Assim como os humanos, os cães precisam ser estimulados fisicamente no dia a dia para cuidar da saúde e evitar uma série de problemas. Ou seja, é muito importante o tutor passear com cachorro e estimular o animal a praticar exercícios físicos!
Mas você já parou para pensar nos riscos que a falta de exercícios pode trazer para o seu amigo de quatro patas? Para entender melhor sobre as consequências de ter um cãozinho ‘sedentário’, o Patas da Casa conversou com a médica veterinária Renata Bloomfield, que é especialista em comportamento animal.
Os principais riscos de deixar os exercícios físicos de lado
Passear com o cachorro não é apenas um momento de lazer com o seu animal de estimação, como também uma forma de incentivá-lo a se movimentar mais. Se os passeios forem feitos em conjunto com outras atividades físicas, então, o cãozinho é muito beneficiado!
A falta de exercícios físicos na rotina do pet pode causar diferentes problemas, como:
- Limitação cardiovascular
- Baixa coordenação motora
- Musculatura pouco desenvolvida
- Maior propensão a problemas articulares
- Obesidade canina
- Tédio, estresse e ansiedade
Para entender melhor como a prática de atividade física pode ser benéfica para o seu amigo de quatro patas, é só continuar lendo que nós vamos te explicar!
Músculos, articulações e coração são beneficiados ao se exercitar e passear com cachorro
Quanto mais atividades o seu cãozinho faz, melhor para ele! Passear com cachorro costuma ser o exercício ‘clássico’, mas não deve ser a única atividade que seu pet realiza no dia a dia. Mas por que as atividades são tão importantes para a saúde física do seu pet?
A musculatura do animal tem relação direta com as articulações dele. “Cães que têm uma musculatura mais definida sobrecarregam menos a articulação, porque a musculatura em volta preserva a articulação”, revela a dra. Renata.
Além disso, a médica veterinária fala sobre um outro tópico muito importante, que é a questão do combate à obesidade canina. “A manutenção do peso do animal também dá um um descanso também pras articulações — sem contar que já tem estudos falando que cachorros obesos vivem 30% menos do tempo do que um cão que não é obeso.”
Outro ponto levantado pela especialista é que o incentivo aos exercícios e fortalecimento da musculatura deve ser feito independentemente da idade do cachorro. “No caso dos filhotes, é indicado pegar um pouco mais leve porque eles têm toda uma estrutura ainda pra ser desenvolvida. Já com relação aos cães idosos, é importante que eles continuem a se exercitar, respeitando o limite de cada animal, porque têm a tendência a perder mais rápido a musculatura.”
Passeios e outras atividades ajudam a amenizar alguns transtornos nos pets
Além do gasto de energia em si, a atividade física também proporciona a diminuição do estresse e da ansiedade do animal. De acordo com a médica veterinária, os hormônios e neurotransmissores que são liberados quando a gente faz uma atividade física têm um papel fundamental nisso, já que eles são benéficos pro organismo.
A veterinária também alerta que é importante saber diferenciar ansiedade de ociosidade (o famoso cachorro entediado). “Ociosidade a gente consegue tratar com atividade física e é maravilhoso. Agora se a gente fala de ansiedade o cão fica mais cansado e um pouco mais relaxado, mas ainda assim só atividade não vai resolver o problema dele.”
Outro ponto que Renata destaca é que alguns cachorros são taxados de agressivos porque acabam acumulando energia. Nesse caso, a partir do momento em que o animal tem mais interação com o meio ambiente, com outros cães e com outras pessoas durante exercícios e passeios, isso pode acabar diminuindo também a agressividade dele. Ou seja, passear com cachorro e praticar atividades com o pet é só vantagem!
Passear com cachorro é importante, mas deve ser aliado a outros exercícios
Conforme Renata explica, passear com cachorro não tem o mesmo impacto de outras atividades físicas. “A gente pode falar de exercício físico se a gente tá falando de uma caminhada, de uma corrida, de alguma coisa que aumente a frequência cardíaca desse animal. Aquele passeio que o cachorro vai cheirando e a pessoa vai mexendo no telefone não gasta nada.”
Investir em atividades aeróbicas pode ser bem interessante, segundo a especialista, como corridas, caminhadas e até mesmo trilhas. “Trilha é uma atividade muito bacana pros cães porque além de ter subida e descida, tem muito estímulo cognitivo”, conta. Outra ideia é, durante as caminhadas e corridas, fazer o pet trabalhar ainda mais a musculatura ‘puxando’ alguma coisa, como o tutor no skate ou de patins.
“Também tem natação. Fazer o seu cachorro nadar ajuda muito na questão cardiovascular e coordenação motora. Além disso, para cães que têm displasia ou problema de articulação e não podem fazer atividades de impacto (como corrida), a natação é uma excelente opção”, acrescenta.
Outros esportes bastante indicados por Renata são:
- Agility canino (esporte de habilidade praticado por cachorro com auxílio de um condutor)
- Canicross (corrida cross country ou trekking com cães)
- Flyball (competição de salto com obstáculos)
- SUP dog (stand up paddle com cachorro)
- Corrida de rua
“O que eu acho mais importante na hora de falar da relação de animais com esportes é usar sempre a ferramenta correta. Pro canicross tem uma coleira peitoral específica, no SUP tem colete pra cachorro, e na corrida de rua, uma peitoral é muito mais indicada do que usar enforcador ou uma coleira cabresto. Você também tem que ter muita paciência e compreensão com seu cão no início das atividades, independentemente do esporte que você escolha fazer com ele.”
Além disso, é importante ficar atento às limitações do seu pet antes de fazer exercícios físicos mais intensos com ele. Raças de cachorros braquicefálicos, como o Pug e o Bulldog, por exemplo, até podem se exercitar se forem acostumados com isso desde cedo, mas é bom ter sempre um acompanhamento veterinário.