Ainda que os gatos sejam animais que passam praticamente toda a vida dentro de casa, eles não estão imunes a acidentes. Engasgo, intoxicação, envenenamento, convulsões ou atropelamento: em todos os casos, o tutor precisa de conhecimento para agir imediatamente. Pode ser difícil no momento de desespero, mas é essencial manter a calma para ajudar o seu amigo antes de correr para o veterinário mais próximo. Para te ajudar a se preparar para situações de emergência com o seu gatinho, o Patas da Casa preparou um guia completo de primeiros socorros com a ajuda do médico veterinário Frederico Lima. Confira!
Gato envenenado: fique de olho nos sinais mais comuns!
Se você desconfiar que o seu gatinho foi envenenado, é importante prestar atenção nos sintomas para ter certeza do que você vai repassar ao veterinário quando chegar na clínica. Os sintomas de um gato envenenado são esses:
- Tremores
- Convulsões
- Salivação intensa
- Dilatação da pupila
- Febre
- Falta de coordenação motora
- Vocalização (miados diferentes dos habituais)
No caso de gato envenenado, não é recomendado o uso de remédios caseiros e alimentos para cortar o efeito. “Não existe nenhum medicamento caseiro que possa cortar o efeito da reação de um gato intoxicado. Muitas pessoas têm hábito de introduzir leite, clara de ovo, e alguns outros alimentos nestas ocasiões, porém não há indicação nenhuma para que isso seja feito”, explica Frederico.
O que você deve fazer nessas horas, segundo o veterinário, é recolher o animal e levá-lo na emergência, pois ele deve precisar de medicações de suporte e fluidoterapia, que é hidratação do animal com uso do soro por via intravenosa. “Induzir o vômito pode ser importante nesses casos, porém não é muito seguro que isso seja feito pelo tutor”, acrescenta.
O que fazer no caso de gato intoxicado por alimentos proibidos?
Já sabemos que alguns alimentos, como cebola, uva, chocolate e abacate, são proibidos para animais, mas pode ocorrer do gatinho ter contato com algo que não pode ingerir. Acidentes acontecem! O gato intoxicado apresenta sintomas semelhantes ao de envenenamento. Caso perceba sintomas como tremores e salivação intensa, é importante não oferecer água ou forçar o vômito, pois isso pode agravar a situação. Leve-o ao veterinário, que saberá conter a reação de forma mais eficaz. É importante saber o que pode ter causado a intoxicação ou quando o animal começou a apresentar os sinais para relatar ao médico.
Gato engasgado: a Manobra de Hemlich pode ajudar
O ato de engasgar é desesperador para os gatos. Qualquer coisa que entre na boca dos felinos ou fique presa, pode deixá-los muito incomodados. Por isso, eles podem ficar agitados e estressados e, mesmo que o dono tente ajudar, pode acabar deixando o animal agressivo. Por isso, Frederico recomenda, antes de tudo, conter o felino de forma amigável, com o uso de uma toalha ou manta. Você também deve observar sinais que mostrem se o gato está engasgado e qual a gravidade da situação:
Dificuldade para respirar
Colocar a pata na boca repetidas vezes
Tossir
Salivar em excesso
Ficar cianótico (com a boca, a língua e a gengivas em um tom roxo)
“Caso o que esteja causando o engasgo for algum objeto linear, como linhas, cordões ou fitas e fitilhos, não é recomendável que se puxe este objeto, pois isso poderia ocasionar uma laceração grave tanto na boca quanto no esôfago”, explica o veterinário. Se você não conseguir remover o objeto que está engasgando o seu gato, você pode fazer a manobra de Hemlich para ajudar o seu animal a expelir o corpo estranho. Para isso, basta segurar o seu gato de costas para você, com as patas soltas e fazer uma pressão, comprimindo o corpo do animal abaixo do esterno, que é o osso do meio do peito. Após realizar a manobra, abra a boca do gato e veja se o objeto já pode ser removido. Repita o processo até conseguir. Caso não seja possível remover, o melhor é seguir para o veterinário imediatamente.
Convulsões em gatos precisam ser contidas para que o animal não se machuque ainda mais
Em um caso de convulsão, você precisa proteger o seu gatinho para que ele não se machuque: “A primeira coisa a ser feita é conter este felino com uma toalha, para que ele não bata a cabeça e se lesione. Deixar o gato deitado de lado pode ajudá-lo a não aspirar o vômito, caso vomite”, explica o veterinário. A não ser que o gato já tenha sido diagnosticado com epilepsia ou outros distúrbios que provoquem o sintoma e o médico veterinário já tenha dado as instruções do que fazer durante e depois de crises, o melhor é levá-lo em uma clínica para receber o atendimento adequado. É importante não oferecer nenhum alimento ou água para o gatinho nesse momento, tá bem?! Se ele ingerir qualquer coisa, pode ter episódios de vômito ainda piores.
