Cachorro

Cuidados paliativos para gato e cachorro com câncer: oncologista explica como melhorar a vida de pets em fase terminal

Publicado - 25 Setembro 2024 - 18h30

Atualizado - 25 Setembro 2024 - 18h34

Médico Veterinário Max Andrade

Max Andrade / Médico Veterinário Oncologista

CRMV-RJ 13768

Formado em Medicina Veterinária pela UFRRJ em 2016 com residência em Oncologia de cães e gatos pelo HVPA - UFRRJ. Pós-graduado em Oncologia pela UFAPE, membro da Associação Brasileira de Oncologia Veterinária e ⁠sócio-proprietário da clínica Onco Therapy.

Foto da Laura Furtado - Redatora

Laura Furtado / Redatora

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Desde pequena, sempre tive um amor e carinho especial por todos os animais. Quando completei 6 anos, meus pais me presentearam com um cãozinho da raça Bichon Frisé que chamamos de Billy. Foi o dia mais feliz da minha vida, fiquei horas chorando sem acreditar que ele era meu. Billy viveu 14 anos com a gente, mas virou uma estrelinha em 2019 depois de uma história linda ao nosso lado.

Em 2019, ganhei da minha sogra uma Dachshund, o famoso salsichinha, e desde então minha vida voltou a fazer sentido. Pode parecer clichê, mas nada explica o sentimento de amor e carinho que ter um pet proporciona. Nós decidimos chamar ela de Teteia, e não poderia existir nome melhor pra descrever ela. Teteia significa moça atraente, e a minha Teteia salsicha é realmente a coisa mais linda do mundo, além de ser extremamente carinhosa, companheira e engraçada.

Em 2023, participei de uma entrevista e entrei para o time do Patas da Casa. Fiquei muito feliz, porque sempre tive afinidade e carinho pelos animais, e não há nada melhor do que escrever sobre coisas que a gente ama, né. Me identifiquei de cara com os valores do Patas e sempre considerei o projeto de suma importância para tutores que, assim como eu, buscam se informar para garantir o melhor para os pets. Desde então, cada dia tem sido um aprendizado, e sou muito feliz por fazer parte de um projeto tão especial quanto o Patas.

• Filme com animal preferido: “Marley e Eu”
• Uma raça de cachorro: Vira-lata
• Uma raça de gato: Siamês
• A curiosidade favorita sobre cachorros: Os cães de suporte emocional podem agir como 'terapeutas', ajudando pacientes com ansiedade, depressão, autismo e estresse pós-traumático
• A curiosidade favorita sobre gatos: Os gatinhos tem efeitos positivos na sáude mental e física dos humanos
• Sobre o que mais gosta de escrever no universo pet: Comportamento animal
• Um aprendizado: Adotar cachorro ou gato pode mudar a vida das pessoas e dos animais para melhores, trazendo muito amor e felicidade
• Nome de pet favorito: Larica

Ter um gato ou cachorro com câncer em estágio terminal é uma situação bastante delicada que nenhum tutor deseja passar. Do diagnóstico até a confirmação de que a doença não pode ser curada, podem se passar meses ou anos de tratamento. Mas mesmo quando a cura não é mais uma opção, o amor e atenção podem fazer toda a diferença na vida do cachorro ou gato doente. Usando as técnicas corretas e com o auxílio de profissionais, é possível proporcionar o máximo de conforto e qualidade de vida para o pet nos últimos meses de vida. 

É para isso que existem os chamados cuidados paliativos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os cuidados paliativos se referem a “assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais” (WHO, 2002). 

Embora a definição seja relacionada aos humanos, ela é totalmente aplicada aos animais hoje em dia. É o que garante o médico veterinário Max Andrade, que é especialista em oncologia. Para ele, é possível melhorar consideravelmente a vida do cachorro ou gato com câncer, desde que sejam respeitadas as necessidades e momento do paciente. 

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Gato e cachorro com câncer: quando a doença entra em estágio terminal?

O diagnóstico de câncer em cachorro ou gato é um grande desafio para os tutores e até mesmo para os veterinários envolvidos, especialmente quando a doença está em estágio avançado e a cura não é mais uma opção. Mas como identificar o gato ou cachorro com câncer terminal? Sintomas podem ser notados pelo próprio tutor? 

Identificar a fase terminal de um câncer envolve reconhecer sinais clínicos e entender a classificação da doença. De acordo com o oncologista Max Andrade, os veterinários utilizam o sistema TNM (Tumor, Linfonodo e Metástase a Distância) para avaliar o estágio do câncer. Quando o câncer apresenta Metástases a Distância - ou seja, quando tumores secundários se apresentam em órgãos ou tecidos distantes do ponto inicial do câncer - e tratamentos como quimioterapia não tiveram resultado, é considerado que o câncer atingiu um estágio avançado e as chances de cura são quase inexistentes.

Os sinais clínicos dessa fase costumam ser bem evidentes. No caso de um gato ou cachorro com câncer terminal, sintomas incluem perda de apetite e de peso, apatia, não beber água, feridas que não cicatrizam, sangramentos, dificuldade respiratória, cansaço, dores e isolamento. Quando o pet já não consegue mais desempenhar as funções normais da rotina por conta do câncer, os especialistas recomendam que esses animais recebam cuidados paliativos para que eles tenham todo o conforto que merecem no final da vida.

Afinal, o que são os cuidados paliativos na Medicina Veterinária?

É muito difícil determinar quanto tempo de vida tem um cachorro com câncer em estágio terminal. Pode ser que o pet viva dias ou meses nessa situação, tudo depende do tipo de câncer e estado geral do paciente. A falta de respostas muitas vezes faz com que muitos tutores optem por realizar eutanásia em cães e gatos. 

