Logo na cena de abertura do filme “Ainda Estou Aqui”, do diretor Walter Salles, os telespectadores são transportados para uma tarde ensolarada e agradável na Praia do Leblon, no Rio de Janeiro. As crianças Vera, Marcelo, Ana Lúcia, Maria Beatriz e Maria Eliana brincam na areia da praia, enquanto a mãe, Eunice Paiva, nadava no mar. Alguns momentos depois dessa cena, um cachorrinho surge inesperadamente e atrapalha o jogo de vôlei das crianças. Vera, a filha mais velha, pega o cãozinho e o entrega a Marcelo, que imediatamente corre para casa para perguntar ao pai, Rubens Paiva, se poderiam ficar com ele.
Esse início marca a chegada do Pimpão na família Paiva, cachorrinho que se tornou um membro mais do que especial na obra “Ainda Estou Aqui”, filme candidato ao Oscar. Interpretado pelos cachorros Suri e Ozzy, Pimpão ganhou o coração do público com seu carisma e contribuiu nos momentos mais emocionantes do longa-metragem.
Pimpão foi interpretado por dois cachorros no filme “Ainda Estou Aqui”
Fernanda Torres e Selton Mello são os protagonistas do filme “Ainda Estou Aqui”. Mas outra dupla também brilhou no filme: o cãozinho Ozzy e a cadela Suri. Os dois cães pertencem à raça Jack Russell Terrier, conhecidos pela alta energia, sociabilidade e forte inteligência.
Suri foi escalada para representar Pimpão quando era um cachorro filhote, mas a cadelinha mandou tão bem na atuação que acabou protagonizando a grande maioria das cenas em que o peludo aparecia. Isso porque a cadela fez amizade com todo o elenco do filme, principalmente com o Guilherme Silveira, ator que interpreta o Marcelo quando mais novo. Ozzy também brilhou nas telinhas, mas participou de menos cenas do que sua parceira Suri.
Como foi o treinamento do cachorro Pimpão?
Não pense que adestrar cachorro para atuar em filmes é algo simples. Essa é uma tarefa que exige muito treinamento, paciência e determinação. Por sorte, O Jack Russel é uma das raças de cachorro mais inteligentes, então os dois cães se deram super bem durante o treinamento. Não é à toa que essa raça já brilhou em outros filmes, como “O Máscara”.
Ozzy e Suri foram treinados pela profissional In-Coelum Perdigão, treinadora experiente que é referência no treinamento de pets para participação de filmes, séries e novelas. O treinamento desses dois cãezinhos envolveu muita preparação. Antes de começarem as gravações do filme, eles passaram um período de quatro semanas com os atores do elenco para se adaptarem e se acostumarem à presença deles. O objetivo era criar uma conexão natural entre os cachorros e os atores, e ele foi atingido com bastante sucesso. Eles mandaram tão bem no filme que, se existisse, o prêmio de melhor cão-adjuvante, eles com certeza levariam para casa.
Apesar de Suri e Ozzy terem dado um show de atuação, nem tudo foram flores. Segundo a treinadora de Suri, ela não gostou nada da cena em que teve que tomar banho após ser levada para a casa da família por Marcelo. Mas nos momentos em que brincou na praia, a cadelinha se divertiu bastante. Confira o perfil de Suri nas redes sociais:
“Ainda Estou Aqui” é um filme emocionante que retrata um dos períodos mais difíceis da história do Brasil
Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda Estou Aqui” venceu o prêmio de melhor roteiro em Veneza e é um grande concorrente para representar o Brasil no Oscar 2025. A obra, dirigida por Walter Salles, narra a história real da família Paiva.
A história do filme gira em torno de Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello, um ex-deputado cassado pelo regime militar. Rubens foi preso, torturado e morto em 1971. Sua esposa, Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, passou anos em busca de respostas sobre o paradeiro do marido. Sozinha, criou os cinco filhos do casal, formou-se em direito e dedicou sua vida à luta por justiça. Apenas em 1996, conseguiu finalmente obter o atestado de óbito do marido.
Na vida real, Pimpão não existiu
Apesar de roubar a cena no filme, Pimpão não existiu na vida da família Paiva. Na história real, a família não teve nenhum um cachorro, mas um gato que vez ou outra aparecia no escritório do Rubens Paiva. No entanto, o gatinho parou de aparecer na casa da família logo após o desaparecimento de Rubens, em 1971, quando foi levado e nunca mais retornou.