As doenças respiratórias em gatos não devem ser ignoradas. Muitas vezes os sinais clínicos que vêm acompanhados dessas enfermidades são associados a uma simples gripe, mas será que é isso mesmo? O complexo respiratório felino é um quadro muito comum que precisa de atenção e, por isso, é fundamental ficar atento aos principais sintomas da doença para buscar ajuda profissional. Para tirar as principais dúvidas sobre o assunto, o Patas da Casa conversou com a médica veterinária Francine Kirsch, que é especializada em atendimento de felinos. Veja o que ela explicou!
Complexo respiratório felino: o que é e como ocorre a transmissão?
Segundo a especialista, o problema de saúde pode ser caracterizado como um conjunto de afecções clínicas causadas principalmente pelos vírus Herpesvírus felino e Calicivírus felino. Contudo, pode haver presença de bactérias também: “As bactérias Chlamidia felis, Mycoplasma sp. e Bordetella bronchiseptica muitas vezes estão presentes como oportunistas, agravando o quadro clínico”. Trata-se de uma doença bastante comum, representando 80% das manifestações do trato respiratório em gatos, de acordo com a médica.
A transmissão do complexo respiratório felino ocorre por meio do contato com secreções nasais, oculares e orais. “Gatinhos neonatos se contaminam pelo contato materno, não havendo transmissão transplacentária. Vale ressaltar que a manifestação principal é em filhotes de gatos, devido à imunossupressão natural e em aglomerações de felinos por causa do maior risco de transmissão entre os animais e o estresse - fatores que reativam o herpesvírus, perpetuando e mantendo o micro-organismo no ambiente”, alerta a veterinária Francine.
Quais os principais sintomas do complexo respiratório felino?
Como já foi dito, muitos associam esse problema de saúde à uma gripe, o que acontece principalmente por causa da semelhança de alguns sintomas, como espirros, secreções nasais e oculares, tosse e prostração. Além disso, outros sinais que podem indicar o complexo respiratório felino são:
• Febre
• Anorexia (gatos que não conseguem sentir o cheiro da comida não comem)
• Úlceras orais
• Hipersalivação
“Esses sinais clínicos podem ser brandos ou até muito graves, podendo levar o animal ao óbito, principalmente gatinhos filhotes”, revela a veterinária. Além disso, também existem algumas diferenças entre o complexo respiratório viral felino e o bacteriano. “Geralmente quando o quadro é só viral ocorrem espirros e secreções nasais e oculares serosas de cor clara. Quando as bactérias estão envolvidas, podemos observar febre, secreções mucopurulentas, ausculta pulmonar carregada e conjuntivite”.
Complexo respiratório felino: tratamento é baseado nos sinais clínicos
Assim como qualquer outra enfermidade, o indicado é levar o animal no veterinário se suspeitar do complexo respiratório para receber o diagnóstico correto. Conforme Francine explica, na maioria das vezes o profissional consegue chegar a uma conclusão com base nas manifestações clínicas e no histórico do gato - exames específicos podem ser pedidos para confirmar as suspeitas. “O tratamento é realizado de acordo com os sinais clínicos que o paciente apresenta, sendo que os antivirais, antibióticos, mucolíticos, expectorantes e colírios são as medicações mais utilizadas”, afirma a veterinária.
Saiba como prevenir o complexo respiratório felino
Alguns métodos preventivos podem ser adotados para diminuir as chances do gato desenvolver a doença ou de manifestar sinais clínicos, em caso de animais que já foram infectados. “Após a contaminação, que pode ocorrer já no nascimento, as vacinas para gatos não impedem a infecção, mas melhoram a imunidade, diminuem os sinais clínicos e a transmissão para outros gatos, então a vacinação é essencial também nesses casos”, explica Francine. Além disso, outras dicas da veterinária são evitar aglomerações de felinos e separar os animais doentes dos saudáveis, além da higiene diária para eliminar o vírus do ambiente. “Outro cuidado importante com os gatos infectados é evitar o estresse, pois isso auxilia o gato que já tem o vírus a não manifestar a doença”, acrescenta.
Redação: Juliana Melo