom com a carinha mais linda do mundo. As orelhas enormes e o focinho rosa eram apaixonantes. Uma semana depois, eu finalmente tinha meu “beagle mini” (na verdade, fui enganada pelo dono do canil: o Guga pesa 26 kg, enquanto a média é de 18 kg)".
Mariana relata que toda vez que contava toda animada para as pessoas que ia ter um Beagle, a reação era sempre a mesma: “eles são muito levados” ou “vai destruir todos os seus móveis”. De fato eles não estavam errados, mas isso não fez tanta diferença para a família do Guga: "Hoje, depois de 13 anos, posso afirmar que eles são sim muito levados, mas com pouco potencial para destruir uma casa inteira. Talvez destruam alguns sapatos, meias, potes de comida e, com certeza, o seu coração de tanto amor". Já deu pra notar que um filhote de Beagle tem grande chances de se tornar o queridinho da casa, né?!
Beagle filhote precisa de cuidados para não se tornar muito dependente
O Guga chegou muito novinho em casa, com apenas 31 dias. Por isso, sempre foi um cachorro carente e odiava ficar sozinho. Logo depois, Mariana entendeu que esse foi um dos principais erros que cometeu ao se tornar uma mãe de pet de primeira viagem. "Pegar o filhote com menos de 45 dias faz com que eles cresçam com esse medo do abandono. Na minha casa é muito raro não ter ninguém, mas quando ele fica sozinho por várias horas, ele chora, arranha a porta de casa e fica sem beber água ou fazer xixi. Essa é uma característica do Beagle, mas se você tem uma família grande e presente, eles são a companhia ideal."
Além de respeitar o período ideal de separação do filhote do restante da ninhada, a socialização e adestramento nos primeiros meses será fundamental para que o animal não desenvolva ansiedade de separação. Para isso, o cachorro Beagle precisa aprender desde cedo a ser o mais independente possível para não sofrer na ausência do dono. O estresse causado pela ansiedade de separação pode, além de provocar um comportamento destrutivo, deixar o cachorro doente.
Algumas coisas que você pode fazer para lidar com a dependência do Beagle são:
- Enriquecimento ambiental no dia a dia e principalmente quando sair de casa;
- Ensinar o cachorro desde cedo a se divertir sozinho;
- Evitar que o cachorro durma com você;
- Gastar bastante a energia do pet;
- Contratar um passeador de cães para fazer longas caminhadas e cansá-lo bastante (assim, ele nem terá energia para sofrer de saudade);
- Contratar um adestrador, que ensinará o tutor a recompensar apenas os comportamentos positivos.
Raça Beagle: como controlar a energia interminável desse cachorro?
Segundo Mariana, o Guga foi um filhote muito tranquilo até mais ou menos o sexto mês, quando começou a mostrar a que veio. A energia acumulada era tanta que apenas longas caminhadas e brincadeiras intermináveis, como cabo de guerra para cachorro, eram capazes de acalmá-lo. Esse é um dos conselhos que ela dá para quem tem um Beagle: "eles precisam sair na rua todos os dias, senão ficam muito irritados e começam a procurar coisas pela casa para comer (e mostram para os donos o que estão fazendo para ver se conseguem o tão sonhado passeio)."
O Beagle é inteligente, por isso o Guga aprendeu comandos e hoje brinca tranquilamente sem a guia em locais permitidos - e obedece quando quer ou quando tem comida envolvida. O Beagle pode ser muito teimoso: eles sabem todos os comandos que você ensina, sabem quando estão aprontando, mas só obedecem quando querem. "Adestre seu cachorro desde cedo com um profissional responsável. Por mais dóceis que sejam, cachorros da raça Beagle precisam de donos que saibam liderar", aconselha
Beagle é guloso e pode comer tudo que vê pela frente
A fama de guloso não é a toa. Assim como todo Beagle, o Guga faz tudo por comida. "Como foi adestrado por nós sem nenhuma técnica, ele aprendeu que nossas coisas são moedas de troca. Quando quer comida, ele pega o que aparecer pela frente, de preferência coisas caras ou importantes. Cartão de banco, documento do carro, óculos, remédio e até mesmo dinheiro. Faz questão de mostrar que tem 'reféns' e exige petiscos como pagamento. Ele é tão fissurado em comida que aprendeu a abrir geladeira, seja para pegar o que está dentro ou para alguém sair da mesa de jantar enquanto ele corre e rouba a sua comida."
Na casa da Mariana e do Guga, obstáculos na porta da geladeira, esconder comida e outras estratégias não funcionam bem com o cãozinho Beagle. Cachorros dessa raça são conhecidos pelo potente faro canino e conseguem achar qualquer coisa. Isso faz dele um ótimo candidato para ser um cachorro de serviço e costuma ser muito usado como cão farejador em aeroportos ou resgates, por exemplo.
Beagle: personalidade com a família, outros animais e visitas
O Guga, assim como qualquer Beagle, é um cachorro sociável. Visitas, principalmente de bebês e crianças, são as preferidas. Apesar de ser agitado, ele fica super dócil e aceita carinhos. Quando cansa, em vez de rosnar ou ser agressivo, ele se recolhe e vai para o seu canto. Como é uma raça muito apegada à família, a presença de desconhecidos causa desconfiança, mas em poucos segundos ele abana o rabo e faz festinha, especialmente se ganhar carinho e perceber que pode brincar.
Apesar de gostar socializar com outros animais na rua, ele é um cachorro ciumento com outros que possam “invadir” seu território ou são uma ameaça para a sua refeição. Além de comer, eles amam seus donos. Se perceber que só outro humano ou animal recebe carinho, ele faz de tudo pra chamar a sua atenção. Um olhar triste, ir para o seu cantinho preferido e fazer questão que você veja e até mesmo pular no seu colo são alguns artifícios para receber a atenção das pessoas.
"Por esses e outros mil motivos, se você quer ter um Beagle, mas as pessoas desencorajam porque a raça é teimosa, não tenha medo. Planeje um adestramento positivo, seja presente e dê muito amor. Com certeza eles vão retribuir trazendo muita alegria para a sua casa", recomenda Mariana.
O Beagle, por ser uma raça com muita energia, precisa de passeios regulares e uma família com a energia compatível. Casas onde os humanos passam muito tempo fora não são recomendadas ter um cachorro Beagle. Eles precisam de companhia, brincar com seus donos e manter uma rotina nas refeições. O que pode ajudar na gula deles é proporcionar a ração de cachorro em três vezes ao dia. Quando ficam sozinhos, sentem fome ou ficam entediados, eles podem sim ser bem destrutivos.
Redação: Mariana Almeida e Luana Lopes
Edição: Luana Lopes
Publicada originalmente em: 07/10/2019
Atualizada em: 13/09/2022
