Assim como os humanos, os cachorros também podem desenvolver um quadro de hiperadrenocorticismo. Também chamada de Síndrome de Cushing, a doença ocorre quando a hipófise, glândula responsável por produzir hormônios que regulam o funcionamento da parte endócrina do organismo, passa a não funcionar corretamente. O hiperadrenocorticismo atinge, principalmente, os cachorros idosos - os sintomas costumam ser confundidos com o envelhecimento natural dos animais. Sendo assim, é importante ficar atento a qualquer sinal de que algo não está bem com o cachorro. Para entender melhor o assunto, o Patas da Casa conversou com a veterinária Gabriela Teixeira, que contou tudo sobre o hiperadrenocorticismo em cães. Confira!
O que é hiperadrenocorticismo canino? Entenda as causas dessa doença endócrina
Apesar do nome difícil, o hiperadrenocorticismo canino é uma doença mais comum do que se imagina quando se trata da saúde dos cachorros. Segundo Gabriela, “o quadro é caracterizado pela produção ou administração excessiva de glicocorticoides e seus efeitos no organismo”. Por exemplo, no caso de um cão saudável, a glândula hipófise produz um hormônio chamado ACTH que estimula a glândula adrenal a desenvolver o glicocorticoide, que é o hormônio responsável pelo funcionamento de alguns sistemas do organismo do animal. Nesse sentido, qualquer problema na glândula adrenal pode resultar no aumento de produção do glicocorticoide, resultando no desequilíbrio da produção do ACTH e, consequentemente, no hiperadrenocorticismo.
Ainda de acordo com a veterinária, as causas da doença podem variar bastante. “O hiperadrenocorticismo pode surgir devido a administração contínua de corticoides sem pausas ou diminuição gradual, quando há algum distúrbio adrenal primário - como um tumor - e quando há secreção inapropriada de ACTH”, esclarece. Além disso, o hiperadrenocorticismo canino costuma atingir animais mais velhos, a partir dos 6 anos de vida. Por isso, quem tem um cachorrinho idoso em casa deve redobrar os cuidados e a atenção com o pet. Mas, é importante ressaltar que, cães jovens não estão livres de desenvolver a doença e também merecem um acompanhamento regular.
Algumas raças de cães são mais afetadas pelo hiperadrenocorticismo
Além da idade, existe outro fator que pode influenciar na predisposição do hiperadrenocorticismo canino: a raça do cachorro. Algumas raças são mais propensas a desenvolver a doença. No caso de produção inapropriada de ATCH, as raças mais atingidas são Poodle, Dachshund e Boston Terrier. Já no quadro de problemas nas glândulas adrenais, os cães da raça Yorkshire e Pastor Alemão são os mais afetados. Por fim, os animais da raça Labrador e Boxer costumam sofrer com o hiperadrenocorticismo devido à administração contra-indicada ou excessiva de glicocorticoides e outros medicamentos.
Sintomas do hiperadrenocorticismo em cães incluem ganho de peso e perda de pelos. Saiba mais!
Por se tratar de uma doença lenta, os primeiros sintomas clínicos do hiperadrenocorticismo em cães podem demorar meses ou até mesmo anos para serem notados. Por isso, embora os sinais da doença possam ser facilmente confundidos com velhice, é importante saber detalhadamente o que a anormalidade pode causar no seu amigo. De acordo com Gabriela, os sintomas mais comuns são:
• Aumento de apetite
• Sede excessiva e aumento do volume de urina
• Ganho de peso e aumento da região da barriga, resultando no abdômen distendido
• Aumento do tamanho do fígado
• Pele fina e elástica
• Fraqueza
Ainda assim, a veterinária alerta que o tutor deve considerar se as mudanças foram repentinas ou não. Ou seja, se o animal sempre teve algum comportamento desses, seja ligado a alguma patologia ou não, provavelmente não é um caso de hiperadrenocorticismo. Por isso, é importante observar os sinais do seu amigo e buscar a ajuda de um profissional.
Hiperadrenocorticismo canino: diagnóstico e tratamento são fundamentais para cuidar da saúde do seu amigo
A consulta com um médico veterinário é fundamental para determinar qual tipo de hiperadrenocorticismo o animal apresenta por meio de exames específicos. “Coleta de sangue, exames complementares e uma anamnese extensa podem ajudar a identificar a doença no animal e, principalmente, o que pode ter motivado o quadro”, explica Gabriela. Além destes, biópsias da pele em áreas que apresentam alterações, radiografias, ecografias e exames específicos para medir a concentração de cortisol no sangue também podem ser solicitados pelo médico.
Quanto ao tratamento, Gabriela adianta: o processo pode variar de acordo com a causa do hiperadrenocorticismo canino. “Se um tumor for encontrado, o ideal é optar por tratamento cirúrgico. Já nos casos causados por administração de corticoides exógenos, é provável que o veterinário recomende pausar a medicação”, explica. Tudo vai depender do quadro e das necessidades do seu cachorrinho. Por isso, é fundamental buscar a ajuda de veterinário de confiança para realizar todos os exames necessários e, assim, garantir que o seu cachorrinho vai receber o tratamento mais adequado.
Redação: Úrsula Gomes