O cachorro Pinscher chama a atenção em qualquer lugar, principalmente por conta do seu jeitinho barulhento e que está sempre em alerta a tudo que acontece. Não é à toa que a raça ganhou os holofotes da internet nos últimos anos, e a busca por exemplares tem crescido cada vez mais. Até criaram uma nomenclatura para distinguir os tamanhos de Pinscher (0, 1, 2 ou 3 - que também é chamado de Pinscher “miniatura”), embora não seja algo reconhecido oficialmente.
Mas não importa se você tem um cachorro Pinscher 0, 1, 2 ou Pinscher 3: o comportamento do cãozinho muitas vezes segue o mesmo padrão. Às vezes ele é chamado de esquentadinho, mas será que isso realmente condiz com a sua personalidade? Como é conviver com um Pinscher? Descubra tudo sobre o assunto a seguir!
Pinscher bravo: por que a raça leva a fama de “nervosinho”?
Todo mundo já ouviu falar que o Pinscher é bravo e pura tremedeira, mas não é bem assim. Segundo a médica veterinária Renata Bloomfield, que é especializada em comportamento animal, o Pinscher é um cão de guarda que tem tudo para ser bem equilibrado. O grande problema, porém, é que muitas vezes as pessoas não respeitam o seu limite e não levam em consideração esse lado dele que é voltado para a guarda e a vigilância. “Tem quem ache engraçado irritar o cachorro, fazê-lo rosnar e morder, mas isso é muito ruim para ele. As pessoas não fariam o mesmo com um Doberman e Rottweiler porque o potencial de lesão desses cachorros grandes de guarda é muito maior do que o do Pinscher”. Portanto, é importante respeitar o lado temperamental do cachorro Pinscher porque é algo instintivo para a raça, que foi criada originalmente para caça e trabalho como cão de guarda.
Além disso, também é importante levar em consideração as necessidades que a raça exige. Assim como qualquer outro doguinho, o Pinscher precisa gastar energia diariamente para não crescer frustrado ou com problemas comportamentais. A socialização também é fundamental para auxiliar o cão em diferentes fases da vida, evitando esse lado mais estressado. “Uma série de fatores influenciam esse comportamento do Pinscher, mas é importante ler sobre a raça antes de adquirir um exemplar. A educação ao longo da vida também conta muito.”
Vale destacar ainda que o padrão ideal da raça é o Pinscher miniatura, que tem de 25 a 30 cm de altura. Exemplares de Pinscher 1 ou Pinscher 2, por exemplo, costumam ser menores do que isso e podem fugir um pouco do comportamento “normal”. Renata explica: “Todo cão é social. Aqueles que não são sociáveis, que rosnam ou mordem até os próprios donos estão fora do padrão. Mas claro, o fator de educação, de adestramento e de socialização também influenciam no comportamento do cachorro (seja de qualquer raça).”
Cachorro Pinscher influencer: veja como o Bento conquistou a internet com sua fofura
Você já deve ter reparado que os perfis de pet influencer estão dominando as redes sociais, né? Existem tutores tão apaixonados por seus filhos de quatro patas que decidem compartilhar um pouquinho dessa convivência com outras pessoas. A criatividade dos tutores transforma os pets em verdadeiros artistas, com roteiros muito bem elaborados. Esse foi o caso do Bento, um Pinscher de Goiânia que é o grande companheiro de vida da Stefania Abati. A tutora conta que tudo começou de forma muito inesperada: “Um dia fui procurar uma caminha para o Bento no instagram e vi que tinham muitos perfis de cachorro. Na mesma hora pensei em fazer uma conta para ele, porque as pessoas tinham que ver como ele é engraçado, fofo e ao mesmo tempo muito bravo”.
Depois que o perfil do Bento foi criado (@bentopinscher ), o crescimento da conta foi totalmente natural e o pequeno cãozinho ganhou vários seguidores organicamente. “No começo eu não postava tanto, mas o público cresceu e eles me pediam muito para postar mais o Bento porque estavam com saudades. Acabei investindo mais tempo no instagram dele por isso”.
Mas não é só do estrelato na internet que vive o cachorrinho, viu? Segundo Stefania, Bento é o verdadeiro Pinscher raiz: um pouco bravo com desconhecidos, mas que ama muito sua dona e até sente um pouco de ciúmes dela. “Começamos um adestramento para melhorar esse comportamento de posse que ele tem quando estou perto. No instagram as pessoas nem acreditam que ele é bravo, porque ele transborda fofura e dengo nas fotos e vídeos”.
No dia a dia, o Bento é agitado e curioso. Late muito, vigia a porta de casa e sempre está atento a qualquer barulho. Mas, assim como qualquer outro cãozinho, o Pinscher não abre mão de tirar uma soneca de vez em quando.
Por que o Pinscher conquistou tantos lares brasileiros?
