A piometra em cadelas é uma doença silenciosa e desconhecida por grande parte dos donos de animais. Ela é uma infecção causada por bactérias no útero e pode até levar à morte do cachorro caso demore a ser diagnosticada e tratada. Ela pode acontecer a partir do primeiro cio da sua cachorra, mas é mais comum em animais que já chegaram à fase adulta. Para esclarecer algumas dúvidas sobre a piometra canina, nós conversamos com a médica veterinária Nayara Cristina, especializada em endocrinologia e metabologia em pequenos animais. Descubra mais sobre a condição aqui embaixo!
O que é piometra em cadelas?
“A piometra nada mais é que uma infecção uterina. Durante o período de cio da cadela, seu útero fica mais exposto e suscetível à contaminação por bactérias”, conta a veterinária Nayara. Ela explica que as alterações hormonais do organismo da cadela no cio faz aumentar a probabilidade de proliferação de bactérias no útero. Os níveis altos de progesterona após o ciclo são responsáveis pela transformação do ambiente intrauterino da cadela no ambiente perfeito para a ação das bactérias. Esses níveis são mais elevados em até três meses após o cio. “Dentro do útero, as bactérias passam a se alojar no endométrio, onde, devido ao estímulo hormonal, encontram o ambiente ideal para proliferação, desencadeando o processo de infecção”, explica. Quando elas atravessam a parede uterina e são transportadas para outras partes do corpo através da circulação, podem causar complicações sérias na saúde da sua amiga de quatro patas. Segundo Nayara, cadelas de qualquer idade podem passar por isso, mas é mais comum em adultas e idosas.
Quais são os sintomas da piometra canina?
A piometra canina é uma doença silenciosa no início. Os sintomas costumam começar a aparecer apenas dois meses depois do cio da cadela. Nayara conta quais são os sintomas da piometra em cadelas mais marcantes: “A cadela pode apresentar falta de apetite, fraqueza, dor e aumento de volume abdominal, vômito, presença de secreção vaginal (no caso da piometra aberta), febre, aumento no consumo de água e excesso de xixi”.
Piometra canina aberta x fechada: a diferença entre as duas apresentações da doença
A piometra canina pode se desenvolver de duas formas diferentes no útero das cadelas. A apresentação aberta da doença é a mais comum, em que o colo do útero permanece aberto, permitindo que a secreção com pus seja liberada. “Na piometra aberta, é possível observar a presença de uma secreção vaginal com pus. O tutor vai notar que o animal passa a lamber mais a região genital. Além disso, o local onde a fêmea se senta fica sujo”, explica a especialista. A piometra fechada, por sua vez, acontece quando a infecção causa nódulos que obstruem o colo do útero da cadela, o que gera o acúmulo de pus. Ela é bem mais séria e mais difícil de ser diagnosticada por conta do acúmulo de secreção no útero.
Como é feito o diagnóstico da piometra em cadelas?
Para os tutores, é mais simples identificar a necessidade de ir ao veterinário quando a cadela está com a piometra aberta, já que a secreção vaginal é identificada com facilidade. Ainda assim, a consulta é necessária assim que você reparar em qualquer um dos sintomas na sua cachorrinha. “Com as manifestações clínicas o veterinário deve solicitar a ultrassonografia abdominal para confirmar ou descartar o diagnóstico”, contou a veterinária. Ou seja: tudo começa através das mudanças de comportamento e sinais de que algo pode não estar muito bem com a sua cadela.
O tratamento da piometra em cadelas pode acontecer de duas formas diferentes
Depois de diagnosticada, a piometra canina deve ser imediatamente tratada para evitar complicações para a saúde e a qualidade de vida da cadela. Nayara explica quais são as opções de resolução desse problema: “O tratamento da piometra é a remoção cirúrgica de útero e ovário (ovariohisterectomia), e uso de antibióticos. É indicado a internação para acompanhamento da evolução do animal e também devem ser solicitados exames para controlar e monitorar a infecção”.
A melhor forma de combater a piometra em cadelas é com a prevenção
Mais uma vez por causa dos sintomas silenciosos, que, em alguns casos, são identificados e percebidos quando é tarde demais, a prevenção é a melhor forma de lidar com a piometra canina. Por não ser uma doença contagiosa, a solução aqui passa longe de ser uma vacina: “A castração é uma maneira de prevenir a piometra. Afinal, ao ter o útero removido, a cadela fica impossibilitada de desenvolver a doença, assim como a castração diminui o risco de diversos outros problemas ligados aos hormônios sexuais”, afirma a profissional.
Mesmo que a sua cadelinha já tenha passado pelos primeiros cios, ainda é válido apostar nessa solução. Converse com o seu veterinário sobre a possibilidade da cirurgia: provavelmente ele vai pedir alguns exames para verificar o estado de saúde da sua cachorra antes de indicar a castração, mas ela é sempre uma opção que garante maior qualidade de vida ao animal. Nayara ressalta ainda que outra forma de prevenir a piometra em cadelas, além da castração, é não usar anticoncepcionais.
Redação: Ariel Cristina Borges e Maria Luísa Pimenta