A raiva canina é uma das doenças virais mais perigosas que o seu amigo de quatro patas pode pegar se não for devidamente protegido de seu agente causador. Apesar de ser uma zoonose, o que mais preocupa nesse caso é que ela não tem tratamento e é sempre fatal em animais. Em humanos, apesar de o tratamento ser novo, já existem casos de cura completa no Brasil. Para esclarecer dúvidas sobre a raiva em cachorro, seus sintomas, formas de transmissão e prevenção, nós conversamos com o veterinário Thiago Félix, de Brasília. Sobre a ação da raiva em humanos, os dados são da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Dá uma olhada!
Como a raiva canina age no corpo de animais e humanos?
Por ser provocada por um mesmo vírus, a raiva canina e a raiva em humanos têm ação parecida nos dois tipos de organismos. A partir do ponto de infecção, o principal objetivo do vírus é chegar até o sistema nervoso central. “A raiva age exclusivamente no sistema neurológico, causando danos nos neurônios de ação central do animal", explicou Thiago. Isso explica alguns sintomas que envolvem diretamente o comportamento e a sanidade do cachorro contaminado.
Em humanos, o caminho da raiva — também conhecida como hidrofobia — é o mesmo, como deixa claro um documento da Secretaria de Saúde do Rio: “o vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e, posteriormente, o sistema nervoso central. A partir daí, dissemina-se para vários órgãos e glândulas salivares, onde também se replica e é eliminado pela saliva das pessoas ou animais doentes”.
Os sintomas da raiva em cachorros e humanos são parecidos
Por ser o mesmo vírus e a mesma forma de ação no organismo, os sintomas da raiva canina e da raiva em humanos acabam sendo, também, parecidos. “Nos animais, os principais sintomas costumam ser salivação excessiva, hipertermia (aumento da temperatura corporal), agitação e distúrbios, como não reconhecer o dono, ver vultos, latir excessivamente e ficar agressivo”, como explica Thiago.
Já em humanos, o documento da Secretaria de Saúde do Rio descreve a evolução dos sintomas, desde a contaminação até os momentos mais avançados da ação do vírus. Num primeiro momento, a pessoa fica com mal-estar, febre, anorexia, dor de cabeça e garganta, enjoos, sensação de entorpecimento, irritabilidade, angústia e inquietude. Conforme a infecção progride, a pessoa também pode ter crises de ansiedade e hiperexcitabilidade, delírios, espasmos musculares, convulsões, salivação extrema e, até mesmo, paralisia e alterações cardiorrespiratórias e fotofobia.
Como o cachorro pega raiva? E a transmissão para humanos, como acontece?
O vírus da raiva é transmitido pelo contato de um organismo saudável com outro que já foi infectado. Em cachorros, “a transmissão pode acontecer pela ingestão de algo contaminado ou da mordida do morcego, por exemplo, que transmite a raiva na zona rural”. A raiva também pode ser transmitida para animais pela mordida de outros cachorros ou gatos que estão sofrendo com a doença e, mais raramente, por causa da mordida de animais silvestres, dependendo do lugar onde você está.
Em humanos, a transmissão costuma acontecer a partir de animais domesticados, como cachorros e gatos. A saliva do animal contaminado tem alta concentração do vírus e, como animal fica agressivo, a mordida dele é a principal forma que uma pessoa tem de pegar o vírus da raiva. Mesmo que seja mais raro, isso também pode acontecer a partir de arranhões e lambidas. Por isso, se alguma dessas casualidades acontecer entre você e um animal desconhecido, o ideal é procurar ajuda médica imediatamente para tomar as vacinas de prevenção.
A vacinação contra raiva em cães é obrigatória
Muita gente se pergunta se raiva canina tem cura, mas como, pelo menos nos animais, o principal tratamento costuma ser a eutanásia, a prevenção é a melhor forma de lutar contra o vírus. A vacina de raiva é a melhor opção de cuidado que você pode ter com o seu amigo. Além do mais, como o cachorro é um dos principais vetores de transmissão da doença para humanos, a vacinação contra raiva é obrigatória, uma questão de saúde pública. A lógica é proteger o animal de se infectar, para evitar tanto o próprio adoecimento quanto a transmissão para humanos com mordidas e outros contatos da pessoa saudável com a saliva do cachorro doente.
Para garantir, a vacina deve ser aplicada antes que o animal possa ter contato com o vírus, como explica Thiago: “Contra raiva, os animais podem receber a primeira dose entre 90 e 120 dias de nascidos. Depois, é necessário fazer uma revacinação anualmente, até o fim da vida”. Por ser uma questão de saúde pública, a vacina contra raiva anual para cachorros é oferecida de forma gratuita, geralmente em dias de campanha. Fique atento e não deixe o seu animal perder nenhuma dose!
Redação: Ariel Cristina Borges