Muitos gateiros de plantão questionam se os gatos entendem o que os humanos falam, principalmente quando parece que eles “ignoram” algum chamado. Mesmo assim, é inegável que eles prontamente atendem quando oferecemos comida! E é por esses e outros motivos que muitos acreditam que eles são interesseiros, enquanto alguns tutores defendem que o gato entende o que a gente fala e não são nada falsos - isso é apenas o comportamento do bichano. Para responder de vez essa questão, o Patas da Casa reuniu algumas pesquisas feitas por cientistas que explicam como funciona o comportamento do gato. Veja a seguir!
Pesquisadora explica como os gatos vêem os humanos e vice-versa
Antes de falar como o gato reconhece seu dono, é interessante abordar de onde surgiu essa ideia de que eles são traiçoeiros. Bom, segundo pesquisa intitulada O Gato Doméstico Nos Desenhos Animados: Questões de Ética e Comportamento Animal , feita por Juliana Clemente Machado, ela concluiu que eles carregam uma bagagem simbólica vinda da Europa (que também alimentou a relação dos gatos pretos com a sexta-feira 13), repleta de misticismo que, somada à atitude independente deles, gera conflito com o homem.
Essa distorção seguiu ao longo dos anos e, atualmente, as animações como Garfield, Frajola, Manda-Chuva, Tom (e Jerry), são exemplos de mídias que os retratam como “falsos, perversos e maus”. Quando na verdade, não são representações fiéis do comportamento felino, que agem conforme seu instinto e podem desenvolver relações sociais.
Porém, o livro "Os Segredos dos Gatos", desenvolvido por Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal, menciona que, ao contrário dos cães, os gatos precisam confiar no indivíduo para respeitar uma ordem ou desenvolver uma relação. E assim como a pesquisa de Juliana, ele lembra que os felinos sempre foram solitários, enquanto os cães andavam em bandos. Então, por instinto, os gatos enxergam o tutor como alguém de confiança!
Os gatos entendem o que os humanos falam pelo tom de voz
Sim, os gatos entendem o que a gente fala! Pelo menos é o que afirma um recente estudo da Animal Cognition , feito por cientistas da Université Paris Nanterre, na França, e publicado no fim do ano passado. Um dos motivos seria o tom de voz que usamos com os animais, que é bem diferente daquele que usamos com outras pessoas.
No entanto, os felinos têm uma interpretação melhor quando a fala vem dos seus tutores (inclusive, o gato reconhece seu dono!), pois, segundo a publicação, os gatos tendem a criar relações individuais e, consequentemente, mais fortes e repletas de experiências com os seus donos.
Para saber como o gato entende o que a gente fala, os pesquisadores selecionaram 16 felinos para análise que, para o conforto de todos, foram estudados em suas respectivas casas. Eles realizaram gravações de falas diretas dos tutores aos gatos (chamando para brincar, comer, entre outras situações) e reproduziram o som para os felinos, que prontamente reagiram. Porém, quando a mesma fala e tonalidade era emitida por estranhos, eles não atendiam. O mesmo também acontecia quando o próprio tutor falava com o gato, mas com um tom diferente.
Estudos indicam que o comportamento dos gatos são ligados ao instinto de caça e independência
De acordo com o livro The Domestic Cat: The Biology of its Behaviour (O Gato Doméstico: A Biologia de Seu Comportamento, em tradução livre), feito por Dennis C. Turner, professor e especialista em psicologia animal, a domesticação felina ocorreu pelo menos 300 anos depois dos cães. Ele também aponta que, enquanto a relação do homem com o cachorro era mais afetuosa, os felinos eram usados exclusivamente para a caça de ratos e insetos - fator que contribuiu para que eles se virassem sozinhos, apenas com o instinto caçador felino.
Mesmo assim, eles são muito afetuosos. Inclusive, há indícios de que gatos reconhecem seus filhotes e essas mães são muito amorosas e delicadas com a ninhada nas primeiras 12 semanas de vida dos pequenos. Não à toa, a recomendação é adotar um filhote de gato somente após esse período - que é quando ele já aprendeu com a mãe felina a comer, beber e usar a caixinha de areia.
Redação: Erika Martins
Edição: Mariana Fernandes