Ter um gatinho não é só diversão: é preciso também saber cuidar da saúde do animal. Alguns problemas podem surgir quando menos se espera, e cabe ao tutor saber como identificá-los e o que fazer nesses momentos. É provável que você nunca tenha ouvido falar do complexo gengivite-estomatite felina (também chamado de gengivite-estomatite-faringite felino), não é mesmo? Não confunda com a estomatite em gatos: esse problema, na verdade, trata-se de uma inflamação oral que pode atingir a boca dos felinos, e que precisa de cuidados específicos. Para esclarecer as principais dúvidas sobre a doença, o Patas da Casa conversou com a médica veterinária Mariana Lage-Marques , que é especialista em odontologia pela USP e atende no Centro Veterinário Pet Place . Veja só o que ela nos contou!
Complexo gengivite-estomatite felina: o que é e quais as causas do problema?
Atualmente conhecida como gengivo-estomatite felina, esse complexo se refere a uma doença crônica que causa um processo inflamatório grave na região da gengiva e orofaringe do animal, segundo a profissional. A orofaringe, por sua vez, se localiza perto das amígdalas na boca de gato.
Já sobre as causas, Mariana explica: “Trata-se de uma doença multifatorial, ou seja, que pode ser desencadeada por vários fatores”. De uma maneira geral, pode-se dizer que esta é uma reação da boca à presença das bactérias que ficam na superfície do dente. No entanto, a veterinária alerta que o animal também pode apresentar predisposição por conta de alguns fatores etiológicos virais, como calicivírus, herpes vírus, além de FIV e FeLV. “Pacientes que são positivos para algum desses vírus também são mais predispostos a desenvolverem o complexo gengivo-estomatite felina”.
Gato doente: fique de olho nos sintomas do complexo gengivo-estomatite felina
Para identificar esse tipo de doença na boca de gato, o tutor deve se atentar aos seguintes sinais: “Dor, dificuldade de apreensão do alimento, sangramento oral, saliva espessa e grossa e halitose”, conta a veterinária. Esses são os principais sintomas da inflamação, sendo que a halitose se caracteriza pelo cheiro ruim na boca de gato (mau hálito). Ao perceber alguma dessas alterações na saúde oral do seu amigo, é necessário procurar o auxílio de um médico veterinário, de preferência especializado em odontologia, para receber o diagnóstico correto.
Que tratamentos são indicados para o complexo gengivo-estomatite felina?
De acordo com a veterinária, existem pelo menos dois tipos de tratamento para esse quadro: o conservador e o cirúrgico. No caso do tratamento conservador, existem algumas medicações que podem ser associadas à limpeza dos dentes, onde o profissional de odontologia veterinária faz a remoção da carga bacteriana e do tártaro, além da extração dos dentes comprometidos. Os medicamentos utilizados geralmente são anti inflamatórios, imunossupressores e antibióticos.
Já na opção cirúrgica, é feita a retirada do excesso de tecido inflamatório associado com a extração dos dentes. “A extração dentária tende a melhorar de forma significativa o processo inflamatório. As chances de melhora são de até 60% nos pacientes que fazem a extração dos dentes. Inicialmente, extraímos dos caninos para trás, e se for necessário, depois extraímos também os caninos e incisivos”. Ainda assim, a veterinária alerta que esse tipo de inflamação tende a ter grande dificuldade de resolução, mesmo com tratamento.
Boca de gato: cuidar da saúde oral do animal pode ajudar na prevenção
Como não se sabe exatamente qual é a causa da doença, uma vez que ela é multifatorial, não é possível estabelecer um método de prevenção que seja totalmente eficaz. Contudo, a médica veterinária chama a atenção para um cuidado que pode ajudar bastante nesse momento: manter a saúde oral do gatinho em dia. Mas então, como fazer isso? “Realizando a escovação dentária e utilizando alguns artifícios para que o animal se adapte mais facilmente ao processo de escovar os dentes sem que isso se torne um estresse. A limpeza oral, diminuindo a inflamação e a doença periodontal, e isso por si só já ajuda”. Para facilitar essa adaptação, o tutor pode oferecer recompensas para o bichinho como tentativa de educar o pet nesse momento. Pode ser com carinho ou até mesmo levando o brinquedo preferido do pet para distraí-lo.
Redação: Juliana Melo