Um cão-guia é muito importante para trazer mais conforto e segurança para o deficiente visual, pois ele substitui a bengala e pode ser muito mais eficaz que ela, colaborando até com a socialização da pessoa cega. Toda essa ajuda na locomoção também oferece mais independência para o indivíduo, que tem auxílio para desviar de obstáculos e sabe a hora certa de atravessar a rua, entre outras vantagens. Assim como não é qualquer raça que ser cão-guia, os critérios para adquirir um também são bem rígidos. Neste artigo, contamos o que é necessário para conseguir um cão-guia para cegos.
É necessário preencher alguns requisitos para ter um cão-guia
Para viver com um cão-guia, é necessário atender a algumas regras. Geralmente, os órgãos responsáveis por esse trâmite possuem formulários e exigências específicas. Mesmo assim, para tirar a licença aqui no Brasil, você precisa:
- Apresentar um laudo médico com o diagnóstico da deficiência, conforme o Art. 2o, inciso I, do Decreto Federal nº 5.904, 21 de setembro de 2006;
- Ser totalmente cego ou ter somente a percepção luminosa;
- Ter entre 18 e 65 anos;
- Morar no Brasil;
- Certificado de curso de orientação e mobilidade;
- Não apresentar condições que impeçam os cuidados com o cão;
- Possuir capacidade de orientação e técnicas de mobilidade;
- Passar pelo minucioso processo de treinamento com o cão-guia, que pode durar de um a três meses;
- Ter uma rotina com expectativa de um futuro construtivo (não necessariamente é preciso ter um emprego, mas deve-se ter uma rotina que mostra a necessidade de um cão-guia).
Pessoas com deficiência passam por treinamento com cães guias antes de conseguir a licença
Não são só os cães-guias que passam por um treinamento. Os futuros beneficiários desse cachorro precisam aprender a lidar com o animal no dia a dia para aproveitar suas funções. A importância de um cão-guia vai muito além de passear com o cachorro, e o treinamento do deficiente visual, que pode durar até três meses em um alojamento, inclui:
- Didática de comandos básicos e de condução de obediência e desobediência;
- Prática de adestramento e reforço positivo;
- Locomoções práticas com obstáculos e diversas situações diárias em diferentes ambientes;
- Aprendizado sobre a vida animal, bem como o respeito aos momentos de lazer e descanso do cachorro;
- Respeitar o tempo de treinamento para que se fortaleça a relação com o cão-guia;
- Toda a capacitação observa a relação do indivíduo com o cachorro: os dois devem agir como um time.
Como é o treinamento de um cachorro guia de cego?
O treinamento do cão-guia é feito desde filhote e, geralmente, esse adestramento acontece em centros especializados que já trabalham com a reprodução de ninhadas para treinamento (quando não, eles recebem o apoio de canis parceiros). No começo, se observa o comportamento do filhote para casar sua personalidade com a futura família socializadora, onde ele recebe um tratamento diferente de um pet comum.
Na segunda etapa, ele é cuidado enquanto aprende diversas regras de socialização (como agir na rua e em todos os ambientes possíveis, por exemplo). Ao mesmo tempo, ele entende a hora certa de descansar, fazer suas necessidades e como o seu instinto de proteção deve ser focado em uma pessoa. Essa fase costuma durar um ano.
Por fim, ele vai para um alojamento que realiza sua castração, recebe todos os cuidados com a sua saúde, além de passar por exames que identificam possíveis condições hereditárias que podem dispensar o animal da tarefa de cão guia. Daí, começa definitivamente o treinamento, com obstáculos reais, como desviar de pessoas e bicicletas, subir escadas, entrar em transportes e se comportar em um elevador. Tudo isso é feito com muito reforço positivo e todo o processo dura em média dois anos.
Raças de cão-guia para cego e outros quesitos para se tornar um
Não é qualquer um que pode ser cão-guia: raça pequena, por exemplo, não é indicada. O cachorro deve ser de grande porte e ter inteligência emocional para lidar com vários momentos, além de ser equilibrado em situações de risco. Porém, ele não deve ser agressivo. O ideal é que a raça seja dócil e obediente, com o instinto de proteção da pessoa com deficiência e força para guiá-lo no dia a dia. A raça de cão-guia mais comum é o Labrador. Mas o Golden Retriever também atende aos requisitos e sabe muito bem como se tornar um cão-guia.
Redação: Erika Martins
Edição: Mariana Fernandes