A rangeliose canina é um tipo de doença do carrapato em cachorro extremamente grave. A doença - também chamada de peste de sangue em cachorro, doença nambiuvu ou febre amarela canina - causa distúrbios hemorrágicos sérios que podem levar o animal à morte se não houver um tratamento adequado e rápido. Apesar de a rangelia ser menos conhecida que outras doenças causadas pelo carrapato no cachorro (como erliquiose, babesiose e doença de lyme), é uma condição séria e cada vez mais frequente no Brasil. Para entender melhor o que é a rangelia, o Patas da Casa conversou com a médica veterinária Amanda Carloni, que tirou todas as dúvidas sobre essa doença. Confira a seguir!
O que é a peste de sangue em cachorros?
A rangeliose canina é uma doença infecciosa grave que pode afetar os cães. Amanda Carloni explica que um microorganismo chamado Rangelia vitalii é quem infecta o animal. “A rangeliose, descrita somente no Brasil, é transmitida por carrapatos das espécies Amblyomma aureolatum e Rhipicephalus sanguineus. A rangeliose canina afeta principalmente animais jovens e, ocasionalmente, cães adultos, não havendo predisposição de sexo e raça”, explica. A doença é mais comum em áreas rurais e pode surgir em diferentes épocas do ano. No verão, porém, a incidência é maior, já que há uma maior quantidade de carrapatos no ambiente nos meses mais quentes. A rangeliose canina pode ser dividida de três formas dependendo do estado clínico: aguda (dura cerca de três dias), subaguda (de oito a 15 dias) e crônica (de 18 a 25 dias).
A transmissão da peste do sangue em cachorros ocorre pela picada do carrapato contaminado
Para que o pet contraia a doença nambiuvu, ele deve ser picado por um carrapato que contenha o protozoário causador da doença. A Rangelia vitalii vai entrar no corpo do cão pela picada e infectar leucócitos e eritrócitos, células que estão presentes no sangue. Dentro dessas células, o micro-organismo se replica e acaba rompendo a estrutura. Dessa forma, os parasitas da rangeliose vão se espalhando pela corrente sanguínea e entram em novas células, repetindo todo o ciclo. Como a Rangelia vitalli tem preferência por atacar células sanguíneas, é comum que o pet tenha hemorragias como principal sintoma da doença.
Quais são os sintomas da rangeliose?
A peste de sangue em cachorro recebe esse nome justamente porque os principais sintomas da doença são as hemorragias. O sangramento acontece principalmente na orelha de cachorro, nariz e cavidades orais. Isso é consequência da presença do protozoário causador da rangeliose nas células sanguíneas. A veterinária Amanda enumera os principais sintomas da peste do sangue em cachorros: “Icterícia, febre intermitente, apatia, anorexia, fraqueza, desidratação, emagrecimento, hepatomegalia (fígado aumentado de tamanho), esplenomegalia (baço aumentado de tamanho), linfoadenomegalia (aumento do tamanho dos linfonodos), pequenas manchas avermelhadas na pele (petéquias). Além disso, hemorragia ao longo do trato gastrointestinal, resultando em vômito com sangue e diarreia sanguinolenta, e persistente sangramento." A especialista diz ainda que as manifestações clínicas dependem da fase da doença, podendo haver sobreposição entre elas.
Rangeliose: tratamento precisa começar rápido
O tratamento da rangeliose é feito com o uso de remédios específicos para o combate desse micro-organismo. “O tratamento da rangeliose canina tem sido realizado com uma terapia a base de drogas protozoocidas. Corticoides também têm sido empregados", esclarece Amanda. A transfusão de sangue em cães e fluidoterapia também podem ser necessárias, principalmente no caso de hemorragias mais intensas.
Acabar com os carrapatos ajuda a prevenir a peste de sangue em cachorro
A peste do sangue em cachorro é transmitida pela picada do carrapato contaminado. Por isso, a melhor forma de prevenir a doença é justamente saber como acabar com carrapato no quintal e no próprio animal. Esse cuidado evita não só a rangelia como outros tipos de doença do carrapato. Amanda explica que as medidas preventivas variam dependendo da espécie de carrapato. O carrapato do tipo Rhipicephalus sanguineus, por exemplo, prefere escalar paredes para fugir da umidade do solo: "Assim, a dedetização deve ser direcionada às frestas de paredes, móveis, telhados e afins. Além disso, não há necessidade de dedetizar a casa toda; basta concentrar a aplicação do produto no local onde o animal dorme."
Já o Amblyomma aureolatum, outro carrapato transmissor da rangeliose, é praticamente impossível de ser controlado, já que é nativo das matas e florestas brasileiras e sua população é mantida pelos animais silvestres. Por isso, Amanda sugere que para evitá-los o melhor é direcionar o cuidado aos cães. “O controle deve ser feito com administração de carrapaticida de longa ação, uma vez que é preciso interromper o ciclo de vida do carrapato e impedir que as fêmeas realizem a postura de ovos no ambiente. É muito importante que o intervalo entre as doses seja respeitado, porque os carrapatos que ainda estão no ambiente vão passando gradativamente para o cachorro, picam o animal, ingerem o medicamento e morrem. Se o tutor decidir não administrar o carrapaticida novamente porque não vê carrapatos, os que estão no ambiente não vão morrer e conseguirão recolonizar o ambiente”, finaliza.
Redação: Maria Luísa Pimenta
Edição: Luana Lopes