É normal ver o gato com olho dilatado e retraído em determinados momentos do dia. A falta ou excesso de luz pode afetar o tamanho das pupilas. Nesses casos, os dois olhos são afetados e voltam ao normal em pouco tempo. Mas e quando de repente temos uma pupila de gato dilatada ou contraída enquanto a outra segue normal? Pode se tratar de um caso de anisocoria em gatos. Esse problema não é exclusivo dos felinos, pois também existe anisocoria em cães e até mesmo nos humanos. A condição é caracterizada pela diferença de tamanho das pupilas e pode significar que há algum problema maior por trás dessa alteração. O Patas da Casa conversou com o médico veterinário oftalmologista Thiago Ferreira, que nos explicou um pouco mais sobre o que é a anisocoria em gatos, quais são as causas mais comuns e como reconhecer um bichano com esse problema. Confira!
O que é anisocoria em gatos?
A anisocoria em gatos, assim como a anisocoria em cães, é uma condição que afeta o formato da pupila do animal. O veterinário oftalmologista Thiago explica que em um quadro de anisocoria, gatos apresentam pupilas de tamanhos diferentes de um olho para outro: “Às vezes, é uma pupila que está mais dilatada do que o outro lado. Às vezes, pode ser que a pupila esteja mais contraída que o outro lado." Quando temos um gato com olho dilatado podemos chamar de midríase. Já quando a pupila se encontra contraída, recebe o nome de miose. Independentemente se a anisocoria deixa uma pupila de gato dilatada ou contraída, a condição não é considerada uma doença em si, mas um sintoma de outras enfermidades.
Uveíte e glaucoma estão entre as causas mais comuns de anisocoria em gatos
As causas da anisocoria em gatos são variadas, uma vez que a condição é um sintoma de muitas doenças. Thiago destaca que elas podem ser de origem inflamatória ou neurológica. Dentre as causas inflamatórias, a mais comum é a uveíte felina. “A uveíte tende a contrair mais a pupila por conta de mediadores inflamatórios, que são substâncias liberadas pela íris inflamada ou por outros tecidos quando estão inflamados dentro do olho. No caso da uveíte, seria uma pupila contraída.”, explica o especialista. Thiago também conta que outra causa inflamatória bem comum é o glaucoma em gatos. Nesse caso, normalmente temos um quadro de midríase em gatos (apesar de que às vezes há uma inflamação tão forte que a pupila acaba aparentando estar contraída, mesmo estando com glaucoma).
Já na anisocoria em gatos de origem neurológica, Thiago explica que a síndrome de horner é a causa mais comum. Essa doença é caracterizada pela interrupção dos nervos do globo ocular - ou seja, afeta o sistema nervoso periférico. Porém, o veterinário ressalta que também é possível que problemas no sistema nervoso central impactem a pupila. “A gente pode ter causas neurológicas a nível do sistema nervoso central, que não tem nada a ver com o olho de gato, e vai afetar justamente a região que é a responsável por contrair a pupila. Então quando isso acontece a gente espera uma pupila de gato dilatada”, esclarece.
Pupila de gato dilatada ou contraída são os sintomas da anisocoria
Na anisocoria, os gatos apresentam como sintoma a diferença de tamanho entre as pupilas de cada olho. “A gente espera encontrar as pupilas de tamanhos iguais. Então, se não estiverem deste tamanho, esse é o principal sintoma da anisocoria”, esclarece Thiago. Quando há midríase em gatos, a pupila fica extremamente dilatada, como se ocupasse todo o olho. Já na miose, a pupila fica tão contraída que quase some. Thiago dá a dica de que um gato com miose apresenta a pupila em formato de fenda. Como a anisocoria em gatos sempre se origina por conta de outra doença, é normal que o gatinho apresente também outros sintomas relacionados a ela.
A anisocoria em gatos pode causar cegueira?
Um dos grandes medos dos tutores ao perceber doenças oculares em gatos é a cegueira. Mas afinal: a anisocoria em gatos afeta a visão do bichano? Thiago explica que o estado de anisocoria (ou seja, as pupilas de tamanhos diferentes) não deixa o gato cego. O que pode acontecer é ter um pouco mais de dificuldade de enxergar em situações específicas. “Um paciente com a pupila demasiadamente contraída no escuro vai acabar tendo dificuldade porque não vai captar a quantidade de luz adequada. Já um paciente com a pupila demasiadamente dilatada vai ter um pouco de dificuldade no conforto da visão principalmente quando tem muita luz”, explica. Portanto, mesmo que afete um pouco a visão do gato, a anisocoria não é capaz de deixar o animal cego. Por outro lado, a causa da anisocoria em gatos (glaucoma e uveíte, por exemplo) pode sim levar à cegueira em gato.
Tratamento da anisocoria: gatos precisam ser cuidados de acordo com a origem do problema
Já que a anisocoria em gatos é um sintoma de outra doença, a melhor forma de tratá-la é diagnosticando o que está levando a essa condição e, então, tratar a causa base. Thiago explica que se a anisocoria for consequência de uma uveíte, é importante saber qual a causa da uveíte em si. “Podemos ter uma causa mais séria, como FIV, FeLV ou PIF, que são vírus extremamente graves em gatos, mas podemos ter uveítes de causa reversível”, esclarece.
Já na síndrome de horner, é fundamental descobrir se a síndrome é reversível ou não. Por fim, no caso de glaucoma em gatos, não existe uma reversão, assim como nos casos de lesões a nível de sistema nervoso central. Apenas o veterinário vai saber indicar o que pode ser feito para controlar o problema em cada caso. Portanto, não é possível definir um tratamento específico para a anisocoria em gatos. “A gente tem que tratar a causa base. Tratando a causa base, indiretamente acabamos tratando a anisocoria”, esclarece Thiago.
Redação: Maria Luísa Pimenta