Cachorro

Cachorros que fazem isso são mais ansiosos, segundo a psicologia canina

Publicado - 20 Janeiro 2025 - 14h00

Foto da Renata Bloomfield - Médica Veterinária Etologista Clínica

Renata Bloomfield / Médica Veterinária Etologista Clínica

CRMV: 12084-RJ

Formada em Medicina veterinária na Universidade Estácio de Sá (UNESA) Pós-graduando em Etologia Clínica pela Qualittas.

Foto da Laura Furtado - Redatora

Laura Furtado / Redatora

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Desde pequena, sempre tive um amor e carinho especial por todos os animais. Quando completei 6 anos, meus pais me presentearam com um cãozinho da raça Bichon Frisé que chamamos de Billy. Foi o dia mais feliz da minha vida, fiquei horas chorando sem acreditar que ele era meu. Billy viveu 14 anos com a gente, mas virou uma estrelinha em 2019 depois de uma história linda ao nosso lado.

Em 2019, ganhei da minha sogra uma Dachshund, o famoso salsichinha, e desde então minha vida voltou a fazer sentido. Pode parecer clichê, mas nada explica o sentimento de amor e carinho que ter um pet proporciona. Nós decidimos chamar ela de Teteia, e não poderia existir nome melhor pra descrever ela. Teteia significa moça atraente, e a minha Teteia salsicha é realmente a coisa mais linda do mundo, além de ser extremamente carinhosa, companheira e engraçada.

Em 2023, participei de uma entrevista e entrei para o time do Patas da Casa. Fiquei muito feliz, porque sempre tive afinidade e carinho pelos animais, e não há nada melhor do que escrever sobre coisas que a gente ama, né. Me identifiquei de cara com os valores do Patas e sempre considerei o projeto de suma importância para tutores que, assim como eu, buscam se informar para garantir o melhor para os pets. Desde então, cada dia tem sido um aprendizado, e sou muito feliz por fazer parte de um projeto tão especial quanto o Patas.

• Filme com animal preferido: “Marley e Eu”
• Uma raça de cachorro: Vira-lata
• Uma raça de gato: Siamês
• A curiosidade favorita sobre cachorros: Os cães de suporte emocional podem agir como 'terapeutas', ajudando pacientes com ansiedade, depressão, autismo e estresse pós-traumático
• A curiosidade favorita sobre gatos: Os gatinhos tem efeitos positivos na sáude mental e física dos humanos
• Sobre o que mais gosta de escrever no universo pet: Comportamento animal
• Um aprendizado: Adotar cachorro ou gato pode mudar a vida das pessoas e dos animais para melhores, trazendo muito amor e felicidade
• Nome de pet favorito: Larica

Ter um cachorro ansioso em casa não é nada bom. Inicialmente, esse sentimento pode parecer inofensivo, mas não subestime a gravidade: a ansiedade canina afeta o bem-estar e a qualidade de vida do animal, podendo trazer uma série de consequências para ele. Quem não está familiarizado com o universo canino, pode ter um pouco de dificuldade em identificar a ansiedade no pet, mas existe um comportamento que todo cachorro ansioso apresenta que deixa claro que ele sofre com esse problema.

A veterinária e comportamentalista Renata Bloomfield revelou que comportamento canino é esse, como ele é desencadeado e o que fazer para evitá-lo. Venha conferir como ajudar o seu cachorro com ansiedade!

Um cachorro ansioso apresenta mudanças físicas no corpo

Quando se pensa em um cachorro ansioso, é inevitável não imaginar o animal apresentando um comportamento mais agitado e aflito. Na maioria das vezes,  esse é o principal comportamento de um cão que sofre com ansiedade. No entanto, a ansiedade canina não se limita apenas a esse tipo de atitude. “O comportamento que mais chama atenção na ansiedade canina, de modo geral, é a pupila do animal e também o arfar dele. Um cachorro com ansiedade, geralmente fica com a pupila dilatada e arfa muito” , explicou a comportamentalista Renata. 

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Quando nos referimos a ansiedade de separação em cachorro, esse sentimento pode ser observado em alguns comportamento do animal: “Em relação a ansiedade de separação, a gente já pode pensar na questão da destruição de algum objeto, de algum móvel, em fazer xixi e cocô no lugar errado. Além disso, tem a questão do animal se lamber com frequência,  como as patas, seja da frente ou de trás, mas normalmente são as patas da frente.”

