É praticamente impossível não se preocupar com a saúde do cachorro, principalmente quando eles ficam doentes. A erliquiose canina, que se enquadra na chamada doença do carrapato, é um problema mais comum do que se imagina e que pode afetar gravemente o organismo do animal. Embora seja mais frequente durante as estações mais quentes do ano, é importante redobrar a atenção com o cãozinho sempre que surgirem mudanças no seu comportamento que sejam indicativos da doença. Para tirar todas as dúvidas sobre a erliquiose ou erlichiose (sintomas, causas, tratamento e prevenção), entrevistamos o médico veterinário Fabio Ramires Veloso, de Nova Friburgo (RJ). Veja tudo que você precisa saber sobre o assunto abaixo!
A erliquiose é uma doença séria que precisa de atenção
Por trás da fofura de um cachorro existe um bichinho vulnerável a várias doenças perigosas, como a erliquiose. Mas do que se trata essa doença e quais são as causas desse quadro? O especialista explica: “A erliquiose monocítica canina (EMC), ou doença do carrapato, é uma patologia causada pela bactéria gram-negativa Erlichia canis da ordem Rickettsiales, que afeta os cães e outros membros da família Canidae, como lobos e raposas”.
Na prática, a doença tem o carrapato marrom como vetor, e a transmissão ocorre por meio de picadas que invadem a corrente sanguínea dos cães e parasitam diferentes células no corpo destes animais. No caso da erliquiose, as bactérias são as responsáveis pelo desenvolvimento do problema. Vale destacar ainda que o quadro pode afetar todos os cachorros, independentemente da raça, sexo e idade.
“Existem três estágios: assintomática (subclínica), aguda e crônica”, explica o médico veterinário. Cada um desses estágios, por sua vez, é caracterizado por diferentes sintomas (ou até a ausência deles, no caso da fase assintomática). Portanto, é importante ficar muito atento em como a doença se manifesta no organismo do seu amigo para entender em qual estágio ele se encontra.
Babésia e erlichiose: diferença entre os quadros vai além do nome
Para quem não sabe, a doença do carrapato pode se apresentar de diversas formas, sendo as mais comuns a erlichiose e a babesiose. Apesar da diferença entre os nomes, muitas pessoas ainda confundem os dois quadros, já que ambos são transmitidos pelo carrapato marrom. No entanto, o que realmente distingue uma da outra é a forma como cada uma age no organismo canino, que podem interferir, inclusive, nas manifestações clínicas das doenças. “A diferença principal é que a babésia é causada por um protozoário que infecta e destrói células vermelhas do sangue e a erliquiose é causada por uma bactéria que infecta e destrói as células brancas (monócitos e linfócitos)”, informa Fabio.
Erliquiose canina: sintomas variam de acordo com os estágios da doença
Quando se trata da erliquiose, sintomas são variáveis e vão depender do estágio em que o cãozinho se encontra. Para se ter uma ideia do panorama geral, o profissional esclarece: “A doença pode se manifestar de acordo com a fase da doença (subclínica, aguda ou crônica), com sintomas clássicos como febre, letargia, epistaxe (sangramento nasal) e petéquias (pequenas manchas vermelhas ou marrom espalhadas pelo corpo) até sintomas graves e inespecíficos como alterações articulares, uveíte e aqueles relacionados à hipoplasia medular, como mucosas pálidas e infecções secundárias recorrentes”.
Todo cuidado é pouco, e por isso é muito importante conhecer muito bem o seu amigo de quatro patas para identificar qualquer sinal de anormalidade. Quando o cachorro está na fase aguda da doença, o quadro clínico da erliquiose canina é caracterizado por letargia, perda de peso e anorexia.
“Já o quadro hemorrágico se manifesta na derme por petéquias, equimoses (manchas roxas) ou ambos. O sangramento mais frequente é a epistaxe, que é o sangramento nasal. Podem ocorrer ainda poliartrite e alterações neurológicas, como convulsões e ataxia (quando o paciente fica desorientado). Sinais oculares como uveíte e opacidade da córnea não são incomuns, podendo evoluir para cegueira”, alerta o especialista.
Como é feito o diagnóstico da erliquiose canina?
Embora alguns dos sintomas da erliquiose sejam comuns a outras doenças, não deixe de observar o comportamento do cachorro e procurar ajuda de um profissional assim que possível. Essa é a melhor forma de descobrir o que está acontecendo com o cãozinho e ajudá-lo a se recuperar, mas lembre-se de contar tudo direitinho para o veterinário. Quanto mais informação, melhor: “O diagnóstico da erliquiose canina constitui um desafio devido às diferentes fases de infecção e à variedade de manifestações clínicas. O conhecimento do comportamento do agente e da sensibilidade e especificidade de cada exame, bem como saber a fase de evolução clínica da doença, são importantes no momento de escolha do método diagnóstico”.
Erliquiose canina: tratamento normalmente é feito com antibióticos
Com a confirmação do diagnóstico, chega a parte que mais preocupa os tutores, que é a hora do tratamento. Erlichiose canina, assim como outras doenças de cachorro, precisa ser tratada sempre com o auxílio de um profissional que seja qualificado para tal, e nunca por conta própria - ou isso pode acabar prejudicando ainda mais a saúde do animal. O médico veterinário vai analisar cada caso individualmente e indicar os medicamentos mais adequados, que normalmente são antibióticos e outros remédios que vão servir como terapia de suporte. A notícia boa é que, conforme o médico veterinário explica, é possível alcançar a cura com o tratamento correto, mas, em alguns casos, pode ocorrer a recidiva da doença. Por isso, fique sempre atento!
O controle de carrapatos é a melhor forma de prevenir a erliquiose
Infelizmente, não existe vacina contra a erliquiose, mas isso não quer dizer que não é possível adotar algumas medidas preventivas para cuidar da saúde do cachorro. Como a doença é transmitida pelo carrapato marrom, a recomendação é evitar áreas com infestações de carrapato e fazer o controle desses parasitas no ambiente em que o cãozinho vive, principalmente com o uso de inseticidas. “A melhor prevenção é o controle do seu vetor com uso de produtos carrapaticidas (como comprimidos ou coleiras antiparasitárias) e vale lembrar que é de suma importância o controle do ambiente visando a não infestação”, orienta o veterinário.
Além do mais, é sempre bom dar uma olhadinha nos pelos do cachorro para ter certeza de que não há pulgas nem carrapatos vivendo por ali (especialmente após os passeios ou viagens). Caso encontre alguma coisa, é importante remover os parasitas e observar se o seu cãozinho vai apresentar sintomas da doença.
Redação: Juliana Melo