Muitas pessoas acreditam que cuidar de um cachorro paraplégico, cego, surdo ou com qualquer outra deficiência é uma tarefa impossível. Realmente, um cachorro com deficiência precisa de alguns cuidados especiais no dia a dia. A busca por maior acessibilidade - seja com uso de objetos como carrinho para cachorro paraplégico ou mudanças na rotina - é fundamental para garantir maior qualidade de vida ao pet. Porém, é preciso entender que mesmo precisando de alguns cuidados extras, o cachorro com deficiência pode viver uma vida normalmente, com muitas brincadeiras, amor e diversão.
O Charlie Stedan é a prova viva disso! O cachorro vira-lata nasceu sem as patas da frente e foi adotado por Stefany. O pet teve uma incrível adaptação mesmo com a ausência de duas patas. Na internet, o Charlie (@charlie_stedan ) mostra seu dia a dia de forma leve e prova que um cachorro com deficiência pode sim ter uma vida normal. Conheça a seguir a história do Charlie Stedan (também conhecido como “cãoguru”), o cachorro influencer sem as patas da frente!
Amor à primeira vista: a adoção especial de Charlie
Em 2020, a estudante de medicina veterinária Stefany Medeiros, de 22 anos, decidiu que queria adotar um cachorro. Então ela começou a procurar em grupos de adoção na internet. “Várias pessoas mandaram fotos, mas eu não senti que nenhum era para ser meu. Eram todos lindos, mas eu não sentia de verdade. Até que uma mulher me mandou uma foto em que aparecia o Charlie deitadinho com outros cachorrinhos”, explica. Como ele estava deitado, Stefany não conseguiu ver de primeira que ele não tinha as patinhas da frente. Porém, naquele momento ela já sentiu que aquele vira-lata caramelo era pra ser dela.
Quando falou para a moça que tinha gostado do cãozinho que estava deitado, ela respondeu que não era para ele ter aparecido. "Eu pensei que ele já tinha sido adotado e perguntei para a moça. Então ela disse que, na verdade, ele não tem as duas patinhas da frente e ninguém iria querer adotá-lo. Nessa hora, eu já comecei a chorar e falei que era ele mesmo”, relata.
O Charlie é um cachorro com deficiência que nasceu sem as patas da frente
O Charlie Stedan recebe o apelido de “cãoguru” porque não tem as patas da frente, o que faz com que ele dê “pulinhos” para andar igual um canguru. O cachorro foi adotado com três meses de vida e já nasceu com essa condição. Apesar de não ter certeza do que fez com que ele nascesse assim, Stefany acredita que existem duas possibilidades. “Ou foi um caso de consanguinidade ou foi consequência do que o pessoal chama vulgarmente de injeção em cio, uma substância que dão para a cadela ao invés de fazer uma castração. É como se fosse um anticoncepcional para cadela, mas que não é indicado ”, esclarece. "A gente não tinha noção nenhuma de como seria cuidar dele, se iria precisar de coisas especiais… eu também não fico o dia todo em casa, então como que ia ser? Mas eu pensei: se eu senti, é porque é pra ser ele e pronto, acabou”, conta Stefany.
Charlie faz tudo sozinho e leva uma vida normal
Muitas pessoas acreditam que um pet com deficiência vai dar muito trabalho e precisará de atenção 24h por dia. Claro que é importante e necessário ter um cuidado extra, mas a condição não vai impedi-lo de levar uma vida como qualquer outro animal. No caso do Charlie Stedan, a tutora ficou chocada com a habilidade do animal de se virar muito bem sozinho. "Eu imaginava que ele ia ter limitações e teríamos que adaptar algumas coisas, mas na verdade eu não precisei fazer quase nada. Eu não preciso fazer nada. Ele é um cachorro como qualquer outro”, explica Stefany. O fato do Charlie já ter nascido sem as patas e não ter conhecido outra forma de andar e sobreviver pode ter ajudado nesse processo.
“Ele anda sozinho, vai ao banheirinho sozinho, sobe escada sozinho, sobe na cama sozinho, nada sozinho… ele é muito esperto, muito ativo”, conta Stefany. Dentre as adaptações, o Charlie tem uma cadeirinha para cachorro paraplégico. Porém, o animal é tão esperto que aprendeu também um jeitinho de se virar sem as patas e conseguir caminhar - ou melhor, dar pulinhos - com certa facilidade.
Charlie mostra nas redes sociais que não tem limite para ser feliz
Ao perceberem como o Charlie levava uma vida super normal mesmo sendo um cachorro com deficiência, seus tutores decidiram criar uma página no Instagram (@charlie_stedan ) para ele. No perfil, são publicados vídeos e fotos do dia a dia do Charlie: "As pessoas têm um preconceito em adotar cachorros com deficiência. O Charlie é um exemplo e queremos influenciar as pessoas a darem uma oportunidade para adoções especiais.” O pet tem quase 90 mil seguidores que acompanham sua rotina, sempre retratada com muito bom humor.
O “cãoguru” é super brincalhão e está sempre pronto para se divertir
O Charlie tem uma rotina muito simples. De manhã, faz companhia aos tutores enquanto eles se arrumam para sair. À tarde, fica sozinho em casa sem problemas. “Quando a gente volta do trabalho ele vem todo faceiro. Nesse momento, brincamos muito com ele porque ele tem uma energia surreal. Depois que ele brinca, às vezes gravamos um vídeo ou fazemos live nas redes sociais dele e, depois, ele dorme com a gente”, conta. Stefany e Daniel fazem questão de manter a vida do Charlie bem ativa, com passeios curtos todos os dias e algumas programações diferentes no fim de semana, como caminhadas em parques.
Além disso, é um cachorro muito inteligente. “O Charlie aprende as coisas e as palavras muito rápido. Ele consegue fazer coisas que ficamos ‘como ele fez isso?’. Ele faz muita coisa, é muito inteligente. Acho que é o cachorro mais inteligente que eu já conheci”, conta orgulhosa. A ideia de que o cachorro com deficiência sofre o tempo inteiro está bem presente no imaginário. Porém, esse pensamento não poderia estar mais errado. O cachorro paraplégico, surdo, cego ou com qualquer deficiência é igual a todo cão. O Charlie, por exemplo, é um animal extremamente brincalhão e agitado. A falta das patas da frente não impede em nada sua vontade de estar sempre brincando e se divertindo por aí: Charlie é um cão cheio de energia, bastante expressivo, carinhoso e, apesar de ser um pouco desconfiado com quem não conhece, é extremamente apegado a quem ama.
Redação: Maria Luísa Pimenta
Edição: Luana Lopes