Picada de abelha em gato só precisa de cuidados se o animal for alérgico
Você ainda não sabe se o seu bichano é alérgico e quando menos espera, ele é picado por uma abelha ou outro inseto. Nesse caso, você deve observar o seu gatinho para notar se ele vai ter alguma reação alérgica, que geralmente vem acompanhada sintomas como vermelhidão, batimentos acelerados e inchaço na região. Se nada disso acontecer, não precisa se preocupar. Mas se acontecer, Frederico recomenda que se faça uso de uma medicação injetável, que deve ser feita no consultório, preferencialmente por um veterinário de confiança e que já conheça seu gatinho. Depois disso, já é possível saber se o seu gatinho é ou não alérgico a alguns insetos, e com isso, pode pedir ao profissional que lhe indique medicamentos para essas situações.
Encontrou um gato atropelado? Transporte-o com cuidado para um lugar confortável
Depois de um acidente ou atropelamento de gato, é fundamental fazer o manejo correto do animal para não piorar mais ainda a situação. Dependendo do nível do acidente, pode ser que ele tenha fraturado membros ou a coluna (ou até mesmo que algum órgão tenha sido afetado). Com o máximo de cuidado, coloque o gato em um local confortável. Você pode usar algo que ajude a mantê-lo esticado, como um papelão ou uma toalha. Além disso, tenha cuidado com as reações do felino: por estar assustado ou com muita dor, ele pode ficar agressivo ou tentar fugir. Se o gato machucado estiver com algum sangramento mais forte, você pode tentar estancar o sangue com o uso de uma gaze ou pano limpo. Em seguida, vá ao veterinário mais próximo para que o gatinho seja atendido.
Parada cardiorrespiratória pode ser irreversível. Preste atenção nos sintomas e corra para o veterinário!
“Uma parada cardiorrespiratória pode ser irreversível. Até mesmo um veterinário experiente pode não conseguir resolver o problema no atendimento de emergência, mesmo assim o gato precisa ser levado a um atendimento de emergência com rapidez”, conta Frederico. “Muitos tutores questionam se é possível fazer respiração boca a boca, respondo sempre que sim, porém nunca é tão eficaz quanto em humanos”, finaliza.
Os sintomas de uma parada cardiorrespiratória são pontuais:
Respiração ofegante
Língua e gengivas escurecidas de coloração roxa
Desconforto respiratório
Espasmos
Fraqueza
Viu alguma dessas suspeitas no seu bichano? Mantenha a calma e o leve a clínica mais próxima para um atendimento de emergência.
Aprenda a reanimar um gato em caso de parada cardiorrespiratória!
Passo 1: Coloque o gato deitado de lado e verifique se o seu animal ainda está respirando. Mantenha o pescoço estendido e as patas para trás para facilitar a passagem de ar. Abra a boca do animal e observe se há algo obstruindo a passagem de ar pela garganta. Se houver algum líquido na boca do animal, vire a sua cabeça para baixo e aguarde que caia;
Passo 2: Prenda a boca do gato com a língua dentro, use a sua mão para mantê-la fechada. Após isso, sopre ar em suas narinas bem rápido, mas em pouca quantidade, pois o pulmão dos gatinhos é pequeno e ar em excesso pode acabar impedindo o pulmão de receber o necessário para o animal voltar a respirar. Abra a boca do animal para o ar sair. Dê um intervalo de 5 a 20 segundos antes de soprar novamente;
Passo 3: Verifique se o seu gato possui batimentos cardíacos. Não é a mesma coisa que verificar a respiração. Para ter certeza, tente identificar os batimentos na área do tórax ou pescoço. Se não conseguir nesses locais, tente na parte interna da coxa procurando pela artéria femoral;
Passo 4: Se ele não manifestar nenhuma reação, comece a fazer a compressão peitoral. Com os polegares ou dois dedos, pressione o peito do animal, atrás do cotovelo. Se precisar usar a mão, use em formato de concha, mas lembre-se que é um gato e não um cachorro: é um animal menor e o uso de muita força pode acabar quebrando algum osso da costela. Faça cerca de 12 compressões rapidamente e dê um intervalo de mais ou menos 10 segundos entre uma compressão e a respiração boca a boca. Se o animal não responder, continue insistindo na compressão seguida de respiração até chegar na emergência.
É importante repetir os procedimentos na tentativa de fazer o gato voltar a respirar. Não espere ele voltar para seguir ao veterinário e faça o procedimento no caminho mesmo. Essa é uma alternativa para ajudá-lo até a chegada na emergência.
Redação: Júlia Cruz