A leishmaniose é uma doença gravíssima que não tem cura. Provocada por um protozoário do gênero Leishmania, pode ser dividida em dois tipos: a leishmaniose visceral canina e leishmaniose cutânea. A primeira, conhecida também como calazar, é a forma mais grave da doença porque atinge os órgãos internos e pode ser fatal. Já a segunda, como o próprio nome já diz, é caracterizada por lesões na pele bem incômodas para o pet. A leishmaniose canina é considerada uma zoonose, ou seja, uma doença transmissível que se origina em animais e pode ser transmitida para os seres humanos a partir da picada da fêmea do mosquito-palha. Os cães são considerados os principais reservatórios da doença, mas a leishmaniose em gatos também pode ocorrer.
Os principais sintomas da leishmaniose canina são perda de apetite, fraqueza, emagrecimento, pelo opaco, queda de pelos e aparecimento de feridas na pele (em especial na face, focinho e orelhas). No estágio mais avançado, crescimento exagerado das unhas de cachorro (onicofose) e perda do movimento das patas traseiras (parestesia) também pode ocorrer. Mas como prevenir a leishmaniose? Para esclarecer essa dúvida, conversamos com a veterinária Fernanda Serafim, que listou os 5 segredos para proteger os pets dessa grave doença. Confira!
1) Leishmaniose: coleira repelente é o método mais eficaz
A coleira contra leishmaniose é uma opção muito indicada para afastar as fêmeas do mosquito-palha, principal vetor da doença. A veterinária Fernanda explicou exatamente como funciona a ação desse acessório: “É um método bastante eficaz. A coleira é impregnada com um inseticida que espanta e mata o mosquito-palha, e sua ação dura de 4 a 6 meses. Durante este período, os cães ficam protegidos contra a picada do mosquito e ela ainda ajuda a diminuir o número de insetos, evitando a disseminação da doença.” Algumas coleiras, a depender do fabricante, também têm ação contra pulgas e carrapatos.
2) Acompanhamento veterinário é essencial para prevenção da leishmaniose e outras doenças
Levar o animal no veterinário não é só importante para a prevenção da leishmaniose, como para evitar várias outras doenças. O médico veterinário é o único profissional capacitado para diagnosticar e indicar qual tratamento é o mais recomendado para o pet, por isso, é sempre bom ter em mente de quanto em quanto tempo precisa levar o cachorro no veterinário de acordo com suas especificidades.
3) Exames periódicos são aliados de um diagnóstico precoce da leishmaniose
A leishmaniose em cães pode levar a graves complicações de saúde e o diagnóstico precoce permite que o médico veterinário contenha o avanço da doença antes dela se tornar fatal para o animal. Por isso, para conseguir evitar o avanço da leishmaniose no organismo do cão, é muito importante estar com os exames em dia. Por exemplo, no caso da leishmaniose visceral, a prevenção associada aos exames de rotina são essenciais para o diagnóstico precoce e para evitar que a doença evolua: no estágio mais avançado, em que os órgãos internos já estão afetados, a morte é inevitável. Por outro lado, a doença pode ser controlada se o diagnóstico for feito logo no início.
“A leishmaniose muitas vezes é assintomática e leva anos para se manifestar. Para ter certeza que o seu animal está livre da doença, leve-o para realizar exames periódicos. O diagnóstico pode ser feito com um simples exame de sangue em cães, e quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maiores são as chances de manter a qualidade de vida do pet e impedir que outros indivíduos sejam contaminados", explica a veterinária Fernanda.
4) Ambiente limpo impede a proliferação dos protozoários causadores da leishmaniose canina
Saber como limpar o ambiente em que seu pet vive é fundamental para prevenir contra vários tipos de agentes externos causadores de doenças, inclusive o da leishmaniose. Segundo a especialista, a higiene do casa afasta o causador do mosquito: “O mosquito palha se reproduz e gosta de viver em ambientes sujos, com restos de material orgânico, umidade e pouca iluminação. Por isso, para prevenir a leishmaniose, é essencial manter sua casa limpa, sem acúmulo de lixo, fezes ou acúmulo de folhas mortas." Se você mora em zonas rurais, mantenha a vegetação sempre bem aparada e livre de sujeiras, além de não deixar o cachorro andar pelo local sem a devida proteção.
5) Leishmaniose: vacina é a melhor forma de prevenção?
Por mais que a eficácia da vacina não ofereça uma imunidade completa ao animal, não tem como pensar em “leishmaniose e prevenção” sem citar a vacinação. Como a maioria das vacinas para cachorro, ela possui em sua composição partes do parasita para estimular a resposta imunológica do animal a partir da produção de anticorpos no organismo. A veterinária Fernanda explica quando é indicado vacinar o cachorro: “A vacina deve ser aplicada no filhote de cachorro a partir dos 4 meses de vida, com intervalos de 21 dias, e depois disso, ela passa a ser dose única anual." Já quando falamos nos gatos, por não serem hospedeiros comuns dessa doença, não há a necessidade de vaciná-los contra a leishmaniose.
No entanto, a fabricação e venda da vacina contra leishmaniose foi suspensa em maio desse ano após uma fiscalização realizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. De acordo com os fiscais, as vacinas apresentaram uma quantidade da proteína A2 abaixo do limite estabelecido, o que poderia atrapalhar a eficácia da vacina e gerar risco para a saúde do animal.
* Até a data de publicação desta matéria, não há previsão da volta da vacina contra leishmaniose para o mercado.