Por mais que a gente espere que uma emergência nunca aconteça com a saúde do nosso cãozinho, elas podem chegar em algum momento. Quando eles são atropelados, engasgam, ou têm uma convulsão, por exemplo, é normal que a ida ao veterinário seja necessária, mas o que fazer assim que o problema acontece? Prestar os primeiros socorros de maneira correta pode ser determinante para a situação de vida do seu amigo depois que a situação passar. Por isso, para ajudar a esclarecer dúvidas sobre como lidar com o cachorro nas situações de emergência mais comuns que podem acontecer, nós conversamos com as veterinárias Caroline Mouco Moretti, da clínica Vet Popular, e Renata Bloomfield. Dá uma olhada nas dicas que elas deram!
Cachorro engasgado: a manobra de Heimlich também serve para eles
Quando o animal tem alguma coisa na garganta obstruindo a passagem de ar e engasga, a primeira resposta para a dúvida de como desengasgar um cachorro é a manobra de Heimlich, do mesmo jeito que acontece com os humanos. Ou seja: você vai precisar aplicar pressão no abdômen dele para que o ar expulse o corpo estranho que estiver preso. “Quando o animal engasga, a manobra de Heimlich funciona muito bem. A gente só precisa tomar cuidado com a intensidade da pressão que vai ser feita no abdômen do animal porque, dependendo da raça, eles são menores do que a gente”, contou Renata. A melhor forma de fazer o procedimento é abraçando o cachorro por trás (ele deve estar em pé, com o dorso encostado no seu peito) e posicionando os braços embaixo das costelas dele. Assim você não corre riscos de quebrar os ossos do animal no processo.
O cachorro envenenado precisa de atendimento médico imediato
Identificar os sintomas de cachorro envenenado não é a coisa mais simples do mundo, já que eles vão variar de acordo com o que causou o problema. Por isso, o ideal é ficar atento: apatia, salivação, hematomas, perda de sangue pela narina ou fezes, tremores involuntários e convulsões podem acontecer quando ele é envenenado. “O envenenamento em cães pode ocorrer pela ingestão excessiva ou não recomendada de medicamentos, plantas tóxicas, chumbo, produtos de limpeza, produtos químicos, drogas ilícitas e outros”, conta Caroline.
Se você perceber alguns dos sintomas depois que o animal teve contato com algum desses itens, vá imediatamente ao veterinário. Quanto mais rápido for o atendimento, maiores são as chances de um controle efetivo dos sintomas e de um prognóstico mais favorável para o animal. “Acomodar o pet, permitir que ele tenha ventilação adequada, não estimular o vômito e não fornecer alimento, líquidos ou qualquer medicamento também são manejos que auxiliam na recuperação desse animal. Lembre-se que ele ingeriu algum elemento corrosivo ou com alta capacidade de envenenamento. Fazer este retornar seu caminho do estômago pelo esôfago e boca só vai agredir mais ainda esses órgãos. É importante não realizar nenhum procedimento sem o aval do médico veterinário de sua confiança”, instrui a profissional.
Cachorros que comeram abelhas e outros insetos só precisam de ajuda em caso de reação alérgica
O focinho inchado de um cachorro que teve um encontro com algum inseto com ferrão pode ser até bem fofo, mas caso ele tenha alergia à picada da abelha ou do marimbondo, por exemplo, vai precisar de ajuda do veterinário o quanto antes. “A glote do cachorro não fecha, mas a gente tem que tomar muito cuidado com as vias aéreas desse animal, porque o focinho fica inchado. Se for a primeira vez que isso acontece, você precisa ficar de olho para saber se ele é alérgico ou não. Com o animal que não é alérgico, vai ficar tudo bem: ele vai ter uma inflamaçãozinha pequena, mas nada demais”, conta Renata.
Se você notar que o local está inchado, o melhor é correr para o veterinário: “Ele vai fazer uma aplicação de antialérgico para resolver o problema. Para animais que você já sabe que têm alergia à picada de inseto, é interessante já ter uma medicação prescrita pelo seu veterinário para esse tipo de emergência: quando acontecer novamente, você já pode medicar o animal com segurança”.
Você pode ter um cachorro intoxicado depois do contato com alimentos aparentemente inofensivos
A intoxicação em cães é bem parecida com o envenenamento, mas pode ser ainda mais perigosa se você considerar que, geralmente, ela é causada por alimentos inofensivos para humanos. “O cachorro pode ser intoxicado com elementos comuns, como o chocolate, a uva, a cebola e o alho. Os sintomas variam de acordo com a quantidade ingerida e o que foi ingerido, podendo ser desde letargia, prostração, apatia e vômitos até agitação, tremores e convulsões”, explica Caroline.
Se você desconfiar que isso está acontecendo com o animal, vale colocar em prática as mesmas instruções feitas pela profissional no caso de envenenamento. É muito importante não oferecer remédio caseiro para intoxicação de cachorro sem prescrição médica: “não ofereça alimentos ou água, não force o vômito e nem medique o animal por conta própria. Mantenha o animal protegido, com a temperatura adequada e siga para a emergência veterinária mais próxima”.
