A raiva humana é uma das doenças mais graves e temidas no mundo inteiro. Ela é causada por um vírus contagioso que acomete humanos, mas também cachorros, gatos, bovinos, macacos, morcegos e outros animais silvestres. A raiva é considerada uma das zoonoses mais antigas do mundo. Segundo historiadores, o primeiro grande surto ocorreu na França, em 1271, quando uma matilha de lobos com raiva atacou uma vila, e as 30 pessoas que morreram com o ataque tinham mordidas infectadas com a doença.
Considerada uma questão de saúde pública no Brasil, o grande problema associado à raiva humana é que, quando não tratada, a doença evolui para óbito em quase 100% dos casos. Já nos sobreviventes, a raiva deixa sequelas gravíssimas. Nos animais, contudo, a raiva não tem cura. Para esclarecer as dúvidas sobre a raiva humana, o Patas da Casa reuniu tudo que você precisa saber sobre essa doença, desde sintomas, transmissão e também prevenção.
A raiva humana é uma doença infecciosa grave
Também chamada de hidrofobia, a raiva em humanos é causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, o mesmo que provoca a raiva canina. Quando ocorre a contaminação nos animais, o vírus penetra no organismo, multiplica-se, atinge o sistema nervoso periférico e depois o sistema nervoso central. A partir daí, o micro-organismo é disseminado para vários órgãos e glândulas salivares, onde se multiplica e é eliminado pela saliva. É por isso que a principal forma de transmissão da raiva para os humanos é pelo contato com a saliva de animais contaminados, seja pela mordida ou lambida, mas também pela arranhadura. Vale dizer que não existe transmissão da raiva entre humanos, apenas entre animal para humano ou entre os próprios animais.
Os principais sintomas da raiva humana envolvem inquietação e agressividade
Por ser provocado pelo mesmo vírus, os sintomas da raiva em humanos, cachorros e gatos são bem parecidos, mas o período de incubação da doença pode variar. O período de incubação refere-se ao primeiro contato com o vírus até o início dos sintomas. De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas de raiva em humanos só começam a aparecer quando o vírus chega ao cérebro, cerca de 45 dias após o contágio. Inicialmente, os sintomas da raiva são mais brandos, mas conforme a infecção vai progredindo, eles tendem a se agravar. Confira quais são os principais sintomas da doença da raiva em humanos:
- Febre
- Anorexia
- Dor de garganta
- Delírios
- Inquietude
- Agressividade
- Espasmos involuntários
- Convulsão
- Paralisia
Já nos cachorros e gatos, o período de incubação da raiva felina e raiva canina varia entre 15 a 90 dias. Isso significa dizer que o cachorro ou gato com raiva só vai apresentar sintomas dentro desse período estipulado. O veterinário Thiago Félix explicou quais são os principais sinais da doença nos cães e gatos: “Salivação excessiva, hipertermia (aumento da temperatura corporal), agitação e distúrbios são comuns, como não reconhecer o dono, ver vultos, latir excessivamente e ficar agressivo.”
A raiva em humanos tem cura?
Uma das grandes dúvidas que rondam essa doença é se a raiva em humano tem cura ou não. Como dito anteriormente, a raiva é uma doença muito grave que provoca uma inflamação progressiva e aguda no cérebro que, em 99% dos casos, é fatal. Ou seja, a raiva tem cura em humanos, mas na grande maioria dos casos, isso não acontece. Por afetar tanto o sistema nervoso central dos humanos, a raiva humana provoca danos neurológicos que são fatais (assim como ocorre na contaminação em cães e gatos). É por isso que ela é uma das zoonoses que mais precisam de atenção.
Após a infecção pela doença, o tratamento da raiva humana é feito a partir da aplicação da vacina antirrábica, além da imunização passiva com soro antirrábico e imunoglobulina antirrábica, uma solução preparada a partir do soro de indivíduos imunizados contra a raiva que é aplicada entre os músculos do paciente. O tratamento também requer a indução de coma profundo. Contudo, infelizmente mesmo em casos de cura, a raiva humana pode deixar sequelas sérias, como alteração da fala, incapacidade de andar e alterações neurológicas.
Já nos animais, não há nenhuma forma de tratamento da doença. O recomendado é que o animal passe pelo processo de eutanásia para não sofrer com os sintomas da raiva canina e felina, nem transmitir o vírus para outros animais e pessoas.
A raiva em humanos pode ser evitada com a vacinação
Embora a raiva em humanos seja uma doença perigosíssima, a boa notícia é que existe uma maneira bem simples de prevenir a doença: a aplicação da vacina da raiva em humanos. Ela é indicada para indivíduos com risco frequente de contaminação, como veterinários, trabalhadores de zootecnia, agronomia e biólogos. Para as pessoas que não se enquadram nesse grupo, a aplicação da vacina deve ser feita imediatamente após a mordida ou ferida de algum animal desconhecido.
Já nos animais, o veterinário Thiago Félix explicou que a melhor maneira de prevenir a doença é com a aplicação anual da vacina contra a raiva: “A vacina deve ser aplicada antes que o animal possa ter contato com o vírus. Os animais podem receber a primeira dose entre 90 e 120 dias de nascidos. Depois, é necessário fazer uma revacinação anualmente, até o fim da vida”. Vale lembrar que, por ser uma questão de saúde pública, a vacina contra raiva anual para cachorros e gatos é oferecida de forma gratuita pelo SUS, geralmente em dias específicos de campanha. Verifique com a unidade de saúde mais próxima o calendário de vacinação de cães e gatos na sua cidade!