Muitas situações podem desencadear um quadro de ansiedade em cães. Mas você já parou para pensar nas atitudes do próprio tutor que podem resultar em um cachorro ansioso? Pois são muitas! Para entender melhor o que pode causar a ansiedade canina, conversamos com a médica veterinária Renata Bloomfield, que é especialista em comportamento animal. Veja o que ela nos disse e descubra 5 atitudes dos tutores que tendem a deixar os cachorros ansiosos!
1) Falta de adestramento pode contribuir para a ansiedade em cães
O adestramento de cães tem muitas utilidades, como educar e corrigir comportamentos inadequados. Mas você sabia que os treinamentos também podem ser uma ótima ferramenta para ajudar um cachorro ansioso? Sem esse tipo de educação, torna-se mais difícil para o cachorro lidar com episódios de ansiedade, o que reforça a importância do adestramento.
“A família tem que entender que tem um cão ansioso, em quais momentos ele fica ansioso e trabalhar em cima desses momentos. O adestramento básico é uma ferramenta que, quando o animal está no momento de crise, você usa [os comandos] para poder trazer o cachorro de volta ao racional”, explica Renata.
2) Às vezes o cachorro ansioso só reproduz atitudes do próprio tutor
Conforme Renata alerta, a conduta humana também influencia muito no comportamento canino. Isso porque os cachorros aprendem muito por observação. “Se o animal ver que o interfone toca e a pessoa sai correndo para atender, o cachorro entende que ele tem que correr também”, revela a especialista. O mesmo acontece com outras situações, como quando a campainha toca ou até mesmo na hora de passear, por exemplo.
Ou seja, às vezes uma reação que os tutores julgam como ansiedade canina é, na verdade, um reflexo das atitudes dos próprios tutores. “É só um jeito que o cachorro aprendeu de reagir aos fatores externos. Nos casos de ansiedade, a gente ensina os cães a reagirem de forma mais natural a esses estímulos”.
3) O ambiente em que o cachorro vive pode favorecer a ansiedade canina
A organização e a limpeza do lugar onde o cachorro vive são outros fatores que podem ativar a ansiedade em cães. Como a médica veterinária destaca, todo mundo gosta de viver em um ambiente limpo e organizado, com água fresca e comida fresca. Com os cães isso não é diferente, e por isso o tutor precisa estabelecer uma rotina e cuidar das necessidades básicas do animal — o que inclui a limpeza da casa e dos cômodos que o pet fica.
“Isso parece pouco, parece que é básico, mas já ajuda muito no emocional do cão: ter uma organização ambiental. Questão de horários de comida — seja comida que vai ficar no potinho o dia todo ou seja as pessoas que colocam por um período e tiram a ração —, o banheirinho limpo… tudo isso ajuda muito na organização mental do cachorro”, reforça.
4) Superproteção é outra atitude que pode deixar o cachorro ansioso
Para a especialista, a superproteção faz com que o animal não viva as experiências ao redor dele, de forma que o cachorro não consegue lidar com o que está acontecendo à sua volta. De acordo com Renata, quando um animal é inseguro, ele começa a ter comportamentos de um animal que tem medo — e como consequência, ele pode ter a ansiedade como um dos ‘sintomas’.
Um exemplo que a médica veterinária destaca é ao passear com cachorro na rua. Se passar um caminhão fazendo barulho e o tutor reagir normalmente, é bem provável que o cachorro também vá reagir normalmente. Agora se, por um instinto de proteção, o tutor resolve colocar o cachorro no colo e aparenta nervosismo, isso pode virar um fator de ansiedade para o animal.
“É importante incentivá-los a passar pelos estímulos “sozinhos”. A gente está ali para dar o suporte, para orientar. Mas devemos falar para ele: você consegue fazer isso sozinho. Você consegue andar na rua sem precisar latir, você não precisa ter medo das pessoas, você não precisa ter medo do caminhão”, orienta a comportamentalista.
5) A comunicação do tutor com o pet também pode aumentar a ansiedade em cães
A maneira como o tutor se comunica e conversa com o pet é outro aspecto que costuma influenciar na ansiedade canina. O cachorro entende o que a gente fala e consegue interpretar alguns sinais humanos, principalmente, por meio do tom de voz e linguagem corporal. Então se você falar com seu cachorro com um tom nervoso, ansioso ou até estressado, ou até gesticulando muito, isso pode virar um fator desencadeante para ele.
“O tom da voz influencia muito, [os cães] entendem muito o nosso tom de voz, a nossa postura corporal e isso é muito importante pra mostrar para eles que eles podem ficar tranquilos, sem preocupações”.
Como identificar um cachorro ansioso e quando é necessário buscar ajuda profissional?
Existem muitas formas de identificar a ansiedade em cães, e tudo começa com a observação do comportamento do animal. De acordo com Renata, o cachorro que arfa muito — mesmo sem estar muito calor — já é um sintoma do problema. Também é comum que o animal fique com a pupila dilatada, mas sem prestar atenção à nada que acontece ao redor quando está numa crise de ansiedade.
Outros possíveis sintomas são xixi e cocô de cachorro no lugar errado, destruição de objetos e até mesmo a paralisia, ou seja, quando o animal simplesmente não tem reação a nada que acontece. “Esse é um cachorro que precisa de ajuda e precisa muitas vezes de ajuda com ansiolítico, que vai tirar o animal da crise”, conta a médica veterinária.
Se a ansiedade do cachorro está afetando muito a qualidade de vida do animal, e refletindo também na convivência em família, a dica da Renata é procurar ajuda especializada. É importante investir em um profissional — comportamentalista ou adestrador — que saiba identificar o grau da ansiedade, o motivo, os momentos e como contornar o problema, sempre respeitando este animal e sem estímulos agressores. “Estímulos agressores podem piorar a ansiedade do cão e, inclusive, acabar levando até mesmo pra uma agressão ou depressão. Isso agrava ainda mais o quadro desse animal”, alerta.