Convulsão em cães: mantenha o animal confortável e vá para o veterinário imediatamente
A convulsão em cães pode ser causada por uma série de doenças e condições no organismo do animal. Quando ela acontece, você só não vai ao veterinário se ele já for epilético e tiver uma recomendação prévia do seu profissional de confiança sobre o que fazer nesses momentos. Na hora dos tremores, o melhor a fazer é deixá-lo confortável: “Quando o animal começa a ter uma convulsão geral, o ideal é que você tire de perto as coisas que podem machucá-lo durante os tremores. Também é necessário segurar a cabeça dele bem firme para que ele não jogue nem para cima, nem para trás. Não coloque a mão na boca, não precisa colocar nada na boca dessa animal por causa da língua que pode enrolar. Você, na verdade, vai dar um conforto a ele nesse momento porque durante o ataque epilético não há muito o que fazer: é só esperar passar”, contou Renata. O cachorro com convulsão pode morrer apenas se não receber esse cuidado correto na hora da crise.
Esse cuidado deve acontecer, também, depois da convulsão: “Ao final, eles podem fazer xixi, cocô ou golfar. Em alguns casos, ele pode agredir alguém antes ou depois da epilepsia — essa agressão é causada pelo fato de que o animal fica desnorteado durante a convulsão, não é por maldade. Quando voltam, às vezes, eles também podem não reconhecer o lugar onde estão ou as pessoas, então você tem que tomar cuidado com isso e dar um amparo para o animal até tudo voltar ao normal”, explica a profissional.
Como reanimar um filhote de cachorro e animais adultos
A reanimação cardiopulmonar pode ser necessária em casos extremos e, saber o que fazer nesse momento pode significar vida ou morte para o seu amigo. Você vai precisar agir no caminho até a emergência veterinária. Por isso, a primeira dica que a Renata deu para esse processo é se manter calmo: a tranquilidade é necessária para que você consiga fazer tudo do jeito certo e sem machucar o animal. Dá uma olhada nas outras instruções dadas pela profissional:
1º passo - Veja se o animal está respirando: “verifique se o tórax do animal está mexendo e coloque o dorso da mão bem no narizinho dele para sentir se tem saída de ar. Para verificar os batimentos cardíacos, você pode colocar o indicador ou o dedo do meio onde ficaria o pulso desse animal, bem abaixo da última almofadinha das patas dele. Observe se as batidas estão em sincronia com os movimentos do peito”.
2º passo - Verifique se há algo obstruindo as vias aéreas do animal: “Não vai adiantar nada se esforçar para estimular a circulação sanguínea se esse animal não consegue respirar e tem alguma coisa impedindo a passagem de ar”, contou Renata. Se encontrar algum corpo estranho na garganta dele, retire com cuidado.
3º passo - Respiração mecânica: “Com as vias aéreas livres, coloque o animal deitado de barriga para cima, ajeite a língua na boca dele, feche a boquinha e assopre as narinas com intensidade suficiente para chegar até os pulmões. Depois disso, relaxe um pouco a boca para o ar sair. Repita isso a cada dois ou três segundos, de forma comedida para não danificar o pulmão se for filhote, até o animal voltar ou você chegar no atendimento”.
4º passo - Compressão peitoral: “A compressão peitoral deve acontecer se ele não voltar só com a respiração. A cada 10 ou 12 compressões, volte para a respiração artificial. Coloque o cachorro de lado e puxe para trás o bracinho dele. Com a palma da mão, faça pressão na direção em que ficar o cotovelo dele: ela deve ser suficiente para chegar no coração e ajudar o órgão a bombear sangue até a respiração mecânica. A cada um ou dois minutos, verifique se o animal está respirando sozinho. Se não estiver, continue com as compressões até chegar ao hospital. Para cães maiores, você pode colocar a mão direita em cima da esquerda no peito dele e fazer pressão com as duas, mas em todos os casos é necessário ter cuidado para não quebrar uma costela”.
O cachorro atropelado também precisa de atendimento médico imediato
Depois que o animal é vítima de um acidente de carro, o que você precisa saber é a melhor forma de manipular o corpo dele para que o quadro não se agrave até a chegada ao veterinário. “Bloqueie o trânsito para que mais acidentes não aconteçam e, depois disso, verifique se o animal está com os sinais vitais ativos. Depois disso, você vai precisar movimentá-lo com muito cuidado: caso tenha um papelão rígido, uma toalha ou algo que mantenha o animal esticado ao alcance, pode ser mais simples de fazer o transporte sem causar mais traumas. Coloque o pet no assoalho do carro para ir até a emergência e tente estancar qualquer sangramento ativo que estiver acontecendo”, explicou Caroline. Mesmo que o cachorro pareça bem depois do atropelamento, ele deve ser examinado imediatamente: o veterinário vai fazer exames como a ultrassonografia e a radiografia para assegurar de que está tudo bem internamente com o animal.
Redação: Ariel Cristina Borges