Encontrar um gato com problema renal não é bem uma surpresa para a maioria dos tutores, mas alguns quadros - como a doença renal crônica - precisam de atenção especial. Conforme evolui, esse tipo de doença pode acabar desencadeando algo ainda mais grave, conhecido como insuficiência renal em gatos. Na prática, os rins param de funcionar como deveriam e o paciente se torna dependente da hemodiálise (caso contrário, pode vir a óbito).
Mas o que é exatamente a doença renal crônica? Estágios da doença são perceptíveis, ou essa é uma doença silenciosa? Existe tratamento? O gato é capaz de se recuperar totalmente do problema? Para entender melhor do que se trata esse tipo de doença renal felina, o Patas da Casa reuniu tudo que você precisa saber sobre o assunto.
O que é a doença renal crônica?
Antigamente, designava-se como insuficiência renal em gatos qualquer lesão às células renais que comprometesse o funcionamento do órgão. Hoje, não é mais assim. O termo certo para se referir a essas lesões é doença renal crônica. A longo prazo, a doença até pode evoluir para um quadro de insuficiência renal, mas com o tratamento certo é possível controlar e amenizar a progressão do quadro.
A doença renal crônica em gatos - também chamada de DRC - se refere a alterações estruturais nos rins. Elas podem ser de origem congênita ou adquiridas ao longo da vida, e geralmente são lesões que impedem que os rins exerçam suas funções adequadamente. Essas lesões afetam diretamente os néfrons, que são pequenas estruturas responsáveis pela produção de urina.
Vale lembrar que quando falamos da anatomia felina, o rim é o órgão responsável por filtrar o sangue e remover várias toxinas presentes no organismo, como uréia, creatinina e ácido úrico. Ou seja, ele é fundamental para garantir o bom funcionamento do corpo como um todo. Assim, quando ocorre a doença renal crônica em gatos, todo o organismo do animal fica comprometido se não houver o devido tratamento.
Doença renal crônica em gatos: por que os felinos são mais suscetíveis ao problema?
Os néfrons, responsáveis pela produção de urina, existem em menor quantidade no organismo felino. Enquanto um cachorro possui cerca de 400 mil néfrons, os gatos possuem apenas 200 mil. Embora a capacidade de filtração seja muito melhor nos gatos, quando uma célula morre ou é danificada, exige mais esforço das outras células para cumprir a função da que morreu. Como são poucas células, a doença renal em gatos acaba afetando muito mais os felinos do que os animais de outras espécies.
Outra explicação para isso deve-se à origem desértica desses animais. Os gatos, historicamente, vêm de ambientes onde quase não existia oferta de água, então eles se hidratavam, basicamente, por meio da alimentação. Essa baixa ingestão de água é outro fator que contribui com o desenvolvimento da doença renal crônica e outros quadros renais em gatos.
Quais as causas da doença renal crônica em gatos?
A doença renal felina pode ser congênita - isto é, o animal nasce com ela - ou adquirida. Quando falamos de quadros congênitos, a causa geralmente é genética e hereditária, ou seja, passada de pai para filho. Nesse caso, a alteração renal pode acontecer porque os rins têm tamanhos diferentes ou porque não foram desenvolvidos do jeito certo. Em gatos Persas e Exóticos, também pode haver a doença renal policística, caracterizada pela presença de múltiplos cistos dentro dos rins.
Já quando falamos da doença renal crônica em gatos de forma adquirida, as causas são inúmeras. A mais comum é a velhice. Quando temos um gato idoso, as chances de ele sofrer com problemas renais são muito altas porque, conforme as células envelhecem, elas deixam de funcionar adequadamente. Também existem outras possibilidades além da idade, como hipertensão, medicação em doses erradas e pré-existência de outros problemas renais, como cálculo renal em gatos. Além disso, algumas doenças bacterianas favorecem o quadro, como FIV, FeLV e pancreatite.
7 sintomas de doença renal crônica para ficar de olho
Mesmo que os gatos sejam bons em disfarçar qualquer problema, os sintomas de doença renal crônica não passam despercebidos. Mudanças tanto comportamentais quanto fisiológicas são comuns, como:
- Aumento repentino da ingestão de água;
- Aumento da frequência de micção;
- Xixi de gato com coloração bem clara;
- Diminuição do apetite;
- Gato vomitando;
- Hálito urêmico (forte cheiro de acetona devido ao nível de ureia alto);
- Apatia.
O diagnóstico de doença renal em gatos deve ser feito por um especialista
Ao detectar um ou mais sintomas que possam indicar um quadro de doença renal crônica em felinos, não deixe de levar o gato ao veterinário. Por mais que as consultas sejam estressantes para o pet, somente um especialista poderá avaliar e diagnosticar corretamente a condição do seu amigo.
Normalmente, o diagnóstico é feito com base em exames clínicos, histórico do paciente, exame de urina e exame de imagem. Em raças que são predispostas a doença renal, o ideal é realizar um ultrassom logo nos primeiros anos de vida do animal para analisar o tamanho dos rins e tentar diagnosticar qualquer alteração estrutural precocemente.
Existem tratamentos para doença renal crônica?
Não é possível alcançar a cura completa da doença renal crônica em gatos. Tratamento consiste, basicamente, em controlar a evolução do quadro. A fluidoterapia em gatos renais muitas vezes é uma opção recomendada para aumentar o nível de hidratação do paciente. Além disso, pode ser necessário o uso de medicamentos específicos, além de nutracêuticos, vitaminas e ômega 3. Tudo isso deve ser previamente indicado por um especialista, e a automedicação é totalmente contraindicada.
Um dos principais cuidados com um gato renal é que esse animal vai precisar do acompanhamento de um veterinário nefrologista para o resto da vida. Dependendo da gravidade do quadro, o ideal é que as consultas aconteçam pelo menos a cada quatro meses. Além dos medicamentos passados pelo veterinário, é importante fazer uma mudança na dieta para gatos com doença renal crônica.
A ração renal para gatos possui níveis ajustados de proteína, sódio e fósforo e é a melhor opção para cuidar de um animal que foi diagnosticado com a doença. Ela ajuda a evitar a progressão da lesão nos rins e melhora a qualidade de vida do pet. Mas lembre-se: a troca da ração deve ser feita de forma gradual para que o bichano se acostume aos poucos com o novo alimento sem rejeitá-lo completamente.
3 formas de prevenir a doença renal felina
1) Alimentação balanceada. Na hora de escolher a ração para gato, a dica é apostar em versões premium ou super premium. Esses alimentos costumam ter uma qualidade superior, saciam melhor a fome e são mais nutritivos. Ou seja, são a melhor opção para cuidar da saúde felina e manter seu gatinho bem forte e protegido contra várias doenças.
2) Incentivar a hidratação dos gatos. Mesmo sabendo que é da natureza deles beber menos água, os tutores devem sempre buscar estratégias para cuidar da hidratação felina. Investir em fontes de água para gatos, sachês e outros petiscos - como frutas - são algumas ideias para colocar isso em prática.
3) Check-ups regulares. Por mais saudável que seu gatinho esteja, é fundamental levá-lo ao veterinário de uma a duas vezes por ano para realizar exames de rotina e ter a certeza de que está tudo bem. Se for um gato idoso, esse cuidado se torna ainda mais importante para detectar doenças - como a doença renal crônica - precocemente.
Redação: Juliana Melo
Edição: Luana Lopes