O relacionamento cada vez mais estreito entre animais domésticos e seus tutores também inspira alguns cuidados com a saúde de ambos. Isso porque as zoonoses - isto é, doenças que podem ser transmitidas do pet para humanos e vice-versa - também podem acometer cachorros e gatos que vivem dentro de casa. Raiva, leptospirose e doença da arranhadura do gato são alguns exemplos de zoonoses que merecem muita atenção por parte do tutor, pois são bem graves. O Patas da Casa separou todas as informações para você saber o que é zoonose e como prevenir essas doenças.
O que é zoonose? Como evitar a contaminação dentro de casa?
Zoonoses são doenças que podem ser transmitidas entre pessoas e animais e vice-versa. Apesar de ser mais comum que os humanos que lidam diretamente com bichos infectados contraiam a doença, o contrário também pode acontecer. Causadas por vírus, bactérias, fungos e outros parasitas, as zoonoses se espalham principalmente a partir do contato com secreções contaminadas do animal doente, como saliva, sangue, urina e fezes. Em situações que provocam feridas, como quando um gato arranha ou um cachorro morde, também pode acontecer a propagação de zoonoses.
É claro que você pode manter cachorros e gatos dentro de casa, tomando algumas precauções. A higiene pessoal e do ambiente é o primeiro passo para manter as zoonoses bem longe. Lave sempre as mãos depois de entrar em contato com os animais e mantenha uma rotina de limpeza dos locais onde o cão ou o gato transitam. Um cuidado específico e super importante é a vacinação. Manter o calendário vacinal de gatos e cachorros em dia é fundamental para evitar uma série de doenças.
Controle de zoonoses: muito além da vacinação
Todos os estados brasileiros contam com Centros de Controle de Zoonoses, que podem recolher cães e gatos das ruas - impedindo a reprodução e a contaminação descontrolada - e organizar outras ações para impedir a propagação de zoonoses, como cursos e treinamentos para veterinários e para a população em geral, inspeções zoosanitárias, vacinação antirrábica para cães e gatos, castração, entre outros.
Zoonose: cachorro com raiva pode transmitir a doença por meio da mordida
A raiva felina e canina é uma doença infecciosa que ataca o sistema nervoso central de cães, gatos, humanos ou qualquer mamífero. O vírus do gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae, fica presente na saliva do cachorro contaminado e penetra no organismo de animais e humanos geralmente por meio de uma ferida aberta, fruto da mordida do cão. O animal com raiva fica agressivo, deixa de atender comandos, apresenta excesso de saliva, para de comer e beber e pode ficar com os membros paralisados. Já nos humanos, os sintomas da doença começam cerca de 45 dias depois da contaminação, e incluem mal estar geral, com dor de cabeça, fadiga, febre, tontura e incômodo no local da mordida. Quando acomete o sistema nervoso central, os sintomas ficam mais graves: dificuldade na deglutição, paralisia e convulsões podem evoluir para coma e morte. É imprescindível aplicar a vacina de raiva em cães e gatos anualmente!
Leishmaniose ou Calazar: uma das doenças zoonóticas mais perigosas para gatos, cachorros e humanos
A Leishmaniose Visceral é uma infecção parasitária transmitida por meio do mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis). Cachorros e gatos se tornam hospedeiros do protozoário, não realizando a transmissão para outros animais ou para humanos. O contágio ocorre quando um mosquito pica um animal infectado e, em seguida, outro animal ou pessoa saudável. Os sintomas da leishmaniose em cães e gatos acometem principalmente a pele dos pets, que passa a apresentar lesões. As unhas e a pele podem se tornar mais espessas, os machucados demoram mais a cicatrizar e manchas podem surgir. Também surgem problemas oculares, como uma secreção persistente que causa bastante incômodo. Sintomas compartilhados entre humanos e pets são anemia, falta de apetite e consequente emagrecimento.
Esporotricose em gato pode ser contraída quando o animal entra em contato com fungo presente na terra
A esporotricose felina é um tipo de micose que se desenvolve quando o fungo do gênero Sporothrix schenckii entra em contato com o organismo por meio de feridas na pele, o que pode acontecer tanto com pessoas quanto com animais. Cachorros podem contrair esporotricose, ainda que seja mais comum que gatos sofram com essa doença, que tem três fases:
Esporotricose cutânea: feridas avermelhadas e purulentas que não cicatrizam e nódulos;
Esporotricose linfocutânea: úlceras com secreções que comprometem o sistema linfático;
Esporotricose disseminada: lesões por todo o corpo, inclusive em órgãos internos.
O tratamento para esporotricose é feito com antibióticos e antifúngicos orais e também pomadas.
Toxoplasmose é frequentemente associada a gatos, mas humanos podem contraí-la de outras formas
Apesar de humanos poderem se contaminar com o protozoário Toxoplasma gondii por meio do consumo de carne bovina ou suína mal passada ou crua e também de água contaminada ou alimentos lavados com ela, os gatos acabam levando a fama de transmissores da toxoplasmose, não à toa leva por aí o nome de doença do gato. Mas a verdade é que cachorros também podem apresentar toxoplasmose e gatos que vivem em apartamentos raramente contraem e espalham essa doença. Para contrair toxoplasmose de um gato, seria preciso manipular fezes contaminadas e levar as mãos à boca antes de higienizá-la. Ou seja, é totalmente possível evitar a contaminação.
Larva migrans cutânea: bicho geográfico causa muita coceira quando se hospeda na pele humana
Cães e gatos são hospedeiros naturais da Larva migrans cutânea, que se reproduzem em seus intestinos. Esses animais podem ingerir o verme já adulto, em alimentos ou água contaminados, ou serem contaminados pelas larvas presentes em fezes de animais infectados que entram em contato com ferimentos na pele. Uma vez que se contaminam, os pets começam a eliminar ovos dos vermes nas fezes. Quando se encontram em um solo onde há condições adequadas de umidade e calor, esses ovos eclodem e os novos vermes podem, então, entrar em contato com a pele humana. As formas de evitar o contágio é, portanto, evitar o contato direto com o chão e cuidar da alimentação.
Redação: Mariana Fernandes