Ninguém pode negar: cuidar do coração de cachorro é fundamental para manter a saúde do seu amigo. Afinal, assim como os humanos, ele também pode sofrer com as doenças cardíacas. Entre elas está a degeneração mixomatosa da valva mitral, que é uma das mais frequentes. Também conhecida como endocardiose valvar, a condição provoca o refluxo do sangue dentro do coração e pode levar à insuficiência cardíaca, sendo fatal para o seu cãozinho. Mas, o que poucos tutores sabem é que o quadro pode ter relação com traços genéticos da raça. Para entender melhor, conversamos com a veterinária Isabelle Campos, residente em Cardiologia na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que te conta tudo o que você precisa saber sobre a degeneração mixomatosa da valva mitral em cães a seguir!
Patas da Casa: O que é a degeneração mixomatosa da valva mitral em cães?
Isabelle Campos: A degeneração mixomatosa da valva mitral canina é uma alteração da estrutura da valva atrioventricular esquerda, que impossibilita sua coaptação e permite que o sangue regurgite do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo. O quadro aumenta, de maneira progressiva, o trabalho cardíaco, podendo ocasionar o remodelamento de átrios e ventrículos e, consequentemente, levar a insuficiência cardíaca congestiva.
PC: Quais são os principais fatores que podem causar a doença?
IC: Geralmente, a causa da degeneração mixomatosa é desconhecida, mas a doença se desenvolve de acordo com o envelhecimento do animal. No entanto, sabe-se que existem componentes genéticos em algumas raças de cães, sendo mais comum nos animais com menos de 20kg, entre eles o Poodle,Yorkshire Terrier, Shih Tzu, Pinscher. Além destes, uma atenção especial deve ser dada a cães da raça Cavalier King Charles Spaniel que podem desenvolver a doença ainda quando jovens.
PC: Quais são os sintomas da degeneração mixomatosa da valva mitral em cães?
IC: Os principais sintomas clínicos da degeneração mixomatosa são associados à insuficiência cardíaca congestiva que leva ao edema pulmonar, resultando em tosse, cansaço fácil, taquipneia ou dispneia, cianose (cor azulada ou acinzentada da pele e unhas) e, até mesmo, a perda de sentidos em casos mais graves. Mas é importante lembrar que o quadro se inicia antes do aparecimento dos primeiros sintomas, o que torna importante a realização de exames de rotina com médicos veterinários. Exames físicos e simples, como a ausculta cardíaca, são capazes de detectar a presença de um sopro sistólico em foco mitral que indica regurgitação de sangue pela valva.
PC: Como o diagnóstico da degeneração mixomatosa é confirmado?
IC: Geralmente, o diagnóstico é feito pelo veterinário por meio do exame ecodopplercardiograma, que além de identificar a degeneração da valva, é essencial para avaliar o tamanho das câmaras cardíacas e determinar em que estágio da doença o animal se encontra.
PC: Depois de diagnosticado, como o animal com degeneração mixomatosa da valva mitral deve ser tratado?
IC: O tratamento para a doença depende do estágio em que o animal se encontra. Para os cães assintomáticos, por exemplo, é recomendado o uso de medicações específicas para impedir o avanço da doença. Já para os animais que apresentam sintomas clínicos, ou seja, que desenvolveram insuficiência cardíaca congestiva, o tratamento recomendado inclui a estabilização do paciente em casos agudos, visto que o edema pulmonar caracteriza uma emergência clínica.
PC: Como a degeneração mixomatosa pode ser prevenida?
IC: Infelizmente não existe uma fórmula certa para prevenir a degeneração mixomatosa, já que o quadro pode ser causado pelo componente genético em algumas raças. Mas, com o acompanhamento médico e realização de exames cardiológicos anuais, principalmente em cães idosos, é possível um diagnóstico ainda no estágio inicial, possibilitando o uso de medicamentos que são capazes de retardar a evolução da doença.
Redação: Úrsula Gomes