Por outro lado, Renata revelou que o cachorro com ansiedade de separação também pode ter um comportamento mais introspectivo: ”O cão com ansiedade de separação também pode apresentar uma hipoatividade e se isolar. Ele não faz nada quando está sozinho, só vai beber água, ir ao banheiro ou comer quando a pessoa chega em casa”.

Veja os principais sinais de um cachorro ansioso

cachorro passeando
O cachorro ansioso pode puxar o tutor no passeio e exibir uma série de comportamentos problemáticos

De acordo com a psicologia canina, não existe um comportamento específico que define um cachorro ansioso, pois cada animal pode manifestar esse incômodo de modo diferente. Apesar disso, não é nada difícil identificar um cachorro ansioso. Sintomas geralmente são marcantes e não passam despercebidos pelos tutores.

“Não existe apenas um parâmetro para definir um cachorro ansioso. A gente avalia como ele reage aos estímulos externos e se ele faz as coisas de modo muito afobado. Por exemplo, movimentos repetitivos, como lambição de pata em excesso, ficar o tempo todo se coçando, ficar rodando, puxar na rua ou fazer as coisas muito rápido. Então não tem um parâmetro específico, são vários parâmetros avaliados na rotina desse animal”, destacou a especialista. 

Confira os principais sinais da ansiedade canina:

Um cachorro ansioso e um com ansiedade de separação apresentam comportamentos diferentes

Quando se fala em um cachorro ansioso, é muito comum acharem que o cão sofre com a ansiedade de separação. Embora os dois problemas estejam associados, eles não são a mesma coisa. Nem todo cachorro ansioso sofre com a ansiedade de separação, mas todo pet com ansiedade de separação sofre com a ansiedade.

A veterinária Renata Bloomfield explicou a diferença entre essas duas situações: “A diferença da ansiedade, seja ela generalizada, por um passeio ou algum estímulo específico, para um caso de ansiedade de separação é que, na ansiedade de separação, o animal está sozinho. Na verdade, ele pode estar sozinho ou ele pode estar longe da pessoa de referência dele, e como consequência, começa a apresentar os os sinais de ansiedade - que não necessariamente é uma hiperatividade, ele também pode apresentar uma hipoatividade. Então aquele animal que fica quieto, que não faz nada até a pessoa de referência dele voltar para perto dele ou ele ter acesso a essa pessoa.”

Ou seja,  um cachorro ansioso pode apresentar sinais desse incômodo ao longo de todo dia, enquanto um cão com ansiedade de separação só apresenta esse tipo de comportamento na ausência do tutor. A grande questão é que, muitos cachorros diagnosticados com ansiedade também sofrem com a ansiedade de separação.

Entenda o que pode desencadear a ansiedade canina

Mas o que será que desperta a ansiedade no pet e o que será que desencadeia a ansiedade de separação? Cachorro já nasce com o problema ou ele é desenvolvido ao longo da vida? De acordo com a comportamentalista Renata, os dois casos podem acontecer: “Tem cães que nascem assim, eles são naturalmente ansiosos, ou essa ansiedade pode ser adquirida. Por exemplo, quando o cachorro filhote é retirado  muito cedo da ninhada, isso pode acabar deixando o animal ansioso ou causando nele a ansiedade de separação”. 

Além disso, a falta de estímulos adequados, como brincar e passear com cachorro, também podem contribuir para o desenvolvimento do quadro.  É por isso que muitos tutores de pets ansiosos estão sempre em busca de um bom brinquedo para cachorro ansioso, pois o acessório provavelmente vai deixar o animal entretido o máximo de tempo possível.

Apesar de parecer não ser algo muito grave, a ansiedade canina pode comprometer a saúde do cachorro. Afinal, a ansiedade afeta o bem-estar e o organismo do cão. Quando o quadro é muito grave, é possível encontrar até um cachorro vomitando devido a angústia que a ansiedade provoca. Além disso, vale ressaltar que esse sentimento ainda compromete a imunidade do cachorro e o deixa mais suscetível a contração de doenças. Por essa razão, é fundamental que os tutores saibam o que fazer para evitá-la.

