Você já cruzou por aí com uma raça de cachorro gigante? Ver um de perto pode até assustar - afinal, eles não passam despercebidos -, mas a verdade é que os cachorros grandes, na maioria das vezes, são dóceis e amigáveis, às vezes até bobões para o tamanho. O Dogue Alemão, que ficou mundialmente conhecido por causa do personagem Scooby Doo, e o Mastiff Inglês são dois exemplos de raças gigantes. Eles podem surpreender com a convivência tranquila e divertida. Ter um cachorro gigante, porém, requer cuidados redobrados com a alimentação, nível de exercícios físicos e espaço para criação.
Para entender melhor como funciona a rotina dos cachorros gigantes e qual é a melhor forma de cuidar deles, o Patas da Casa conversou com dois tutores que já estão mais do que acostumados com esses grandes cãezinhos.
Passear com cachorro: como gastar a energia de um pet gigante?
Isso é uma questão que vai depender muito da raça de cachorro gigante e de outros fatores, como a idade e as condições de saúde do animal. Nem sempre um cãozinho grande é mais agitado e precisa de muitas horas de passeio (na verdade, alguns cachorros pequenos até têm mais energia que os grandes). Esse é o caso do Brutus e da Troia (@brutus_troia ), os cães Mastiff do Pedro Melo. Eles não necessitam de passeios longos, já que eles são bem tranquilos no dia a dia: “Se o local onde eles moram for grande, não há necessidade de passear, pois o prazer deles está em fazer a ronda na casa. Caso o espaço seja pequeno, um passeio de 20 minutos já é suficiente para o animal fazer suas necessidades”.
Já o Boi (@chico_boizinho ), que é o Dogue Alemão da Nathalia Breder, costumava passear seis vezes por dia quando era filhote. Agora, já adulto, ele sai de casa ainda seis vezes, mas só para fazer xixi e voltar. “Passeio longo mesmo só pela manhã e à noite, com cerca de 1 hora de duração cada”, conta a tutora. Hoje com 3 anos e meio de idade, o Boi pesa 78kg - distribuídos em 97 centímetros de altura.
Sair de casa com uma raça de cachorro gigante tem vantagens e desvantagens
Qualquer pessoa que não convive com um cachorro gigante pode imaginar uma cena desastrosa durante os passeios na rua, mas nem sempre é assim. Com a socialização correta e treinos de obediência e controle (que é indicado para qualquer cachorro, independente do tamanho), é super possível fazer um passeio tranquilo com um cãozinho grandão.
No caso de Pedro, passear com os Mastiffs é bem tranquilo. O único cuidado, porém, é evitar o contato com cães que Brutus e Troia não conhecem. Com o Boi, a situação é um pouco diferente. Por ser um cachorro gigante e que chama muita atenção por onde passa, Nathalia conta que sair na rua pode ser desesperador, mas não por causa do Boi, e sim pelas pessoas que encontra no passeio. “Todos vão em cima dele, querem abraçar, tirar foto, pedem para fazer carinho”. Além disso, ainda tem outros fatores que dificultam as saídas: “Ele não cabe em qualquer carro e nem dá para ir em qualquer lugar com ele. Alguns shoppings aceitam, outros não. Não cabe na mesa da clínica veterinária, nem dentro dos tanques de banho e tosa. Tive que trocar de carro para que ele coubesse durante as viagens e passeios.”
Alimentação do cachorro gigante precisa de um cuidado especial
Os cães têm necessidades nutricionais distintas que variam de acordo com o porte, raça e idade. No caso do Boi, Nathalia, que também é médica veterinária, explica: “O Dogue Alemão tem uma necessidade calórica muito maior que os outros cães. Quando é filhote tem um gasto calórico que pode chegar a 8 mil calorias por dia, e adulto a 6 mil calorias por dia. Isso quer dizer que ele come de 1.500kg a 2.500kg por dia de uma ração de alto padrão (super premium). São sensíveis para comer grandes volumes, não conseguem. A maioria tem paladar exigente, então enjoam da ração com frequência. O Boi come por mês 60kg de ração super premium + 15kg de comida + 10kg de carne e ossos.”
Por ter necessidades bem específicas, é importante sempre buscar o auxílio de um veterinário para entender como alimentar um cachorro gigante. Esse cuidado é essencial para não faltar nutrientes ou exagerar na quantidade de comida. Na hora de escolher a ração de cachorro mais adequada, o tutor precisa se atentar às características específicas do cachorro, pois cada tipo (determinados pela idade e tamanho) tem uma distribuição diferente de nutrientes.
E na hora de dormir, como oferecer conforto para os cachorros gigantes?
Todo cachorro precisa de um lugar adequado para descansar, e com uma raça gigante isso não é diferente. Segundo Pedro, os cães Brutus e Troia dificilmente dormem o tempo todo no mesmo cantinho. “Eles gostam de fazer um rodízio de lugares durante a noite, e também gostam de dormir agarradinhos entre eles”. Pelo tamanho desses grandões, dormir na cama dos donos definitivamente não é uma opção.
O Boi tem opção de sobra na hora dos cochilos. “Ele tem um quarto no quintal com uma cama box de solteiro, e tem um colchão de solteiro dentro de casa. Ele passa a maior parte do tempo nesse colchão, porque eles têm a necessidade de estarem grudados nos donos o tempo todo", revela. Entre os cochilos, o Dogue Alemão gosta de correr e brincar. Por conta disso, é essencial ter uma casa adequada para o porte gigante, como destaca Nathalia. "O Dogue Alemão ocupa muito espaço, mas ao mesmo tempo são cães tranquilos, carentes e fiéis.” Ou seja, o que tem de tamanho tem de amor para dar, né?!
A convivência com um cachorro gigante é marcada por muito companheirismo
Segundo Nathalia, o Dogue Alemão é uma raça que consegue viver bem com todos e está disponível para qualquer coisa o tempo todo. “São tranquilos com crianças, mas precisam correr e brincar todos os dias. Aceitam carinho das pessoas na rua, mas são ciumentos com os donos, possessivos e defendem a casa”, revela. Os Mastiffs do Pedro não são muito diferentes: eles são amáveis com a família, muito carinhosos e protetores. “Eles gostam de ficar perto sempre que possível. Dormem bastante, mas sempre estão em alerta para algo estranho”, conta o tutor.
Cachorros gigantes: como deve ser o espaço para a criação desses cães?
Para Nathalia, é fundamental ter espaço em casa, porque embora o Boi seja um cachorro gigante tranquilo, ele tem picos de energia que um apartamento tradicional não dá conta. “Eu morava em um apartamento e precisei mudar quando ele fez cinco meses. Com o espaço adequado eles se desenvolvem, melhoram a articulação e têm uma vida mais saudável”.
Além disso, o tutor Pedro também acrescenta: “Como são grandes, é interessante que eles não tenham acesso a escadas e pisos lisos, como azulejos, que são escorregadios e podem causar quedas. Piso de cimento ou grama são os mais indicados. Também é interessante que eles tenham uma área de pelo menos 20 m² para fazerem suas necessidades, afinal o cocô e o xixi são proporcionais ao tamanho deles”.
Redação: Juliana Melo e Hyago Bandeira