Se você já viu um gato estressado ou nervoso, deve saber que essa situação pode ser muito comum quando há qualquer mínima alteração na rotina dos felinos. Isso, inclusive, pode acontecer quando alguém não sabe como segurar um gato no colo do jeito certo, e acaba fazendo o manejo errado do animal. Por esse motivo, o Patas da Casa entrevistou a veterinária Vanessa Zimbres, que é especialista em felinos, para desvendar como acalmar um gato estressado e a forma certa de segurar estes animais em diferentes situações.
Como segurar um gato?
Nem todo mundo sabe como pegar um gato corretamente no colo, seja para tirar ou colocá-lo em outro lugar. Sobre isso, a profissional responde: “Gatos precisam ter a sensação de controle do ambiente e do seu corpo. Sendo assim, ao carregá-los no colo sempre deve-se dar apoio às patas e não segurar firme demais.”
Com delicadeza e o apoio dos pés fica muito mais fácil segurar um animal da espécie. No entanto, é importante ter atenção com qualquer manuseio errado. Pegar o gato pelo cangote, por exemplo, é totalmente contraindicado. Além disso, Vanessa ressalta: “Muitas técnicas conhecidas de contenção estão obsoletas e algumas são consideradas até mesmo maus-tratos.”
E como segurar um gato bravo sem estressá-lo ainda mais?
Antes de tudo é importante ter em mente que muitas situações podem deixar um gato estressado. Sintomas são variados, mas normalmente a vocalização excessiva, comportamentos agressivos ou até mesmo a busca por uma “fuga” são um sinal de alerta. A especialista alerta que o primeiro passo é observar se o gato realmente necessita de contenção antes de ser tocado. Em seguida, o tutor deve determinar se o motivo da agressividade é medo, frustração, ansiedade, dor ou outra coisa.
“Um gato que é interpretado como agressivo pode estar em uma situação defensiva porque sente dor. Nesse caso, o uso de anelgésico já é o suficiente para acalmar o paciente sem a necessidade de contenção. É importante ter em mente que mesmo que se faça o manejo adequado, ele não irá se acalmar porque a causa do problema não está sendo tratada. Mesmo que o veterinário ache que está sendo amigável, o simples fato de segurar o animal, por melhor que seja a técnica, não vai aliviar o problema. Por isso que medicina felina é impraticável sem que o clínico tenha conhecimento do comportamento da espécie.”
Existe uma forma certa de como segurar um gato para vacinar ou fazer outros procedimentos médicos?
O comportamento felino é movido por instintos e faz parte da natureza destes animais não gostar de ser tocado e/ou segurado. Dessa forma, a dica de Vanessa é a seguinte: “Tudo o que for feito no gato deve ser feito de forma calma e rápida, de modo a não forçar o paciente a fazer o que ele não quer. Uma consulta, exames e vacinas em gatos podem ser demorados, mas o tempo dispensado na consulta é mais para acalmar o paciente. O manuseio do felino deve ser rápido, porém no tempo dele.”
É bom ter em mente que ter um gato estressado na consulta e em exames clínicos e laboratoriais pode levar a interpretação errada de problemas que podem não existir. “O importante é evitar o estresse e não somente fazer uma boa contenção. Mesmo ao vacinar um paciente, ele deve passar por um exame clínico completo. Vacinação não é coisa simples. Ela provoca modificações no organismo que, mesmo que breves, podem desencadear problemas pré-existentes que não tenham sido diagnosticados.”
Como tratar estresse em gatos durante as consultas?
O gato com medo de ir ao veterinário ou estressado por ter que sair de casa é super comum. Nessas horas, muitos tutores se questionam como tratar isso e se até existe um tipo de calmante para gatos estressados. Porém, acredite: a medicação só é indicada em casos raros, e é totalmente possível tentar contornar o estresse com outras táticas.
Segundo a médica veterinária, a consulta do paciente felino deve começar em casa. “Clinicas especializadas já orientam o tutor em como trazer o gatinho para a consulta desde a colocação na caixa de transporte, percurso até a clínica e a volta para casa. Gatos têm boa memória de longo prazo, então, infelizmente não é raro nos deparamos com gatinhos que possuem traumas de consultas ou tratamentos anteriores.”
Sobre o uso de medicamentos, Vanessa alerta que em situações especiais - porém raras - pode ser indicado o uso de ansiolíticos prescritos pelo veterinário antes da consulta. “A intenção é diminuir a ansiedade do paciente, mas não alterar a sua consciência. O objetivo é sempre o bem estar do animal, visto que as visitas ao veterinário devem ser mais para prevenção de problemas do que tratamentos de urgência.”
Gato estressado: sintomas e cuidados com o manejo do animal
Não existe apenas um, mas vários sinais que indicam o estresse em gatos. Geralmente, isso acontece quando o animal perde o senso de controle de uma situação. Conforme a especialista felina orienta, é importante determinar se esse estresse vai desencadear um comportamento agressivo ou não.
“Um gato medroso que quer se esconder pode se tornar agressivo quando encurralado, da mesma forma que um gato muito dócil, se sentir dor, também vai demonstrar agressividade. Um gato que sibila pode estar com medo, mas pode também estar avisando que pode atacar se o seu espaço for invadido. Cabe a experiência do veterinário e o relato do tutor sobre o comportamento do felino para compreensão da situação. Por isso que o conhecimento em comportamento felino é imprescindível para um bom atendimento clínico da espécie.”
Redação: Juliana Melo
Edição: Luana Lopes