A ração para cachorro é a principal base da alimentação dos pets. Ela contém todos os nutrientes que o animal precisa para se manter forte e saudável, principalmente se for de uma boa qualidade. Uma das possibilidades para cuidar da dieta dos peludos é, ao invés de comprar um saco de ração fechado, adquirir a ração a granel, que é uma versão fracionada e vendida a quilo. O grande problema é que o produto é mantido fora da embalagem original, e isso levanta muitas dúvidas.
Afinal, será que compensa apostar na ração a granel só por causa do baixo custo? Quais cuidados devem ser tomados nessas horas? Para entender melhor as indicações desse tipo de alimento para cachorro, o Patas da Casa conversou com o médico veterinário Lucas Oliveira, que esclareceu tudo sobre o assunto.
O que é a ração a granel?
“As rações a granel são aquelas vendidas soltas e pesadas de acordo com a quantidade que o cliente deseja. Ganharam popularidade nos últimos anos devido ao seu custo ser mais baixo e pela flexibilidade no momento da compra, atraindo diversos tipos de consumidores”, explica Lucas. Ao mesmo tempo, o veterinário alerta que é importante tomar alguns cuidados ao adquirir esse tipo de produto.
Mas afinal, é permitida a venda de ração a granel? A venda de qualquer produto alimentício fora da embalagem original, como é o caso da ração a granel, só é possível em estabelecimentos registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Armazenamento inadequado da ração a granel é o grande perigo
O maior problema desse tipo de produto não é nem a ração a granel em si, mas a maneira como é feito o armazenamento de ração. É o que o veterinário destaca: “Por ser comercializada de forma fracionada, fora da embalagem original do produto, esse tipo de alimento fica mais exposto aos fatores ambientais, como luz, contato com o ar, oscilação de temperatura, e umidade.”
Por conta dessa exposição a tantos fatores externos, esse tipo de ração para cachorros acaba perdendo a qualidade. “Se [esses alimentos] não forem devidamente armazenados, podem sofrer desde alterações sensoriais, (como perda de textura, sabor e odor), até alterações na composição, como a perda de algumas vitaminas que são fotossensíveis (se degradam quando expostas a luz do ambiente).”
Além disso, Lucas também alerta que problemas no armazenamento de ração para cães também podem levar a proliferação de fungos, bactérias e pragas urbanas, como larvas e carunchos, que são atraídos devido à alta palatabilidade desses alimentos.
O que o consumo da ração a granel pode causar?
Conforme o especialista destaca, de modo geral, a ração a granel não tem contraindicações. O importante mesmo é garantir que a ração para cachorro filhote, adulto ou idoso seja armazenada corretamente. Ou seja, sem exposição à luz, calor, umidade e pragas urbanas.
“Um alimento mal armazenado ou exposto por muito tempo, ainda que pareça fresco, pode estar contaminado com bactérias e fungos que prejudicam a saúde do animal. Por exemplo, alguns fungos produzem toxinas, chamadas de micotoxinas, que podem causar alterações gastrointestinais, neurológicas e hepáticas”, esclarece.
Além disso, o médico veterinário também conta que a ração para cachorro que fica muito tempo exposta também pode perder nutrientes, principalmente teores de vitaminas, “devido a degradação das vitaminas sensíveis a luz, o que pode levar a uma deficiência nutricional no pet”. Por outro lado, isso não acontece com produtos que são mantidos na embalagem original.
Como deve ser o armazenamento de ração para cachorro?
De acordo com o veterinário, o melhor armazenador de ração é a própria embalagem onde o alimento vem. “São [embalagens] desenvolvidas com uma tecnologia que isola o produto da luz e umidade, além terem uma válvula desenvolvida para permitir a saída do ar interno da embalagem sem deixar insetos e pragas entrarem.”
Ainda assim, ele alerta que alguns tomados devem ser tomados, como:
- Não deixar a embalagem aberta;
- Não deixar a embalagem em contato direto com o chão;
- Não deixar a embalagem exposta ao sol/locais muito quentes ou próxima a locais úmidos.
“Outro erro comum é comprar uma quantidade de alimento muito grande, que levará muito tempo para ser consumida. Alguns tutores, por exemplo, acabam comprando sacos de 15 kg ou 20 kg para um cão de porte pequeno. Esse tempo em excesso até que o produto seja completamente consumido, além de reduzir o seu frescor, predispõe a contaminação do alimento”, comenta.
Para quem se pergunta se pode tirar a ração do saco, a resposta depende. O ideal é que o alimento seja mantido na embalagem original pelos motivos já mencionados, mas há quem prefira apostar em um pote para armazenar ração. Nesse caso, o ideal é que o pote seja hermético e bem vedado. Além disso, também é importante que o pote seja opaco e não transparente, de modo que não permita a entrada de luz.
E qual a melhor ração para cachorro?
Em questão de qualidade, a melhor ração para cachorro é a ração super premium. É o que Lucas explica: “[ela] contém ingredientes de qualidade superior, são mais palatáveis, mais digestíveis (o que consequentemente reduz o volume de fezes), além de terem mais tecnologia agregada. Justamente, por isso, possuem um custo mais alto.”
Para quem pensa em adquirir esse tipo de produto, que é relativamente mais caro, o formato da ração a granel pode parecer interessante pelo baixo custo. Embora o ideal seja garantir o produto na embalagem original lacrada, as dicas do veterinário são: “Em caso de adquirir o produto a granel, se atente ao local onde o produto é armazenado e pergunte ao vendedor da loja sobre o local onde as rações são estocadas e o tempo que o produto está exposto na graneleira.”