Você acabou de resgatar um gato filhote. E agora, o que fazer primeiro? Levar no veterinário? Dar um banho? Que tipo de alimento pode oferecer ao gatinho? O resgate de um animal indefeso vem cercado de dúvidas, principalmente se é a primeira vez que isso acontece com você. Nesse momento, é importante manter a calma e seguir alguns protocolos para garantir a segurança do animal. Para ajudar os resgatistas de primeira viagem, o Patas da Casa conversou com a Daniela Saraiva, que é responsável pelo abrigo Cabana do Picapau, no Rio de Janeiro, e já resgatou e doou mais de 1000 gatos. Confira 6 dicas importantes!
1. Leve o gato filhote ao veterinário para um check up
Parece óbvio, mas muitas pessoas não entendem que ao resgatar um felino devem ir direto ao veterinário, principalmente se você tem outros animais em casa. O médico fará um exame clínico e observará se o gatinho tem alguma ferida, se o olhos apresentam alguma infecção (a conjuntivite é bem comum em gatos filhotes), medirá a temperatura do animal e provavelmente pedirá alguns exames. Além do hemograma, é fundamental que o gato filhote faça um teste de FIV e FeLV (AIDS felina e Leucemia Felina, respectivamente), doenças muito graves e que demandam cuidados específicos. É importante lembrar que um gato positivo para essas doenças não pode conviver com felinos saudáveis.
2. Alimentação do gato filhote: mãe de leite, ração ou alimento próprio para felinos?
A alimentação de um gato filhote requer alguns cuidados. Primeiro, nada de dar leite de vaca para um felino, ok?! O ideal é comprar leites próprios para alimentar gatos filhotes, que podem ser recomendados pelo veterinário e encontrados em pet-shops. O filhotinho precisa ser alimentado de 3 em 3 horas.
No caso de animais com poucos dias de vida, você precisa buscar uma mãe de leite. “Quando o bebê ainda tem os olhos fechados, na primeira semana de vida, é mais difícil que ele sobreviva sem uma mãe de leite”, conta Daniela. Por isso, é importante procurar uma gata que tenha parido recentemente e tentar, de alguma forma, fazer com que ela alimente mais um filhote. Mas tome alguns cuidados com a saúde dos animais: Daniela orienta que juntar um bebê que não é saudável com uma gata que é saudável pode ser bastante arriscado. Por isso, novamente, é super necessário fazer um teste de FIV e FeLV antes de tudo.
Os filhotes começam a se interessar pela ração seca a partir de um mês. A recomendação é que o alimento seja específico para filhotes e de boa qualidade. “Pode começar a oferecer alimentos úmidos também, como patês e sachês para filhotes. Mas com moderação, pois costumam ser muito gordurosos e isso pode resultar numa diarreia”, acrescenta. O ideal é introduzir qualquer tipo de alimento aos poucos.
3. Cuidar de gato: e o banho? É necessário?
Os gatos não costumam gostar de banho e submetê-los a isso pode gerar muito estresse. Se você achar que o filhote está muito sujo, pode fazer a limpeza com um lenço umedecido ou uma toalhinha. Se mesmo assim resolver dar banho, é importante que a água seja morna e secar o gatinho no final. Nunca deixe um filhote com os pelos úmidos, pois isso pode propiciar o desenvolvimento de uma gripe e até mesmo pneumonia.
4. Vermífugo para gatos filhotes deve ser dado após um mês de vida
Alguns passos são necessários antes de dar um vermífugo para um filhote. Com sua experiência em resgates, Daniela é a favor de esperar um pouco, principalmente se ele ainda está nos primeiros dias de vida. “Se o filhote estiver muito debilitado, o vermífugo pode afetar ainda mais a sua imunidade”, conta Daniela. Na primeira visita ao veterinário, converse sobre os procedimentos necessários para introduzir o vermífugo. Nunca dê um remédio para um gatinho sem recomendação: no caso do remédio para vermes, é preciso se basear no peso do animal.
5. Ensine o filhote recém-nascido a fazer as necessidades sozinho
Ao nascer, o filhote de gato não sabe como fazer suas necessidades - ele só começa a aprender isso quando chega próximo aos 15 dias de vida. Quem estimula os gatinhos é a própria mãe, lambendo a área genital. Na falta dela, é importante que você ajude o filhote a entender isso: basta passar um algodão umedecido em água morna.
Próximo aos 20 dias de vida, os gatinhos já conseguem usar a caixa de areia sozinhos. É puro instinto e você só precisa deixar uma caixa limpa perto deles. É importante que esse objeto seja da altura ideal para o filhote conseguir entrar e sair sem dificuldades.
6. Mantenha o filhote de gato sempre aquecido
Assim que levar o gatinho para casa, prepare um lugar quentinho para ele se aconchegar. “Eles não conseguem manter a temperatura do corpo. Até uns 15 dias de vida, você precisa dar uma atenção especial e mantê-lo sempre bem aquecido”, conta Daniela. Para isso, você pode usar uma bolsa de água morna enrolada em uma toalha. É muito importante verificar bem a temperatura e garantir que o filhote não se queimará. Mantas, travesseiros e muitos paninhos podem ajudar nessa tarefa.
Galeria com gatos filhotes que foram resgatados e hoje estão super bem!
Vai ficar com o gato filhote ou disponibilizará para adoção?
Depois de cuidar do filhote de gato, você deve decidir se vai acrescentar o felino à sua família ou se vai disponibilizá-lo para adoção. Se a sua opção for adotar o gato filhote, é importante ter alguns cuidados com ele ao longo da vida. Esse gatinho deve ser vacinado e castrado - verifique com o veterinário se é necessário repetir os testes de FIV e FeLV. É essencial que a casa seja telada para evitar fugas e acidentes. Você, como tutor desse animal, deve garantir uma alimentação de qualidade e sempre deixar água fresca à disposição, assim como incentivá-lo a se hidratar bastante para evitar problemas renais. Se possível, invista em um espaço gatificado e enriquecido para que o bichano consiga expressar seus comportamentos naturais: prateleiras, nichos, arranhadores e brinquedos são fundamentais para proporcionar mais qualidade de vida a ele.
Se você optar por doar o filhote, tenha alguns critérios com os adotantes. Exigir a castração por contrato aos seis meses de vida é uma maneira de garantir que aquele filhote de gato não terá ninhadas no futuro, será mais saudável e viverá mais. Você só deve doar um gatinho para casas teladas, que serão mais seguros, além de informar ao adotante sobre a necessidade de fazer um acompanhamento regular no veterinário, dar vacinas e oferecer cuidados específicos. Nos primeiros meses, você pode pedir que o adotante te mande fotos e vídeos para você ter certeza de que ele está bem e feliz. É sempre gratificante ver os resultados de um resgate!
Redação: Júlia Cruz