Cachorro

Como identificar um AVC em cachorro?

Publicado - 26 Novembro 2019 - 18h01

Atualizado - 22 Abril 2024 - 16h38

Mais uma das doenças do mundo dos humanos que tem uma “versão” para os pets, o AVC em cachorro pode não ser tão comum, mas é tão perigoso quanto. Com diferentes possibilidades de causas, ele acontece quando há alguma coisa impedindo a chegada de sangue no cérebro do animal. Os sinais neurológicos, como a convulsão em cachorro, é um dos principais sintomas do Acidente Vascular Cerebral, que precisa ser tratado imediatamente para que a gravidade das sequelas possa ser controlada com mais facilidade. Para entender um pouco mais sobre a condição, a gente conversou com o Gabriel Mora de Barros, veterinário do grupo Vet Popular. Dá uma olhada no que ele explicou!  

Patas da Casa: O que causa um AVC em cachorro?

Gabriel Mora de Barros: O AVC (Acidente Vascular Cerebral), atualmente conhecido como AVE (acidente vascular encefálico), é um quadro patológico muito comum em humanos. Nos animais, isso também pode acontecer, embora seja muito menos frequente do que na nossa espécie. O acidente vascular pode ser causado por algumas situações que alteram o perfil de distribuição sanguínea no cérebro. Em algum momento, há uma interrupção na chegada de sangue ao cérebro/encéfalo (AVC isquêmico) que pode ser causado por um trombo (coágulo grande que não permite que o sangue passe pelos vasos sanguíneos) ou uma ruptura de vaso sanguíneo. Isso gera um extravasamento sanguíneo no interior do cérebro e, consequentemente, pela ruptura, o sangue não consegue chegar onde deveria. 

Na maior parte das vezes, isso está relacionado a problemas cardíacos (que geram os coágulos que vão parar no cérebro); tumores primários cerebrais; migração de parasitas (vermes) até a região da cabeça; coágulos provenientes de uma cirurgia recém-feita; doenças de coagulação (existem alguns animais que coagulam muito mais do que deveriam); doenças infecciosas como a erliquiose (famosa doença do carrapato, em que as plaquetas – responsáveis pela coagulação – diminuem na circulação e não conseguem agir a tempo quando um vaso sanguíneo se rompe), entre outros.

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PC: Quais são os sintomas de um AVC em cães?

GMB: Os animais que têm um acidente vascular podem apresentar quadros clínicos diversos. Em especial, as alterações neurológicas – assim como em humanos – são as que mais prevalecem, como por exemplo: a convulsão em cachorro, hemiparalisia (quando só um lado do corpo fica paralisado), dificuldade de manter a postura (o animal não consegue ficar em pé ou não consegue sustentar a cabeça, por exemplo), hipertermia (temperatura corporal alta não seguida de infecção), tetraparalisia (os quatro membros e os dois lados do animal ficam paralisados), movimentos involuntários dos olhos (chamamos de nistagmo, quando os olhos se movimentam desnecessariamente e na maior parte das vezes, muito rápido, deixando o animal ainda mais confuso), entre outros.

 

Cão sendo examinado por veterinário em consultório médico
AVC em cachorro: ao identificar, o animal precisa ser levado ao veterinário imediatamente

 

PC: O que o tutor deve fazer ao perceber que o animal está tendo um AVC?

 

GMB: Quando um tutor percebe que o animal está apresentando sinais neurológicos que não teve antes, deve imediatamente colocar esse animal em um local confortável. Assim, caso ele convulsione ou tente se levantar e caia, estará protegido e não vai se machucar. Em seguida, esse animal deve ser imediatamente levado para o hospital veterinário mais próximo. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhor será. 

Os exames que vão constatar que é um caso de AVC em cachorro são os de imagem, como a tomografia computadorizada, por exemplo. Ela deve ser feita sob anestesia geral na medicina veterinária, pois os animais não podem se mexer durante o processo. Por isso, muitas vezes acabamos “diagnosticando” o AVC com os sinais clínicos, até que se possa fazer uma tomografia num centro especializado.

PC: Quais são os possíveis efeitos colaterais a curto e longo prazo de um AVC em cachorro? 

GMB: Os efeitos colaterais a curto prazo são os sintomas neurológicos que indicam o AVC em cães. Infelizmente, o acidente pode causar sequelas irreversíveis ao longo da vida, mesmo que o animal seja tratado rapidamente. Eles podem ser tremedeiras, dificuldade em piscar um ou os dois olhos, dificuldade para engolir, dificuldade de locomoção etc. Há animais que não ficam com nenhuma sequela e que conseguem reverter 100% da situação clínica após tratamento médico de suporte e internação.

PC: Como funciona o tratamento do animal depois do AVC em cachorro? 

GMB: O tratamento depois do AVC é variado. O tipo de medicamentos para AVC em cães e de terapias utilizadas para a recuperação vai depender de quais possíveis sequelas o animal apresenta e quais alterações clínicas ele desenvolveu ao ter o acidente vascular. Por exemplo, animais que ficaram com sequelas convulsivas podem ter episódios de convulsão isoladas ou frequentes e precisam de medicação de uso contínuo para controle. Outros animais podem apresentar apenas alguns distúrbios de locomoção que não precisam necessariamente de um tratamento medicamentoso, mas sim de fisioterapia, acupuntura e hidroesteira. Vale ressaltar que os animais que estão em sobrepeso, por apresentarem um perfil de metabolismo mais inflamado, têm mais chances de terem problemas no coração ou um novo quadro de AVC, ou seja: é muito importante manter a saúde do pet e o peso dele em dia.

PC: Existe alguma forma de evitar esse tipo de condição nos animais?

GMB: A qualidade de vida é o que diminui as chances do animal ter um AVC. Cachorros obesos ou com sobrepeso devem emagrecer, os que têm hipertensão devem tomar medicamentos para controle, animais com doenças crônicas precisam estar sempre acompanhados de seus médicos veterinários etc. O exame de rotina  a cada 6 meses, no mínimo, fará com que os médicos desconfiem e percebam muito tempo antes que o animal tem possibilidade de apresentar alguma doença crônica e evitá-la sempre que possível.

Redação: Ariel Cristina Borges 

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