Os cachorros pequenos são os preferidos de quem mora em casas e apartamentos, mas o Pinscher definitivamente tem um espaço reservado só para ele no coração dos brasileiros. A tutora Claudia Correia é uma das fãs da raça, e tem uma cachorrinha Pinscher chamada Pity. “Ela me escolheu, e eu me apaixonei por ela no primeiro olhar. A Pity tinha sido abandonada porque fazia xixi e cocô na cama dos antigos donos, mas isso só acontecia porque ela era muito pequena e não conseguia descer sozinha. Sempre pensei em ter uma Pinscher, mas as pessoas falavam que era um cachorro nervoso, latia muito, difícil de lidar e que não gostava de crianças, entre outras coisas. Mas percebi que isso não era a característica da minha menina”.
Já Vania Cristina sempre nutriu um amor muito grande pela raça, e hoje tem uma cadelinha que se chama Catarina. “Quando eu era adolescente minha mãe me deu uma Pinscher de presente. Eu a amava demais, mas ela faleceu. Sempre gostei dessa raça por ser pequena, carinhosa e frágil”.
Como é a convivência com um cachorro Pinscher?
Esqueça a ideia de Pinscher bravo que muitas pessoas espalham por aí. É verdade que esse pequeno cãozinho pode ser um pouco temperamental dependendo das circunstâncias, mas na maioria das vezes o Pinscher é um grande companheiro dos humanos que convivem com ele. O Igor Oliveira tem um cão da raça que se chama Marley e compartilhou como é viver com ele: “Nossa convivência com o Marley é excelente. Ele é agressivo com estranhos, mas é carinhoso e dócil conosco. Porém, tem uma personalidade bastante forte, é cheio de vontades e temperamental. Há dias em que ele acorda muito simpático e carinhoso, em outros ele está de mau humor e não quer que ninguém toque nele”.
A Vania Cristina, por outro lado, fala que Catarina é muito levada e não para quieta nem por um segundo. “A minha Pinscher é um doce de limão, como eu sempre a chamo. O jeito dela é único, e por mais que ela apronte, ela nos cativa. Ela é muito arteira e apronta muito, bem ciumenta com os brinquedos dela. Às vezes é estressada, mas ao mesmo tempo é muito carinhosa. Eu amo a Catarina demais”.
A tutora da Pity conta que a cadelinha é muito carinhosa, mas igualmente competitiva. Ela não tem problemas em conviver com outros animais, inclusive é super amorosa com os gatos da casa que são seus companheiros de soninho. Também tem outros dois aumigos de porte médio e grande, mas não se deixa abater por isso: “Ela rosna e late muito durante as brincadeiras com eles, entra no meio dos dois cachorros e não tem medo de nada. Não dá trabalho, mas comanda os latidos aqui de casa”.
Como amenizar o temperamento do cachorro Pinscher?
Se você tem um doguinho da raça Pinscher que faz jus ao apelido de esquentadinho, saiba que não é uma missão impossível resolver isso. O primeiro passo é respeitar o espaço do seu amigo de quatro patas, entendendo do que ele gosta e do que não gosta. Se o cãozinho já for adulto e tiver desenvolvido hábitos ruins, como morder, a comportamentalista Renata aconselha: “Para esses cães, sugiro que o tutor procure um médico veterinário, de preferência especialista em comportamento animal, para poder orientar e, se for necessário, prescrever um medicamento para tentar diminuir a agressividade”.
Também é importante que o animal tenha uma rotina associada a atividades físicas. “Eles têm muita energia, então a corrida com o cachorro ajuda muito”. Além disso, como qualquer outro doguinho, é importante que o Pinscher tenha uma boa qualidade de vida, com um cantinho para descansar, enriquecimento ambiental e, claro, muito carinho envolvido!
Veja alguns motivos para ter um filhote de Pinscher na sua vida!
Nada melhor do que ouvir os tutores de Pinscher para entender por que esses cãezinhos são capazes de mudar a nossa vida para melhor, certo? Por isso, veja abaixo o depoimento de cada um deles:
Claudia Correia: “Eles são muito agarrados com o dono. Se a pessoa procura um cachorro para estar ao seu lado a todo momento, essa é a raça ideal. A Pity late sim, mas a verdade é que todos latem, é normal. Ela é doce e carinhosa com todos que entram aqui em casa. Não vejo nada de negativo no Pinscher (ou eu que amo demais e não vejo defeitos nos filhos de focinho).”
Igor Oliveira: “Eu diria que vale muito a pena. É um cachorro que não dá muito trabalho, em razão do tamanho pequeno e da pelagem rala. Além disso, é um cão muito companheiro, cheio de personalidade e quase sempre carinhoso, então é uma ótima experiência ter um Pinscher”.
Vania Cristina: “É maravilhoso ter um serzinho desse em casa. Você ri e se diverte com eles. Mesmo a Catarina tendo um temperamento forte, ela é maravilhosa. Um verdadeiro amor de doguinho. O Pinscher nos faz feliz, mesmo com o jeitinho um pouco explosivo deles”
Mas lembre-se: antes de comprar ou adotar um cachorro, você precisa ter certeza de que será capaz de arcar com as responsabilidades que acompanham o doguinho. É uma vida que precisará dos seus cuidados por muitos anos.
Redação: Juliana Melo