Você já ouviu falar em caudectomia? O nome complicado nada mais é que o procedimento feito para cortar o rabo de cachorros. Por questões estéticas, virou um costume cortar a cauda de cães de algumas raças (assim como as orelhas, procedimento conhecido como conchectomia). Hoje em dia a amputação do rabo é uma atividade proibida no Brasil, considerada um crime ambiental previsto por Lei. Isso porque a caudectomia não é tão simples quanto parece: a cirurgia pode trazer sérias complicações para o animal, tanto físicas quanto comportamentais. Ainda assim, muitas pessoas ficam em dúvida sobre o assunto. Será que existem outras razões, além da estética, para cortar o rabo de cachorro? Qual o impacto na saúde do cachorro? O animal perde alguma "habilidade" depois do corte? Para acabar com esses questionamentos de uma vez por todas, o Patas da Casa conta tudo o que você precisa saber sobre a caudectomia. Confira!
De onde surgiu que cortar o rabo do cachorro era uma "boa" ideia?
Muito tempo atrás, algumas raças começaram a ter seus rabos e orelhas cortados e isso perdura até hoje em alguns lugares do mundo. Na época, acreditava-se que o procedimento deixaria o animal mais ágil ou limitaria os riscos de feridas durante a caça. Obviamente, isso não é verdade, mas demorou para que a sociedade percebesse o quanto o procedimento tratava-se mais de uma crueldade do que qualquer outra coisa. Mesmo assim, algumas raças ainda carregam esse estigma de que precisam ter o rabo ou a orelha cortada para entrarem em um determinado "padrão".
Hoje, a principal razão para a busca da caudectomia em cães é a estética mesmo. Além disso, algumas pessoas também acreditam que isso pode trazer mais bem-estar para o animal. Pelo contrário, a caudectomia traz riscos de saúde e desconforto para o seu cão - para completar, o animal perde uma das suas mais poderosas ferramentas de linguagem corporal.
Quais são as raças que costumam passar pela caudectomia?
Algumas raças são mais conhecidas por, tradicionalmente, serem submetidas à caudectomia. Cães que costumam ser usados como cão de guarda, como o Boxer, Dogue Alemão, Pitbull, Doberman e Rottweiler, muitas vezes têm seus rabos cortados para passar uma imagem mais imponente e não ter distrações quando estiverem na posição de guarda. Outras raças consideradas de companhia, como Poodle, Cocker Spaniel e Schnauzer, também sofriam com o procedimento por pura estética.
Quais são os riscos de cortar o rabo de cachorro?
A caudectomia é permitida e indicada apenas por motivos de saúde, como tratamento de algum tumor ou por causa de alguma lesão grave na região. Em todos os casos, o procedimento só é feito quando não há outras alternativas para preservar o bem-estar do animal - e precisa ser realizado por um médico veterinário.
A amputação não se trata de um simples corte: a caudectomia impacta uma série de estruturas, como vasos sanguíneos, nervos, tecidos e pele. Além disso, a cauda dos cães é a continuação da espinha vertebral e o corte pode prejudicar seriamente a movimentação do animal - além de comprometer o desenvolvimento quando feito em filhotes. As chamadas vértebras caudais também são fundamentais para o equilíbrio natural dos cachorros.
Normalmente, o procedimento é realizado nos primeiros dias de vida do cachorro. Em todos os casos, a cirurgia provoca muita dor, sangramentos e desconforto no pós-operatório. Como todo procedimento cirúrgico, a caudectomia pode trazer sérios riscos para o seu animal no período de cicatrização, como feridas abertas e infecções generalizadas.
Rabo de cachorro é uma das principais formas do animal se comunicar com o mundo
Quem tem um cachorro em casa sabe que ele usa o rabo para se comunicar em várias situações: alegria, medo, obediência, tristeza, entre outros. A cauda é uma das mais importantes ferramentas de linguagem canina, tanto com humanos quanto com outros animais. Cortar o rabo do cachorro significa acabar com essa habilidade dele.
O que diz a legislação sobre cortar o rabo do cachorro?
Quando acontece apenas por questões estéticas, é proibido fazer caudectomia em cães - a lei nº 9.605, de 1998, assegura isso. Essa lei transformou em crime ambiental qualquer amputação em animais que aconteça puramente por preferência estética. Ou seja, esse tipo de procedimento é considerado maus tratos animais.
Assim como a caudectomia, a conchectomia, corte das orelhas, também está prevista na legislação. Em 2008, o Conselho Federal de Medicina Veterinária também proibiu esse tipo de procedimento . O corte de orelhas e rabo de cachorro passou a ser permitido apenas em casos necessários para a saúde do animal, quando há um tumor ou em caso de acidente.
Redação: Gabrielle Nunes