Em qualquer situação de emergência com seu gato, saber como reagir rapidamente e buscar ajuda imediata é essencial para salvar o animal. A convulsão em gatos é algo que pode assustar muito os tutores, principalmente se for a primeira vez. O gato com convulsão não costuma ser um quadro comum e geralmente a complicação ocorre como sintoma de outra condição. Para tirar todas as dúvidas sobre o assunto, o Patas da Casa conversou com Magda Medeiros, médica veterinária especialista em neurologia, acupuntura e medicina canabinóide de pequenos animais. Confira e descubra como ajudar o gato convulsionando!
O que pode causar convulsão em gatos?
A convulsão em gatos ocorre quando as neuronas - que são responsáveis por carregar impulsos elétricos pelo sistema nervoso - recebem um estímulo maior do que o normal, resultando em descargas elétricas incomuns no cérebro do animal. “A convulsão é uma forma de crise epiléptica onde os sinais motores são claros”, explica a especialista Magda. As causas da convulsão em gatos podem ser as mais variadas possíveis. A veterinária destaca a epilepsia em gatos idiopática (sem lesão cerebral subjacente), a sintomática (com lesão cerebral subjacente - pode acontecer por conta de doenças tromboembólicas, raiva, imunodeficiência felina, leucemia felina, trauma crânio encefálico, meningioma, doenças de origem infecciosa, entre outras), crises epiléticas reativas (causadas por alterações periféricas - podem ter causas metabólicas, como hipertireoidismo e hipoglicemia) e epilepsia criptogênica (lesões cerebrais não identificadas, como nas crises pós-traumáticas).
“Para diagnosticar a causa da crise epiléptica, o neurologista veterinário, além de um exame neurológico minucioso, irá coletar todas as informações de como se iniciou a convulsão, a intensidade, a duração, se houve ou não perda da consciência, e etc, Além disso, deverá descartar causas de doença sistêmica e pode solicitar um exame de imagem e a coleta do líquido cefalorraquidiano", complementa.
Gato convulsionando: como identificar?
A convulsão nos felinos pode acontecer de diferentes formas. Em alguns casos, os sinais são bastante evidentes, já em outros pode ser mais difícil detectar. A veterinária explica que os sintomas diferem se for uma crise focal ou generalizada. “Durante uma crise focal, seu gato pode chorar alto como se estivesse com dor, se comportar de maneira agressiva, mesmo que não seja normalmente um gato agressivo, salivar ou babar excessivamente e exibir outro comportamento atípico”, afirma. O gato com convulsão também pode perder a função de uma perna e parecer estar mastigando e olhando fixamente. “Na convulsão generalizada o gato perde a consciência, durante a qual ele pode cair e começar a se contorcer e tremer incontrolavelmente. As pernas podem se mover como se fossem remar, como se o gato estivesse tentando nadar, ou podem ficar rígidas e retas”, explica. Além disso, a boca do gato pode abrir e fechar involuntariamente e sua cabeça pode arquear para trás, podendo até urinar ou defecar durante uma convulsão. Os sintomas mais comuns são:
corpo rígido;
movimento descontrolado das patas;
perda de consciência;
mastigação descontrolada;
salivação excessiva;
queda do animal;
descontrole da micção e defecação.
Geralmente, a crise dura de dois a três minutos e é necessário que os tutores fiquem atentos aos sintomas, pois a convulsão em gatos pode matar. “Algumas vezes o animal pode ter uma mudança de comportamento antes da crise ocorrer (é o que chamamos aurea). Alguns animais ainda podem ficar desorientados, cambaleantes e apáticos por até 24 a 48h após uma crise. Todos estes sintomas devem ser reportados ao neurologista veterinário para ajudar no diagnóstico (se possível filmados)”, esclarece Magda.
Convulsão: gato pode ser auxiliado pelo tutor durante a complicação?
É sempre necessário que o tutor esteja preparado e saiba o que fazer com o gato com convulsão. As principais recomendações são: manter a calma, diminuir a luz no ambiente e deixar o gato em um cômodo calmo e silencioso. Além disso, nunca tente dar água, comida ou automedicar o pet durante a crise. A especialista dá dicas do que fazer ao presenciar um gato com convulsão.
“Se seu gato estiver tendo uma convulsão, primeiro olhe para o relógio e veja a hora em que a convulsão está começando. Em seguida, certifique-se de que seu gato não vai se machucar. Evite mover seu gato, mas se ele estiver num local inseguro, use um cobertor para pegá-lo para evitar ser arranhado ou mordido acidentalmente enquanto ele estiver inconsciente e confuso. Segurar o gato ou tentar impedir que ele morda a língua pode ser perigoso para o tutor e estressante para o gato”, indica a profissional.
Além disso, não grite com o animal pois isso pode estressá-lo mais e, durante e após a crise, dê um espaço ao pet, afastando outros animais da casa. “Se a convulsão não parar em cinco minutos ou se seu gato tiver dificuldade para respirar ou várias convulsões em 24 horas, vá ao veterinário o mais rápido possível”, complementa a especialista.
Redação: Hyago Bandeira e Maria Luísa Pimenta