O carrapato, além de ser incômodo para o animal, também pode transmitir a doença do carrapato — que, na verdade, pode se manifestar no corpo do animal de quatro formas diferentes. Os sintomas da doença do carrapato são a primeira forma de identificar o que está acontecendo com o seu cachorrinho. Para esclarecer todas as dúvidas sobre a doença do carrapato em cachorro, nós conversamos com a veterinária Renata Bloomfield, do Rio de Janeiro. Dá uma olhada no que ela explicou aqui embaixo!
Patas da Casa: Quais são os principais sintomas da doença do carrapato em cachorro?
Renata Bloomfield: Depois da infestação de carrapatos, os pais de pet precisam ficar observando alguns pontos específicos, como as mucosas (gengiva e parte interna dos olhos): se estão rosa ou brancas — se estiverem brancas é porque o animal já está com alguma coisa. Além disso, o cachorro com a doença do carrapato tem falta de vitalidade e não quer mais correr, não quer mais brincar - ou até brinca, mas por menos tempo; tem falta de apetite, vômito, petéquia (que são pontinhos vermelhos espalhados pelo corpo) e sangramento no nariz sem ter sofrido nenhum acidente.
PC: Os sintomas podem variar de acordo com a bactéria responsável pela contaminação? Qual a diferença entre as apresentações da doença do carrapato em cachorro?
RB: O carrapato transmite quatro doenças diferentes, sendo duas mais comuns e famosas: a babesiose e a erliquiose. Os sintomas são parecidos e a grande diferença é que nem todas são causadas por bactérias, só a erliquiose. A Ehrlichia canis entra nas células pela corrente sanguínea e acaba parando nos pequenos vasos do animal, causando a vasculite. Isso “ativa” o sistema imunológico do animal para a defesa, mas o próprio organismo não consegue segurar essa infestação ou combater a erliquiose. É aí que o animal fica com febre, falta de vitalidade, falta apetite e outros sintomas.
A babesiose, por sua vez, é causada por um protozoário. Ele também fica na corrente sanguínea, mas a Babesia age dentro do eritrócito, que é a hemácia (célula sanguínea) jovem. Com o protozoário lá dentro, a hemácia para de levar oxigênio e nutrientes até os tecidos. Com isso, o animal vai ter as alterações de febre, petéquia, sangramento nasal e outros sintomas.
Além dessas duas doenças mais comuns, o carrapato também transmite a Borrelia e a Rickettsia, que têm sintomas bem parecidos. As quatro apresentações da doença só podem ser diferenciadas pelo exame de sangue.
PC: Como tratar o cachorro com doença do carrapato que não quer comer?
RB: Geralmente, os cachorros têm falta de apetite porque ficam amuados e enjoadinhos quando estão doentes. Para estimular esse apetite, mimar o animal nesse momento pode ser um perigo, porque a gente acaba oferecendo besteira, como um pedacinho de pão ou um prato de comida. Hoje em dia, temos à disposição ótimos veterinários nutricionistas e eles passam dietas caseiras para animais que estão em convalescência para melhorarem mais rápido e estimular o apetite. Um outro cuidado que deve existir com o cachorro doente tem relação com o oferecimento de alimentos hipercalóricos, que fazem o animal engordar em vez de ser nutrido.
PC: Além dos sintomas, existe alguma outra maneira de confirmar o diagnóstico de doença do carrapato em cachorro?
RZ: Os sintomas, na verdade, servem para mostrar que o animal está com alguma coisa, mas a gente ainda não sabe o que. Se ele teve carrapato e ficou amuadinho, não quer comer e teve pontinhos vermelhos na barriga, posso dizer que é babesiose? Não. A gente geralmente pede um hemograma, um exame bioquímico, radiografia e ultrassonografia. Para fechar o diagnóstico, são necessários exames como UPCR e ELISA, que são bem específicos e indicam se o animal já teve contato com esses agentes.
Quando a gente pede um exame de sangue, hemograma ou bioquímica, ultrassonografia ou radiografia, a intenção é avaliar a extensão da doença. Muitas pessoas podem achar que não existe a necessidade de outros exames quando um já é o suficiente para saber o que o animal tem, mas é preciso saber a extensão do estrago que esse agente fez no organismo do cachorro. Os exames também servem para um acompanhamento no meio e no final do tratamento, deixando todo mundo tranquilo ao saber que o animal já está bem, sem nenhuma infestação.
Redação: Ariel Cristina Borges