Percebeu o gato nervoso? Nem sempre isso é um sinal de alerta, mas é importante ficar atento porque em alguns casos esse nervosismo pode ser reflexo da hiperestesia felina. Trata-se de uma síndrome rara, mas que pode afetar o seu amigo de quatro patas por diferentes motivos e geralmente é associada a mudanças comportamentais. Por se tratar de uma doença mais específica e que poucos tutores conhecem, o Patas da Casa entrevistou a Carolina Bernardo, tutora da gata Ricotinha que passou por esse problema, e a médica veterinária Luciana Lobo para esclarecer as dúvidas sobre a síndrome de hiperestesia felina.
Hiperestesia felina: o que é e quais as causas desse problema?
A síndrome de hiperestesia felina não é um problema muito comum, mas que se manifesta no gato com espasmos musculares. Segundo Luciana, a raiz do problema muitas vezes é desconhecida, mas pode ter origem comportamental, dermatológica, neurológica e ortopédica. “As possíveis causas são: fatores no ambiente que afetam o hipotálamo e o sistema límbico, gatos hiperativos e nervosos, pele ressecada, causa genética, estresse, parasitas de pele como pulgas, fungos e sarnas e até epilepsia”, destaca. Embora seja uma doença rara, há maior incidência da hiperestesia felina nas raças Sagrado da Birmânia, Himalaio e Abissínio.
Gato com espasmos musculares: quais são os principais sintomas da hiperestesia felina?
Por mais raro que seja, é sempre bom ficar atento aos sinais dessa doença para que o diagnóstico seja feito o quanto antes. Isso porque a doença pode comprometer toda a qualidade de vida do animal. O gato com espasmos musculares é o sinal mais comum: segundo a veterinária, ocorre quando o gato está parado e de repente salta e morde o dorso como se estivesse sendo atacado. Entretanto, outros sintomas que também podem ser indicativos da hiperestesia felina são:
• Nervosismo
• Alterações de comportamento
• Mexer a cauda enquanto tenta lambê-la ou mordê-la
• Corre pela casa como se estivesse com medo
• Ondula a pele do dorso e se irrita se for tocado na região
• Pode ter convulsões e espasmos
• Lambe excessivamente a região lombar, anal e cauda
• Pupilas sofrem dilatação durante as crises
• Pode sofrer perda de peso e até se mutilar
Hiperestesia felina: consultas de check-up ajudam no diagnóstico
A Carolina Bernardo já tinha percebido há um tempo os espasmos involuntários nas costas da gatinha Ricota, mas achava que era puro instinto dos felinos. “Ela também nunca curtiu muito carinho na região das costas/perto do rabo e sempre me mordia quando eu acariciava ali. Mas mordidas leves, como se fossem de brincadeira, então nunca achei que fosse dor”, conta. Durante um check-up para saber como estava a saúde da Ricota, porém, ela descobriu a doença. “Foi a primeira vez que a levei em uma clínica especializada em felinos e isso realmente faz muita diferença. Assim que chegamos, a veterinária percebeu que ela estava com espasmos e apertou a região. A Ricotinha reagiu imediatamente, e aí ela me contou sobre a hiperestesia felina”.
Como é feito o diagnóstico da síndrome de hiperestesia felina?
De acordo com veterinária Luciana, como a hiperestesia não tem causa definida, o diagnóstico normalmente é feito com base nos sintomas apresentados pelo gato associados a uma série de exames, que vão ajudar a descartar outras doenças. Podem ser solicitados, por exemplo, exame físico, neurológico, dermatológico, hormonal, de urina, de sangue e até uma radiografia da coluna. Com a Ricotinha, a veterinária solicitou um raio-x da coluna, mas que não identificou nada. “Ela disse que realmente tem muitos casos em que a radiografia não acusa nada, mas a medicação se faz necessária – porque é uma síndrome que pode ter várias causas”, relata a tutora.
Hiperestesia felina: cura é possível? Entenda o que pode ser feito
Infelizmente, não existe exatamente uma cura para a síndrome da hiperestesia felina. O que é possível ser feito, na verdade, é buscar tratar as causas da doença, que geralmente estão associadas a um gato nervoso ou estressado. “O tratamento consiste em reduzir a ansiedade e estresse do gato, criando um ambiente tranquilo. A alimentação adequada, limpeza constante e adequada das caixas de areia, comedouros e bebedouros também pode ajudar”, destaca a veterinária. Além disso, investir no enriquecimento ambiental também pode ser uma boa forma de promover melhor qualidade de vida ao felino. Em casos mais graves, pode ser necessária a prescrição de hormônios sintéticos e o uso de medicações controladas. A Ricotinha, por exemplo, iniciou um tratamento com medicação manipulada 2 vezes ao dia, e que deverá continuar até segunda ordem: “É relativamente tranquilo, tirando o estresse normal de dar comprimido para gatos, mas que por aqui já é uma prática que estou dominando bem!”.
Redação: Juliana Melo