Descubra como evitar a ansiedade canina

O que fazer para evitar um cachorro ansioso em casa? A comportamentalista Renata deu algumas dicas para evitar ou minimizar um quadro de ansiedade canina: “A previsibilidade e manter esse animal calmo é a melhor forma de evitar um cachorro ansioso.” Dessa forma, o cão já vai saber o que lhe aguarda e vai ficar mais relaxado com isso. 

Por exemplo, quando o tutor for passear comm o pet, a veterinária recomenda ensiná-lo a sentar antes de colocar a coleira para cachorro. O tutor não deve levá-lo para o passeio até ele sentar e se acalmar. Isso cria uma rotina tranquila e ajuda o animal a se sentir mais seguro. O cão entende que não vai conseguir nada do que gosta agindo de modo eufórico e agitado.   

Mas além do trabalho de adestramento de cães, existem algumas atitudes que o tutor pode tomar em casa para deixar o animal mais relaxado e tranquilo. Os brinquedos interativos para cachorro, por exemplo, são ótimos para evitar o desenvolvimento do quadro. O uso de brinquedos como o quebra-cabeça para cachorro, tapetes interativos e bolinhas recheadas afastam o tédio e ajudam a manter o animal entretido. Isso permite que ele se distraia e se sinta menos ansioso. Essa é uma dica que vale tanto para cães com ansiedade de separação, quanto para um cachorro ansioso.

Como tratar um cachorro ansioso? 

De acordo com Renata, cada veterinário, adestrador e comportamentalista tem o seu próprio jeito de tratar a ansiedade canina. No caso dela, o tratamento de um cachorro ansioso é feito pontualmente, levando em consideração uma série de características da rotina do animal. Ao examinar o pet e conversar com os tutores, Renata identifica quais são os comportamentos que indicam a ansiedade canina e trabalha em cima deles. Por exemplo, quando o cachorro está muito ansioso na hora da comida, ela gosta de trabalhar incluindo o comedouro lento para cachorro na rotina do animal. Com isso, o cão  vai aprendendo a lidar com a situação, sabendo que ele não precisa fazer nada com pressa. 

No entanto, a profissional reforça que é importante ter muito cuidado com a abordagem para lidar com ansiedade: “Dependendo do treinamento que é feito, isso pode gerar mais ansiedade no animal. Se o profissional escolhido para o tratamento não compreender que aquele é um quadro de ansiedade, ou que o animal tem medo, ou que o animal não está feliz, qualquer que seja o caso, ele pode acabar agravando ainda mais o quadro”. Ou seja, quando o tratamento não é feito de acordo com o problema do animal, isso pode deixar o cachorro estressado e agressivo.

“Um cachorro ansioso no passeio, que gosta muito de andar na rua, ao usar uma coleira enforcadora ou começar a ganhar muita bronca, pode acabar ficando mais ansioso. Isso acontece porque o animal não está entendendo o que ele tem que fazer e acaba recebendo uma ‘punição’ em troca disso. Além disso, vale dizer que uma coleira de choque ou uma puxada violenta no enforcador aumenta o nível de ansiedade, já que aumenta o nível de cortisol do animal e acaba piorando essa situação”, explicou. 

Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de medicação para tratar um cachorro ansioso

Além do trabalho pontual no comportamento do cachorro, Renata também revelou que pode ser necessária a prescrição de medicamentos para tratar a ansiedade canina. “Os ansiolíticos e os feromônios para cachorro são muito bem-vindos no tratamento da ansiedade canina. Em relação ao uso das medicações e dos ansiolíticos, geralmente eu gosto de prescrever para animais que têm dificuldade de entender os comandos. Nesses casos, a gente entra com uma medicação para poder ensinar eles. Com o tempo, a gente pode fazer a retirada dessa medicação ou não.’

Ela também revelou que prescreve calmante para cachorro agressivo devido a ansiedade, porque não gosta de deixar ninguém da família do animal em risco. O mesmo vale quando a ansiedade também coloca o próprio animal em perigo. Apesar disso, é importante lembrar que esses medicamentos devem ser prescritos por um profissional especializado em comportamento canino. Por isso, jamais automedique o cão e procure muito bem por um profissional capacitado para tratar o quadro do pet. 
 

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