A displasia coxofemoral em cães é uma das grandes preocupações na vida de quem tem um doguinho, principalmente se ele tiver alguma predisposição genética para a doença. O quadro, que pode se manifestar em diferentes fases da vida, compromete a mobilidade do animal e pode causar muito incômodo e dor. A displasia em cães é relativamente comum na saúde animal, mas precisa de muita atenção para ser diagnosticada e tratada do jeito certo.
Mas como saber que o animal sofre com a displasia canina? Será que existe cura para a condição? Para tirar as principais dúvidas sobre o que é displasia em cachorro, quais as causas, sintomas e tratamento do problema, conversamos com o médico veterinário ortopedista Luiz Malfatti. Veja o que ele disse!
O que é displasia coxofemoral?
É bem provável que você já tenha ouvido falar na displasia canina em algum momento, mas não entendeu exatamente o que é ou quais as características da doença. Antes de tudo, é importante entender que, quando se trata da anatomia do cachorro, a articulação coxofemoral é composta pelo encaixe da cabeça do fêmur na superfície articular, que é chamada de acetábulo. É esse encaixe que promove a estabilidade dos movimentos.
Sobre o que é displasia em cachorro, a explicação do dr. Luiz é a seguinte: “Displasia coxofemoral canina ou displasia de quadril é caracterizada pela diferença de crescimento de duas estruturas do quadril, o acetábulo, colo e cabeça do fêmur, o que gera uma má congruência na articulação”. Ou seja, basicamente ocorre um desequilíbrio no desenvolvimento das estruturas que acaba gerando certa instabilidade na articulação.
O que causa esse tipo de displasia canina?
A displasia coxofemoral é muito comum em determinadas raças, atingindo principalmente cachorros grandes (mas nada impede que atinja também raças pequenas). “Fatores hereditários são as principais causas de displasia e algumas raças tem maior probabilidade de apresentar esta alteração como Golden Retriever, Pastor Alemão, Border Collie, Rottweiler, Spitz Alemão, entre outras”, alerta o veterinário.
Além da genética, existem outras condições que podem predispor um animal a desenvolver o problema de saúde. Nesse sentido, hábitos alimentares e até mesmo o local onde o pet vive são os principais responsáveis por provocar a displasia canina. “Fatores ambientais e alimentares podem contribuir para o desenvolvimento da doença. Exemplos que agravam essa condição são pisos lisos, sobrepeso, saltos de cama e sofá”.
Se você convive com um doguinho que não se exercita muito e come demais, é importante redobrar a atenção com ele. A obesidade canina pode abrir portas para a displasia coxofemoral e várias outras doenças. Além disso, é importante ter um cuidado especial com os pisos de casa, que não podem ser escorregadios demais, ou o encaixe da articulação pode sofrer problemas.
Cachorro com displasia: saiba quais são os sintomas do problema
Os sintomas da displasia coxofemoral podem surgir a partir dos 4 meses de idade, mas nada impede que um animal adulto ou mais velho desenvolva a condição. É importante que seja feito um acompanhamento periódico com o veterinário, especialmente se o animal tiver predisposição genética para isso, mas você também pode - e deve - ficar de olho se o seu cachorro apresentar os seguintes sintomas:
- Dificuldade em movimentos básicos, como levantar e correr
- Marcha rebolante (cachorro mancando e anda rebolando)
- Senta de lado para evitar a dor
Além disso, o médico veterinário destaca que alguns animais podem apresentar artrose na articulação. Por isso, é muito importante ficar atento às doenças que podem atingir os ossos do cachorro.
Outros sinais que também podem ser incluídos nesta lista são: estalos na hora de andar, diminuição na velocidade dos passos, perda na firmeza das patas traseiras e calcanhares virados para dentro.
Como é feito o diagnóstico da displasia coxofemoral?
Para começar, a sugestão inicial do dr. Luiz é a seguinte: “O ideal é que, ao adotar ou até mesmo comprar um filhote de cachorro que tenha predisposição para displasia coxofemoral, fazer uma avaliação com ortopedista veterinário para ser diagnosticado precocemente”. Tendo isso em vista, as principais formas de diagnosticar o problema são por meio de radiografias e de exames físicos, determinados por um especialista na área.
Displasia coxofemoral em cães tem cura?
Quem tem um cachorro com displasia coxofemoral sempre se pergunta se a doença tem cura ou não, afinal ninguém gosta de ver o próprio pet sofrendo sempre que precisa se locomover. Sobre isso, o ortopedista explica: “A displasia canina não tem cura, mas pode ser controlada com diversas formas de tratamento que vão desde a perda de peso, uso de medicamentos, fisioterapia e até cirurgia”.
O procedimento cirúrgico consiste em fixar a cabeça do fêmur no coxal do animal. Se os ossos do cachorro estiverem debilitados demais e não houver a possibilidade de encaixe, é possível tratar clinicamente com medicamentos - geralmente analgésicos e anti-inflamatórios que são indicados pelo veterinário - e fisioterapia. Vale lembrar que a automedicação não deve ser considerada em hipótese alguma, pois pode prejudicar mais do que ajudar o cãozinho. Para saber qual é o melhor tratamento para o seu doguinho e receber maiores orientações, não deixe de consultar um médico veterinário especializado assim que suspeitar do problema.
Por se tratar de uma doença que é, principalmente, de origem genética, não é possível prevenir a displasia coxofemoral. Cães que têm pais que sofrem com o mesmo problema têm altas chances de desenvolver a mesma condição, mesmo que os sintomas não se manifestem logo no início da vida. A melhor medida preventiva é, realmente, fazer o devido acompanhamento médico para ter o diagnóstico precoce. Quanto antes a displasia canina for detectada, melhor será o prognóstico.
Cachorro com displasia: quais cuidados são necessários com o paciente?
O primeiro cuidado deve ser com a escolha da raça de cachorro, sendo importante sempre fazer uma avaliação da condição de saúde dele e saber sobre o histórico dos seus antecedentes. “Como é uma alteração genética, animais com displasia coxofemoral devem ser retirados da reprodução”, orienta o médico. Isso ajudaria a evitar que, futuramente, outros cães sejam acometidos pela doença, herdada geneticamente pelos pais.
Já quando se trata de um cachorro com displasia diagnosticada, também é importante ter alguns cuidados para melhorar a qualidade de vida e promover o bem-estar do paciente. Algumas atitudes que devem ser adotadas no dia a dia são:
- Ter controle de peso, evitando um cachorro obeso
- Evitar pisos escorregadios e muito lisos
- Evitar exercícios de alta intensidade
Além disso, o ortopedista veterinário pode aconselhar a família a adotar outras medidas, como a fisioterapia, dependendo de cada caso. “Muitas vezes a reabilitação com fisioterapia é necessária para auxiliar no controle da dor e tentar o diagnóstico precoce para melhor opção de tratamento, dando mais qualidade de vida ao paciente”, finaliza.
Redação: Juliana Melo