Dentre as várias doenças neurológicas que podem afetar os cachorros, uma das mais preocupantes é a síndrome vestibular canina. A doença, que é dividida em duas categorias, atinge o sistema vestibular do animal, que é fundamental para manter o equilíbrio e a orientação espacial do seu amigo. Por isso, é importante saber reconhecer os sintomas dessa patologia, as principais causas e como tratá-la. Para entender um pouco mais sobre a síndrome vestibular em cães, entrevistamos a veterinária neurologista Magda Medeiros e professora titular em Fisiologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Veja o que ela esclareceu sobre a doença a seguir!
O que é síndrome vestibular canina?
Magda Medeiros: A doença vestibular em cães é um conjunto de sinais clínicos produzidos por lesão do aparelho vestibular, do nervo vestíbulo-coclear ou dos núcleos vestibulares e suas conexões, que são estruturas responsáveis pelo movimento do corpo e manutenção do equilíbrio do animal. Nesse sentido, a doença pode ser classificada de três maneiras: síndrome vestibular central, síndrome vestibular periférica ou síndrome vestibular idiopática canina. Na primeira, a origem da doença é no sistema nervoso central, onde se encontra os núcleos vestibulares e suas conexões com diferentes regiões encefálicas. Na segunda, a doença se inicia no sistema nervoso periférico, ou seja, no nervo vestibular ou na orelha interna do animal. Já na terceira, não é possível identificar a causa da doença e os sintomas se desenvolvem rapidamente.
Como a doença vestibular em cães se desenvolve?
MM: A síndrome vestibular canina pode ser causada por uma série de motivos que variam de acordo com a origem da doença. Quando se trata da síndrome vestibular periférica, por exemplo, otite, traumas na orelha interna, hipotireoidismo, tumor na orelhas ou nervo vestibular são os as causas mais comum. Por outro lado, a síndrome vestibular central, as causas podem estar ligadas a acidentes vasculares, processos inflamatórios e infecciosos, traumas crânio encefálico e deficiência de tiamina. Já no caso da síndrome vestibular idiopática canina, o quadro não possui causa definida e costuma ser mais comum em cães idosos.
Quais são os principais sintomas da síndrome vestibular canina?
MM: Os sinais clínicos mais comuns da síndrome vestibular em cães são:
- Inclinação da cabeça;
- Falta de coordenação motora;
- Perda de equilíbrio;
- Estrabismo;
- Nistagmo (movimento involuntário dos olhos que pode fazer o olho se mover rapidamente de um lado para outro, vertical ou horizontalmente ou em círculos;
- Quedas repentinas;
- Rolamento e andar em círculos.
Os sintomas costumam ocorrer de maneira diferente dependendo da causa da doença. A síndrome vestibular canina causada por otite, por exemplo, apresenta quadros de inclinação da cabeça, podendo ou não progredir para incoordenação e quedas do animal. Na síndrome vestibular idiopática canina, os sintomas costumam ser os mesmos, mas de maneira mais aguda. Já no caso de doença vestibular em cães ocasionadas por hipotireoidismo, o cão tende a apresentar os sinais de maneira lenta e progressiva, de acordo com a evolução da doença.
Como é feito o diagnóstico da síndrome vestibular canina?
MM: O diagnóstico da síndrome vestibular canina é feito com a avaliação do histórico do animal. Nesse caso, é examinado a possibilidade de trauma, o nível dos sintomas, a presença de outros sinais clínicos, a idade do animal e o uso de medicamentos. São feitos exames físicos para eliminar outros problemas, como a hipertensão e dores, a otoscopia (exame da orelha) e o exame neurológico. Alguns exames complementares, como o de imagem da bulha timpânica e do encéfalo, também podem contribuir para o diagnóstico correto do quadro. Além disso, o profissional também pode exigir um hemograma completo do animal. No caso de suspeita de tumor, a radiografia torácica e a ultrassonografia abdominal também são fundamentais.
Síndrome vestibular canina: como tratar?
MM: O tratamento da síndrome vestibular canina depende da origem da doença e até mesmo das condições de saúde do animal. Se a causa for otite, o tratamento é baseado no uso de antibióticos e anti-inflamatórios. Já nos casos de síndrome vestibular idiopática, o uso de antibióticos não é indicado. Nesse caso, alguns medicamentos usados para tratar labirintite em humanos podem ser recomendados, mas ainda não existem estudos científicos que comprovem a sua eficácia. Por isso, é importante que a qualquer sinal da doença o tutor consulte um veterinário neurologista qualificado. Na fase de recuperação, caso haja persistência dos sintomas ou sequelas da doença, a fisioterapia e acupuntura podem ajudar na recuperação do animal.
Redação: Úrsula Gomes