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Osteossarcoma em cães: veterinária explica as causas, sintomas, cuidados e tratamentos da doença

Publicado - 06 Maio 2020 - 15h51

Atualizado - 26 Abril 2024 - 15h35

O osteossarcoma canino é um dos tumores malignos mais comuns e a principal neoplasia de origem óssea nos cães. Assim como os seres humanos, os cachorros também podem ter câncer, especialmente à medida que envelhecem. Além da pele, sistema digestivo e mama, essa enfermidade que tanto preocupa os tutores pode afetar também os ossos do cachorro. A doença pode atingir qualquer raça mas os cães maiores têm uma tendência maior de sofrerem com o problema. Para esclarecer as dúvidas sobre o osteossarcoma em cães, nós conversamos com a médica veterinária Caroline Silveira Gripp, especialista em oncologia animal. Veja o que ela falou sobre o assunto!

Patas da Casa - O osteossarcoma canino pode atingir todos os cães?

Caroline Gripp - Na maioria dos casos, o osteossarcoma acomete cachorros grandes e médios, com mais de 25 quilos e acima dos cinco anos. No entanto, isso não quer dizer que um animal jovem ou pequeno não possa ser afetado pelo problema, embora a incidência seja rara. Os estudos mostram que os animais maiores, por terem os ossos mais longos, demandam mais trabalho do corpo durante a formação da estrutura óssea. Esse esforço extra pode gerar microfraturas nos membros e, estas por sua vez, podem levar ao surgimento de um osteossarcoma canino.

O osteossarcoma em cães provoca lise óssea (destruição celular) intensa no lugar onde ele se instala no membro afetado (a doença afeta principalmente os ossos dos membros) e uma consequente perda da continuidade óssea e sua conformação.

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PC - Quais os sintomas que indicam que um cão possa ter osteossarcoma?

CG - O primeiro sintoma é claudicação, ou seja, o cão começa a mancar sem causa específica. A partir daí, o veterinário solicita um raio-x para identificar a alteração óssea. Se tiver uma suspeita de osteossarcoma, outros exames serão solicitados para descartar ou confirmar o diagnóstico. Em muitos casos é difícil notar o problema superficialmente no estágio inicial, uma vez que não há um grande caroço, uma grande deformação óssea.

PC - Como é feito o diagnóstico do osteossarcoma nos cachorros?

CG - A radiografia pode apontar a presença de um tumor por conta de características que aparecem na imagem, como uma “explosão solar” observada em muitos casos de osteossarcoma. Também é necessário um exame histopatológico para poder fechar o diagnóstico. Antes de optar pelo tratamento cirúrgico do paciente, é muito importante confirmar se realmente é um caso de osteossarcoma canino, realizando a biópsia prévia, assim como a análise da cultura de fungos e bactérias para descartar outras causas.

PC - Com o osteossarcoma, cães podem ter acesso a quais tipos de tratamento?

CG - O tratamento recomendado é a cirurgia de remoção da neoplasia. Atualmente é amplamente difundido a amputação alta do membro afetado, pois o osteossarcoma em cães provoca dor intensa e muitos pacientes apresentam fraturas no local da lesão. Outra possibilidade é a cirurgia de “salvamento de membro”, um pouco mais delicada. No lugar da amputação, é realizada apenas a retirada da região do osso afetada.

Associada à cirurgia, o pós-operatório deve envolver a quimioterapia para evitar as metástases, já que o osteossarcoma em cachorros é altamente metastático para os órgãos, principalmente o pulmão. A maioria dos pacientes apresenta metástase pulmonar em até seis meses após a cirurgia quando o tratamento de quimioterapia não é realizado.

 

Veterinária sorri para cachorro marrom em seu consultório
Osteossarcoma em cães: a cirugia é o tratamento mais recomendado para a doença

 

PC - Após o início do tratamento do osteossarcoma, o cachorro doente tem grandes chances de se recuperar?

CG - Todo paciente tem e merece uma chance de lutar contra um câncer. E a cirurgia associada à quimioterapia aumenta a sobrevida desses pacientes, com conforto e qualidade de vida. Mesmo sendo um tumor extremamente agressivo e altamente metastático, a taxa de sobrevida é de três a seis meses, quando é feita somente a cirurgia, e um adicional de um a um ano e meio quando a cirurgia é associada à quimioterapia.

PC - Quais são os cuidados que o tutor deve ter durante o tratamento de osteossarcoma canino?

CG - Após a amputação, os animais se adaptam à nova condição, embora os cães mais pesados tenham uma dificuldade maior. Por isso, tomar cuidado com a obesidade canina e o sobrepeso é muito importante para não sobrecarregar os outros membros. É preciso também manter a rotina de acompanhamento e levar o animal regularmente ao veterinário oncologista para realizar exames de imagem. Seguir o tratamento quimioterápico à risca evita que as metástases apareçam precocemente.

PC - Em relação à quimioterapia para o osteossarcoma, como os cães reagem ao tratamento?

CG - Como os efeitos da quimioterapia nos animais são bem mais fracos em relação aos humanos, os cães costumam suportar bem o tratamento. Alguns cachorros nem têm reações. O procedimento quimioterápico é muito importante pois melhora consideravelmente a qualidade de vida do pet com osteossarcoma, além de estender o tempo de vida dele.

Atualmente eu tenho duas pacientes fazendo quimioterapia para osteossarcoma canino. A Mel tem quase 13 anos e já está terminando o tratamento. Ela fez a amputação no ano passado e, posteriormente, começou a quimio. Agora ela está super bem. A outra paciente, que também se chama Mel, é uma cadela jovem, de apenas 10 meses de idade. Esse é um caso atípico, já que a osteossarcoma é uma doença mais comum em animais acima dos cinco anos de idade. Assim como a outra paciente homônima, ela também está passando bem pela quimioterapia, sem nenhum efeito colateral.

PC - Cães com histórico de osteossarcoma na linhagem têm mais chances de ter a doença?

CG - Os tumores, de maneira geral, não apresentam muita prevalência da genética não. Aproximadamente 85% das causas dos tumores são por fatores externos (radiação, trauma anterior, etc.), enquanto apenas 15% tem fundo genético. O que eu sempre aconselho é que, caso haja um histórico da doença em uma criação, por exemplo, o ideal é que o animal seja afastado e seus filhotes sejam acompanhados de perto.

PC - Há alguma maneira de prevenir o osteossarcoma canino?

CG - Levando em consideração o risco das microfraturas, a pessoa que adota um filhote de raça grande deve ter o cuidado de pensar como será o manejo do cachorro dentro de casa. Como os cães jovens são muito estabanados, eles podem acabar se machucando e desenvolvendo microfraturas se não houver uma supervisão e adaptação adequada dos espaços onde vivem.

O cuidado com a alimentação do cachorro também é uma ótima maneira de prevenir o osteossarcoma canino. Com o aporte nutricional adequado, os ossos têm mais chances de crescerem saudáveis.

Redação: Guilherme Segal

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