No mundo felino, muita gente costuma brincar que os ossos de gato não existem e os bichanos são feitos de borracha. A anatomia do gato é cheia de mistérios: eles se esticam, saltam e passam por cada lugar que nos fazem duvidar se realmente têm tudo no lugar. A verdade é que os gatos têm 245 ossos – 39 a mais que os humanos – que, combinados a uma musculatura bastante incomum, garantem a flexibilidade do animal.
Infelizmente, muitas doenças ósseas podem acabar afetando os nossos animais de estimação, como a artrose em gato, a osteocondromatose e a osteoartrite. Para saber mais sobre as doenças ortopédicas que atingem os felinos, o Patas da Casa conversou com Max Freire, médico veterinário com pós graduação em acupuntura e graduação em fisioterapia para esclarecer as principais dúvidas e obter dicas importantes para cuidar da saúde óssea do seu gatinho. Confira!
As doenças ósseas em gatos podem não ser perceptíveis no dia a dia
As patologias ósseas são comuns nos gatos e o diagnóstico nem sempre é fácil no início do problema. “A identificação de distúrbios ortopédicos em gatos, muitas vezes passa despercebido pelos tutores. Alguns sinais podem ser observados, como movimentos mais lentos ao caminhar, dificuldades para sentar e levantar, resistência em subir e descer de locais habituais e mudanças de humor”, relata o veterinário Max Freire. Algumas raças de gatos têm um risco maior de apresentar distúrbios ortopédicos. O especialista destaca as raças Maine Coon, Bengal, Manx, Aby, Scottish Fold e Siameses.
Quais são as doenças mais comuns que atingem os ossos de um gato?
Os felinos podem ser afetados por uma grande variedade de doenças do sistema músculo-esquelético. Notadamente, as mais comuns são: doença articular degenerativa (osteoartrite), displasia coxofemoral, luxação de patela, displasia e fratura fiseal da cabeça do fêmur e fraturas em geral.
Além destas alterações, também encontramos doenças do desenvolvimento, como a osteocondromatose, osteomielite, osteopatias nutricionais e hormonais e ainda as neoplasias (tumores). Para entender melhor como as doenças ósseas acometem os gatos, o veterinário Max Freire explica com mais detalhes as mais comuns entre elas. Veja a seguir:
Doença articular degenerativa: “A Doença Articular Degenerativa (DAD) também conhecida como Osteoartrose é uma doença crônica que danifica a cartilagem e os tecidos que envolvem a articulação, causando dor, rigidez e perda da função”.
Displasia coxofemoral: “A displasia coxofemoral é uma malformação na articulação do quadril, onde não ocorre a captação correta da cabeça do fêmur com o acetábulo, causando uma instabilidade articular. Essa instabilidade prejudica o movimento, podendo causar dor e perda da função”.
Luxação de patela: “A luxação ou instabilidade patelar é o deslocamento da patela do seu posicionamento normal, causando dor, edema no local e insegurança em apoiar a pata”.
Displasia e fratura fiseal da cabeça do fêmur: “Fratura fiseal da cabeça do fêmur é a não calcificação da linha de crescimento ósseo na idade adequada, deixando o osso suscetível a fraturas”.
Osteocondromatose: “Osteocondromatose são nódulos decorrentes do crescimento ósseo excessivo. Em gatos está relacionada à leucemia felina e ao fibrossarcoma“
Osteomielite: “Osteomielite é uma infecção óssea causando uma inflamação e as causas mais comuns são por fraturas expostas e exposição óssea por tempo prolongado”.
Osteopatias nutricionais e hormonais: “Uma disfunção nutricional ou hormonal, como o hiperparatireoidismo pode levar a osteoporose, deformações ósseas das vértebras e articulações”.
Tumores ósseos: “O osteossarcoma é o mais comum e pode ser diagnosticado através de exames de imagem e junto ao veterinário seguir a conduta de tratamento”.
Prevenção de doenças ósseas em gatos
Algumas doenças ósseas em gatos podem ser evitadas com cuidados simples, mas constantes. “Um papel importante na prevenção é uma alimentação equilibrada, controle de peso e o manejo correto da atividade física”, aconselha Max Freire. É muito importante que bichano se exercite diariamente e uma boa maneira de alcançar esse objetivo é criando um ambiente saudável e confortável ao pet. Uma boa ideia é promover a gatificação da casa. Também é importante ficar de olho em qualquer mudança no comportamento do animal para poder identificar precocemente uma doença óssea nos gatos. “Ao notar qualquer comportamento diferente do habitual, relutância para brincar, dificuldades para sentar e subir em locais que eram de costume, alterações na marcha, consulte o médico veterinário”, orienta o especialista.
Doenças ósseas em gatos: diagnóstico e tratamento
Ao suspeitar de doença ortopédica, o tutor deve levar o seu gato para a avaliação do veterinário. O histórico do paciente e exames (físicos e complementares, como radiografias) são fundamentais para se alcançar o diagnóstico preciso.
“O tratamento vai variar de acordo com a lesão e seu grau de comprometimento. Em alguns casos, a intervenção pode ser cirúrgica. Fisioterapia e acupuntura podem ser indicadas, assim como o uso de protetores articulares, anti inflamatórios e analgésicos.”, completa o ortopedista.
Os gatos são animais independentes, mas precisam de cuidados, observação e supervisão como todos os pets. Se você notar algum comportamento diferente no seu bichano, procure um veterinário de sua confiança o mais rápido possível.
Redação: Guilherme Segal e Maria Luísa Pimenta