A leptospirose canina é uma zoonose transmissível para humanos, que surge com uma bactéria presente na água e no solo. O rato é o animal hospedeiro e transmite a doença pela urina. A leptospirose se desenvolve rapidamente e pode comprometer toda a saúde do cachorro, como as funções renais e hepáticas, e até mesmo levá-lo à morte. Talvez você não saiba, mas existe cura para a doença e é possível reverter o quadro com o tratamento correto e o acompanhamento constante de um veterinário. Para entender melhor, o Patas da Casa conversou com o Maycon Faria de Barros, veterinário do Rio de Janeiro, que nos explicou sobre a leptospirose em cachorro. Quer saber mais sobre essa zoonose tão comum? Chega mais!
Leptospirose canina, transmissão humanos se dá pelo contato com as necessidades do animal
Essa zoonose é tão comum, que já existem mais de 250 sorovares (espécies de bactérias) da doença. A transmissão ocorre com uma bactéria chamada Leptospira sp, que está presente na água contaminada, no solo, em pântanos, lagos e na lama. Apesar de ser uma bactéria bem resistente e sobreviver a certas temperaturas, ela precisa de um hospedeiro para se reproduzir. Esse hospedeiro é o rato. Ele é o animal portador e transmissor da bactéria, que fica armazenada em seus rins (ele não sofre nenhum problema renal) e é eliminada na urina. O roedor pode transmitir a doença para cães e humanos, tanto pelo contato com a urina quanto diretamente com o animal, por mordidas e arranhaduras.
O contágio da doença para humanos e animais também pode ocorrer depois de um tempo em contato com água contaminada. Por isso que, em períodos de chuva, a incidência da doença é maior, pois o alto volume pode causar enxurradas, levando a água infectada para a área urbana - e, consequentemente, para o contato com humanos e animais.
Sintomas de leptospirose em cães: fique de olho!
É muito importante prestar atenção nos sintomas de leptospirose em cães. No começo da doença, os sinais são mais generalizados, já que são, na verdade, uma resposta a infecção. Por isso, para diagnosticar a doença, deve ser feito um exame de sangue e de urina. Os sintomas mais comuns são:
Em até dez dias, a doença já se desenvolve no corpo do animal e os sintomas mudam, se tornando mais pontuais. Então, se você perceber qualquer alteração, precisa levar o animal ao veterinário urgentemente. A doença progride rápido e o tratamento deve ser imediato, pois oferece riscos à vida do cachorro. Os sintomas nessa fase são:
Apatia;
Icterícia, com o amarelado aparecendo nas mucosas, gengivas, boca, barriga, e orelhas;
Fraqueza;
Lesões e hematomas na pele;
Urina com sangue.
Leptospirose em cachorro: o tratamento é feito por partes
O tratamento para leptospirose costuma ser o mesmo usado para tratar outras infecções, no caso o uso de antibióticos e terapia. Segundo o Doutor Maycon, além do tratamento da doença, é necessário observar se não houve danos nos órgãos do animal, para também tratar esses problemas.
“Existe também um tratamento suporte, que depende do dano que foi causado ao sistema orgânico do animal. Se no exame de sangue a gente detectar uma insuficiência renal, temos que tratar o déficit que o rim sofreu. Não necessariamente foi o mesmo dano da doença, por isso é importante o acompanhamento de um médico veterinário nesses casos. É importante também ter muito cuidado na manipulação do animal para não ter risco de infecção, e acabar infectando o proprietário.”, explica o veterinário.
A leptospirose tem cura, mas é necessário seguir o tratamento. A doença se desenvolve nos órgãos do cãozinho, como o baço, fígado, rins, olhos e genitais. Também pode comprometer o funcionamento do sistema nervoso central e da musculatura do animal. Estudos mostram que a doença se desenvolve, principalmente, no fígado e nos rins. No fígado, a bactéria causa problemas hepáticos e danos intestinais. Nos rins, pode levar o animal à uma condição de insuficiência renal, hemorragia interna e glomerulonefrite. “Quando ela é descoberta de forma precoce e o tratamento é efetivo e contínuo, conseguimos reverter o quadro”, diz Maycon.
Meu cachorro matou um rato, o que fazer?
Caso você repare uma mordida de rato em cachorro, ou perceba que o seu cão matou o roedor, ele deve ser encaminhado ao veterinário. O profissional precisa ser informado desse ato, pois existe tratamento profilático nesses casos, além de também ser utilizado antibiótico e terapia. É muito importante que o seu cachorro receba atendimento imediato nesses casos. Com o tratamento correto e o uso do profilático, a doença até pode não se desenvolver.
Leptospirose canina: saiba como se prevenir da doença
Cuidados com a higiene
Para se prevenir da doença, é importante manter o hábito de higiene pessoal, tanto sua quanto do seu animal de estimação. A água dos cachorros deve ser filtrada e transparente, sem nenhuma sujeira, e precisa ser trocada duas vezes ao dia. É importante também lavar os alimentos comprados no mercado e em feiras, antes de comer ou de oferecer ao seu animal, já que eles adoram verduras e legumes.
Ambientes sempre limpos
Em relação ao ambiente, para evitar qualquer possibilidade de surgimento da patologia, é importante lavar o chão ou quintal em áreas abertas após a chuva e manter o local onde fazem as necessidades sempre limpo e higienizado.
Evite o contato do cão com roedores
Evite o contato do seu cão com qualquer roedor de rua: os cães são animais carnívoros e podem morder ou tentar brincar com o animal. Também não deixe que ele entre em contato com urina, fezes e vômitos de outro cachorro com leptospirose, para que não haja a transmissão da doença. Caso você tenha um animal em casa que esteja com a doença, talvez seja melhor separá-lo do outro animal, para evitar qualquer contato.
Vacina protege o animal de alguns tipos de bactérias da leptospirose
Além de tudo isso, a vacina é um ponto fundamental para proteger o seu animal da leptospirose canina. A V8 ou V10 (aquela que o filhote precisa tomar algumas doses e é reforçada anualmente) possui sorotipos contra a ação da doença. Caso você more em áreas rurais ou regiões com muita incidência de roedores, vale conversar com o veterinário para que a imunização ocorra com um intervalo menor..
Redação: Júlia Cruz