Mas nem sempre o procedimento é recomendado pelos vets, justamente porque existem terapias de suporte que vão garantir que o pet não sofra mesmo com o avanço do câncer, como explica Max: “Os cuidados paliativos são voltados a estabelecer qualidade de vida do animal. Eles têm como objetivo trazer conforto ao pet, mantendo o animal livre de dor e recebendo toda a atenção necessária para que ele continue bem.”

cachorro com câncer deitado em chão
O cachorro com câncer em estágio terminal fica mais apático e prostrado 

Cuidados paliativos em cachorros e gatos

“Os cuidados paliativos são estabelecidos pelo oncologista veterinário junto com os tutores, de acordo com a necessidade de cada animal, pois cada paciente é único. Trabalhamos para que os animais não sintam dor, consigam se alimentar, fazer suas necessidades fisiológicas básicas e manter a interação com seus tutores dentro do possível”, ressalta o veterinário. Confira alguns cuidados que podem ajudar a melhorar a vida de um cachorro com câncer terminal:

  • Controle da dor com medicamentos: para tornar esse momento mais confortável para o pet, o oncologista veterinário receita medicações para o alívio da dor, de acordo com o tipo e nível do tumor;
  • Ozonioterapia: dependendo do tipo de câncer e da resposta do animal às medicações, o veterinário também pode indicar a ozonioterapia veterinária. Essa é uma terapia auxiliar integrativa que envolve a aplicação de ozônio medicinal, um gás com poder oxidante e bactericida que ajuda no alívio de dores e a melhorar o metabolismo;
  • Acupuntura: a acupuntura veterinária é uma prática que envolve inserir mini agulhas em pontos estratégicos do corpo do animal, com o objetivo de reduzir as dores e os desconfortos provocados pela doença no estágio final;
  • Ambiente confortável: o cachorro com câncer em estágio terminal precisa se sentir acolhido onde vive. Por isso, é importante que você crie um espaço com todos os acessórios que ele precisa no dia a dia, especialmente se o cão apresenta algum tipo de dificuldade em se locomover. Escolha uma caminha confortável, os brinquedos favoritos e potes com água fresca e comida. Tente sempre interagir com o cachorro ou gato. O suporte mental é muito importante nessa fase também;
  • Higiene: um cachorro com câncer em estágio terminal que apresenta limitações de mobilidade vai precisar de uma atenção extra na higiene, pois eles podem se arrastar para se locomover no ambiente. Use um lenço umedecido para cachorro para limpar as regiões necessárias e mantenha a pele seca e sem a presença de feridas

O gato com câncer terminal precisa de cuidados mais personalizados

gato recebendo carinho de humano
É importante respeitar o espaço de um gato com câncer em estágio terminal

Os cuidados paliativos de um gato com câncer em estágio terminal são um pouco mais desafiadores do que os casos com cães pelo fato da espécie apresentar algumas particularidades: “Gatos não demonstram tanta dor como os cães, mas param de se alimentar com mais facilidade, podendo levar ao quadro de lipidose hepática felina. Então os tutores de gatos devem se atentar mais ainda à alimentação, com possibilidade de recorrer a sonda esofágica para alimentação se necessário.” Outras dicas podem ajudar nos cuidados paliativos da espécie: 

  • Terapias de suporte: a aromaterapia para pets, que envolve o uso de óleos essenciais para complementar o tratamento de questões emocionais, comportamentais e até problemas físicos, também pode ajudar a evitar um gato estressado no final da vida;
  • Estimular o apetite: os gatos já são naturalmente seletivos com a comida, então na fase terminal de um câncer, isso se agrava ainda mais. Para estimular a alimentação felina, é importante oferecer alimentos que sejam atrativos para o animal. O sachê para gatos é um exemplo de alimento que deve ser oferecido no estágio terminal do câncer, pois além de atrativo, é rico em água, o que ajuda a manter o felino hidratado  
  • Respeite o espaço do gato:  o gato com câncer em estágio terminal pode ficar mais resistente à interação com o tutor devido às dores e a mudanças físicas provocadas pela doença. Por isso, é importante respeitar o espaço e as vontades do felino para não deixar o gato ainda mais estressado e incomodado. Só ofereça carinho nos momentos em que o gato demonstrar que deseja esse tipo de atenção;

Lembre-se que os cuidados paliativos de um gato ou cachorro com câncer terminal precisam ser avaliados por um veterinário especialista no assunto. É ele quem vai examinar o pet e indicar quais remédios ele deve tomar para o alívio da dor e quais cuidados adotar nessa etapa. 

Tutores de pets com câncer terminal também precisam se cuidar

A confirmação de que o gato ou cachorro está com câncer terminal é algo que abala toda a família também. Essa é uma notícia que ninguém deseja receber, mas infelizmente não é possível proteger os pets de todas as doenças. O câncer em estágio terminal anuncia uma morte inevitável, e os tutores também precisam de suporte nesse momento.

Uma dica muito valiosa é se informar sempre. Seja conversando com os veterinários ou buscando relatos de outros tutores, a informação vai te deixar muito mais mais tranquilo em relação ao futuro do pet. Outra dica é buscar apoio psicológico com profissionais capacitados: a terapia vai te ajudar a entender seus próprios sentimentos e até mesmo dar insumos para que você consiga lidar com toda a situação da melhor forma possível. 

Buscar o afago de familiares e amigos também é essencial nesse momento difícil. Além de tudo, eles podem te auxiliar nos cuidados com um gato ou cachorro com câncer terminal, já que essa é uma tarefa bem exaustiva. Lembre-se que cuidar de você é um passo super importante para que consiga proporcionar um final melhor para o pet que tanto ama!

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