O adestramento de cães tem uma série de vantagens e até um cachorro cego ou surdo pode ser educado utilizando as técnicas. Os exercícios fortalecem a memória canina e melhoram a capacidade de raciocínio, trazendo mais saúde mental para o animal. Outro benefício do adestramento é o fortalecimento da confiança e relação entre tutor e pet, o que é fundamental no caso de um cachorro com deficiência.
Portanto, o cachorro ficando cego ou um cachorro surdo não quer dizer que precisa seguir uma vida apática. Ele pode brincar, passear, ser treinado e viver o mais próximo do normal. A questão é que a forma de adestrar esses cães é um pouco diferente de um cachorro sem deficiência. Para entender como treinar esses pets, conversamos com um adestrador que reuniu ótimas dicas de como adestrar cachorro cego ou surdo. Saiba mais.
1) Use reforço positivo para adestrar cachorro cego ou surdo
O pet com deficiência pode ter algumas limitações, mas isso não quer dizer que ele não vai se adaptar ao ambiente ao seu redor e não fazer uso da sua inteligência canina. O reforço positivo também funciona na hora de adestrar um pet cego ou surdo, mas é necessário fazer algumas adaptações.
Para adestrar cachorro surdo é necessária muita expressão corporal. Já o cão cego tem uma ótima capacidade sonora e precisa de mais estímulos auditivos. E ambos vão precisar de recompensa ao obedecer o comando. “O cachorro surdo precisa de marcação positiva visual, pode ser um sinal positivo com o dedo, mas seguida dê recompensa. O cão cego precisa de sinal sonoro, pode ser um clique ou palavra chave associada a comida, seguido de um elogio. Dessa forma, ambos vão associar essa marcação a algo positivo e vão realizar o comportamento desejável”, explica o adestrador Paulo Renan Bercot.
2) Coleira e guia são equipamentos essenciais para adestrar cão cego
O adestrador aponta que alguns equipamentos são necessários para facilitar o adestramento e que coleira para cachorro cego, em formato de peitoral, é uma ótima forma de guiar o pet: “Para o cão cego, use um clicker e uma petisqueira. O guia e o peitoral vão ajudar você a conduzir ele, pois você vai ser os olhos desse cão e ele precisa confiar em você.” Já no caso do cão surdo, ele faz um alerta: “Não faça o uso de luz, não é o ideal. Faça bastante sinais de ‘joinha’ e também use a petisqueira, guia e peitoral”.
3) Adestramento de cachorros com deficiência deve começar aos poucos
Segundo Paulo Renan, o "shaping" é um método muito eficaz de como adestrar um cachorro surdo, pois respeita o tempo do animal. Para realizar esse método, porém, é preciso muito estudo e prática: “O shaping é uma forma de modelagem comportamental que nem todo profissional é apto a fazer. Ele consiste em marcar pequenos movimentos e vai recompensando o cão até o comportamento desejado. É um método de captura, onde há recompensa quando ele faz algum movimento, como sentar ou deitar”, detalha.
4) Tenha calma e clareza na hora de adestrar pet deficiente
Adestrar um cachorro surdo ou cego requer muita paciência. “Ambos são sensíveis, e é preciso cuidado pois eles podem ficar reativos ou ansiosos por não serem muito bem interpretados”, avalia o adestrador. Para driblar isso, no entanto, o tutor deve ter muita calma na hora de indicar os comandos: “Para o cachorro surdo, esteja calmo e faça gestos claros. É para sinalizar bastante até ele entender o gesto como um comando. Para deitar, abaixa bem a mão. Na hora do positivo, faça um joinha bem definido para que ele entenda a recompensa."
5) Cachorro cego precisa de rotina e poucas mudanças no ambiente
A mudança de ambiente funciona tanto para adestrar um cachorro cego, e também é uma forma de como cuidar de um cachorro cego, pois qualquer mudança vai exigir uma nova adaptação do pet. Se você está se perguntando ‘como adestrar meu cachorro que ficou cego’, siga essa dica do adestrador Paulo Renan Bercot: “Após ele decorar a casa, não mude o ambiente, pois ele pode se machucar."
6) Punição não deve ser usada na hora de adestrar um cachorro
Nenhum cão merece ser punido e essa atitude mais atrapalha do que ajuda na hora de adestrar ou de cessar alguma atitude inadequada. Nem é preciso dizer que vale o mesmo para cães deficientes, não é? Os animais não compreendem que a punição está relacionada a determinado comportamento inadequado, por isso, vão associar a algo ruim e podem desenvolver ansiedade ou medo quando estão diante de algum gatilho comportamental. Se um cão sem deficiência reage dessa forma, imagine um cão deficiente que é mais sensível. Ou seja, não é bom agredir ou gritar com o animal. E para solucionar isso, faça uso de comandos com muita confiança. Mas comandar sem recompensa não conta: é preciso sempre elogiar ou dar petiscos quando o cão acerta.
7) Relação de confiança entre pet e tutor
“Tenha paciência e delicadeza com o cachorro surdo. É bom conhecer muito bem o cão e ter clareza nos gestos. Tem que entender o cachorro e deixar que ele te entenda”, aponta o adestrador. Também é importante respeitar os limites do cão, principalmente quando ele é surdo: “Não é bom encostar para acordar, pois ele pode se assustar. Tente chamar a atenção de forma visual. Já o cão cego precisa de menos adaptação do ambiente. É preciso ser sensível com eles."
8) Não hesite em buscar apoio profissional para adestrar cão
Paulo Renan Bercot também conta sobre o apoio profissional e como ele vai ser essencial para ajudar a adestrar um cão deficiente: “Busque ajuda o quanto antes, mas deve ser um profissional capacitado para isso. Pode ser online com consultorias em caso de não ter alguém por perto."
Cão deficiente visual ou auditivo precisa de lazer e exercícios
Cães cegos ou surdos desenvolvem a deficiência por inúmeros motivos, seja acidentes ou em decorrência de algumas doenças. Como saber se o cachorro é surdo é bem simples. Quando o cão não responde a chamados verbais ou se assusta com um toque, ele pode ter algum problema auditivo. A deficiência canina também ocorre por problemas congênitos e como saber se um filhote de cachorro é cego, basta comparar o desenvolvimento visual dele ao restante da ninhada. A presença de anomalias oculares também aponta uma possível cegueira.
Algumas raças têm predisposição ao desenvolvimento de deficiência, o Bulldog e Chow Chow são aquelas que podem ter problemas visuais e o Poodle junto do Pastor Alemão podem ficar surdos. Por isso redobre os cuidados com animais dessas raças e não deixe de ensinar o cachorro a sentar e dar a pata, entre outros truques que vão facilitar a convivência.
Redação: Erika Martins
Edição: Luana Lopes