Comportamento animal

Cachorro muda depois da castração? Especialista explica as principais alterações de comportamento!

Publicado - 05 Dezembro 2019 - 17h16

Atualizado - 22 Abril 2024 - 18h02

A cirurgia de castração de cachorro é um dos procedimentos médicos mais recomendados pelos veterinários, tanto para os machos quanto para as fêmeas. Mesmo sendo diretamente ligada ao sistema reprodutor do animal, o cachorro castrado costuma apresentar algumas mudanças no comportamento depois do procedimento. Por causa disso, alguns tutores costumam se preocupar com a adaptação do animal à nova vida. Para esclarecer as dúvidas sobre o que muda ou não no dia a dia do seu amigo depois que ele for castrado, a gente conversou com a veterinária e comportamentalista Renata Bloomfield. Dá uma olhada! 

O que muda depois da castração de cachorro fêmea

Para as cadelas, além da necessidade de controlar o nascimento de filhotes (critério que também é utilizado para  castrar os machos) a cirurgia de castração de cachorro também tem outro propósito. Ela serve como método de prevenção da piometra, uma das doenças mais graves que podem acontecer com as fêmeas que têm ciclos regulares de cio. Ainda assim, as mudanças comportamentais do pós operatório também podem influenciar na decisão final. Olha o que a Renata explicou: “Quando a gente castra uma fêmea, todo o órgão reprodutor dela é retirado e ela passa a não produzir mais o estrogênio, que é o hormônio feminino. Como todo animal produz testosterona (hormônio masculino), quando você tem uma baixa de estrogênio, a testosterona que já é produzida começa a “aparecer” mais. Ou seja: a fêmea começa a fazer xixi com a patinha em pé, não tolera outras cadelas porque quer defender o território etc. Por isso, a gente tem algumas ressalvas quanto à castração das fêmeas que já apresentam tendência à agressividade”. 

A escolha final sempre vai ser do dono: caso a melhor opção seja não castrar, essa fêmea vai precisar de acompanhamento constante com o veterinário para que a possibilidade de piometra seja monitorada. Além dessa doença, a cirurgia de castração também afeta o organismo da cadela em caso de câncer de mama. “Os tumores podem aparecer se a fêmea for castrada ou não. A diferença é que o estrogênio funciona como um combustível para o tumor, ou seja: um que levaria meses para crescer numa cadela castrada, vai se desenvolver em semanas ou dias numa que não passou pelo procedimento. A fêmea castrada que tem o tumor ganha tempo para ser diagnosticada e tratada com mais calma”, explicou a profissional. 

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Castração de cachorro macho: as mudanças no comportamento deles costumam ser mais brandas

Por não correrem risco de adquirir uma doença como a piometra, a castração de cachorro macho não é tão “bem aceita” quanto a das fêmeas. O máximo que pode acontecer é o aumento da próstata do animal idoso: questão que é resolvida com a cirurgia de retirada dos testículos. Ainda assim, quando é feita, a cirurgia costuma, sim, interferir no comportamento do animal: “Quando você castra o macho, ele perde o interesse no ambiente, diferente da fêmea, que fica mais territorialista. Como a testosterona acaba saindo por completo do organismo do animal, ele muda o foco do ambiente para as pessoas e se torna mais carinhoso e apegado à família e às pessoas que cuidam dele. Quanto à agressividade, a mudança é individual: se ela for um comportamento adquirido ao longo da vida do animal, além de castrado, ele vai precisar ser treinado para que a melhora comece a ser vista”, contou Renata.  

 

Cachorro com roupa de pós-cirurgia curtindo no quintal com os olhos fechados
Depois da castração de cachorro, o animal precisa de cuidados especí­ficos

 

Depois da castração de cachorro, é comum que ele fique mais calmo 

Além das mudanças específicas de cada sexo do animal, também é comum reparar uma diminuição na energia (principalmente no cachorro filhote) depois da castração. Isso acontece principalmente porque a retirada dos hormônios faz com que o organismo dele funcione de forma diferente, deixando seu amigo um pouco mais preguiçoso. Ou seja: além das mudanças que estão diretamente ligadas à área sexual (demarcação de território, instinto de “montar” com outros animais, objetos e pessoas, fugas à procura de fêmeas, agressividade e outras), você pode reparar uma diminuição da energia dele no dia a dia. 

Mesmo assim, vale a pena ressaltar que a castração não resolve questões comportamentais que o cachorro já tinha antes da cirurgia. Se o seu animal, por exemplo, tem a tendência de pular em você e nas visitas sempre que alguém chega, o manejo dessa situação deve ser feito com o adestramento. Em muitos casos, a castração auxilia o processo justamente por deixar o animal mais tranquilo, mas não é uma solução única. 

Fique atento: você pode provocar as mudanças físicas e de comportamento no seu animal depois da cirurgia de castração

Além das diferenças hormonais causadas pela cirurgia de castração, também existem mudanças que podem ser causadas pelo dono. O excesso de “mimo” no pós operatório pode ser uma das razões de transformações no comportamento normal do animal. “É interessante dizer que, geralmente, os animais não sentem tanta dor depois da cirurgia — principalmente os machos. Então mesmo que você fique preocupado e precise aumentar os cuidados com o animal, fique atento para não deixar o cachorro exageradamente dependente de você. É importante não valorizar tanto essa fase emocionalmente porque depois que ele ficar bom e você voltar para a sua vida normal, o cachorro vai continuar querendo sua companhia como tinha quando estava em recuperação”, explicou a veterinária. 

Também é importante falar da relação da cirurgia de castração com o aumento de peso do animal: muita gente acha que as duas coisas são inseparáveis, mas não é bem assim. Olha o que a Renata contou: “Depois da cirurgia, o cachorro deixa de produzir hormônios e, por isso, seu organismo passa a precisar de menos calorias e energia para trabalhar. As pessoas costumam continuar oferecendo a mesma quantidade de alimento e não aumentam as atividades físicas do animal, ou seja: ele acaba engordando. Com dieta e exercícios esse resultado pode ser evitado”. 

Redação: Ariel Cristina Borges 

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