Doenças como a displasia coxofemoral em cães são predominantes em raças de grande porte e isso se deve a fatores genéticos. Acontece que o peso do animal muitas vezes não é sustentado pelos ossos, o que leva a traumas e degeneração com o tempo, resultando em graves doenças que afetam os movimentos e, consequentemente, a qualidade de vida do animal. Algumas delas demandam tratamento a longo prazo, sempre orientado por um ortopedista, enquanto outras não têm cura e ainda podem causar paralisias. Se você tem um pet grande e quer entender mais sobre doenças como a displasia coxofemoral em cachorros, confira a matéria a seguir.
Displasia coxofemoral em cães é uma das doenças que atingem as raças grandes
A displasia coxofemoral em cachorros, conhecida como a doença do “quadril baixo”, é um desencontro da cabeça do fêmur com a fossa do acetábulo, ambos localizados no quadril do animal. Essa degeneração esquelética causa muita dor. Ela pode atingir qualquer raça, mas é mais recorrentes em cachorros grandes, tais como:
As raças grandes têm propensão a problemas ortopédicos devido a fatores genéticos. Além disso, o peso mais elevado sobrecarrega a estrutura óssea que sustenta o corpo, principalmente se tratando de uma raça de cachorro gigante. Alguns distúrbios são degenerativos e só se manifestam quando o cão está idoso, mas ao longo da vida é possível que alguns problemas sejam desencadeados por traumas.
Doenças ósseas em cachorros grandes: as mais comuns
Segundo o veterinário ortopedista Bruno Lins, as doenças ortopédicas mais frequentes em cães de grande porte são: “Ruptura de ligamento cruzado cranial, luxação patelar e displasia de cotovelo. Outras doenças como afecções da coluna, osteocondrose e lesões musculares também ocorrem com frequência nesses pacientes.”
- Ruptura do ligamento cruzado cranial: atinge principalmente as fêmeas devido a ausência de testosterona que sustenta os ligamentos. O problema ocorre quando os ligamentos do joelho (chamados de cruzado caudal e cruzado cranial), responsáveis por manter a estabilidade da articulação, são rompidos.
- Luxação de patela: infelizmente é uma doença corriqueira que acontece quando a patela, que fica entre o fêmur e a tíbia, sofre algum trauma. A explicação para isso é que a patela atua no funcionamento da articulação e qualquer impacto pode afetar sua performance. Pode atingir um ou os dois joelhos do cachorro.
- Displasia de cotovelo: é uma anomalia nos ossos do cotovelo, que é formado pelo rádio, úmero e ulna, causando dificuldades para se movimentar. É exclusiva das raças de cachorro grande, com maior predisposição nos machos. Normalmente é hereditária e se manifesta durante o desenvolvimento do filhote. Sem tratamento, pode evoluir para uma artrose.
- Hérnia de disco: uma afecção da coluna que muitos pensam ser limitada aos Dachshund, mas que também afeta cães de tamanho médio ou grande. Atinge a medula vertebral e é resultado do rompimento da parte interna do disco. Ocorre de forma gradativa e, geralmente, não tem cura.
- Artrose: degeneração da coluna e uma das suas causas é uma idade avançada. Pode causar uma paralisia e é conhecida como “bico de papagaio” devido ao formato da calcificação entre duas vértebras.
- Osteocondrose dissecante: essa condição é um retardo na transformação da cartilagem em osso, distúrbio que aumenta a sensibilidade da composição osteocartilagínea. Tem causas genéticas.
Doenças ósseas: cachorro sente dores e pode mancar
No caso da displasia coxofemoral em cães, sintomas vão desde membros rígidos a dificuldades para caminhar, sinais que também são clássicos nas demais doenças. No caso de condições ortopédicas, é capaz do cachorro sacudir a perna para reajustá-la devido ao deslocamento do joelho (como na luxação de patela) e em situações na coluna, o cachorro também terá dificuldades para se levantar. Segundo o ortopedista Bruno Lins, câimbras e fisgadas também são comuns, que resultam no cachorro mancando.
No diagnóstico de ruptura de ligamento cruzado cranial em cães e outros problemas nos ossos, normalmente é solicitado um raio X para acompanhar a anomalia, além de tomografia e ressonância magnética para verificar o grau da doença. Em todos os casos, esses distúrbios são extremamente dolorosos e o cão pode apresentar choros e uivos para manifestar o desconforto.
Displasia de cotovelo em cães pode causar paralisia
Todas as doenças são perigosas e colocam a saúde do cachorro em risco, principalmente quando ele é filhote. Mas a displasia de cotovelo e a artrose merecem uma atenção especial, pois além da dor intensa, elas afetam a qualidade de vida do animal. Apatia e falta de apetite, que são comuns nesses casos, levam a perda ou ganho de peso e ainda é possível desencadear outros problemas articulares. No caso de uma piora gradativa, o resultado pode ser uma paralisia irreversível. Qualquer sintoma deve ser investigado. “Geralmente devem ser diagnosticadas e tratadas de forma a minimizar a evolução da artrose”, complementa Bruno.
Doenças ósseas e articulares em cães: tratamento
A cura A fisioterapia para cachorro é um dos métodos mais recomendados para reabilitação e tratamento de doenças ósseas e articulares, bem como a acupuntura veterinária. O uso de medicamentos, como anti-inflamatórios e analgésicos, também auxiliam na melhora das dores. Alguns casos, como displasias e luxação de patela, podem precisar de intervenção cirúrgica se não houver sucesso nas terapias tradicionais. “Geralmente é realizado o tratamento cirúrgico para estabilização da ruptura do ligamento cruzado, substituição total do quadril por prótese articular no caso de displasia coxofemoral e artroscopia para lesões em cotovelo. Essas medidas constituem os melhores e mais modernos tratamentos de forma a proporcionar excelente qualidade de vida para esses pacientes”, explica. A cirurgia para corrigir a displasia de cotovelo, porém, só pode ser feita antes dos nove meses de vida.
É possível evitar algumas doenças com medidas simples
É possível driblar a maioria das doenças nos ossos com uma rotina de exercícios indicada por um veterinário fisioterapeuta, pois essas atividades ajudam a fortalecer a massa muscular do cachorro grande. A ração premium para manter a saúde dos ossos também é fundamental e um detalhe interessante é evitar pegar o cão no colo de forma errada.
Outro ponto importante, é observar o piso onde o cachorro vive: aqueles mais frios e escorregadios, como os feitos de mármore, demandam mais esforço físico do pet para caminhar ou se levantar. A longo prazo, essa é uma das principais causas da displasia coxofemoral em cachorro idoso. De acordo com o veterinário Bruno, o estudo genético também ajuda a mapear certas predisposições: “Para algumas doenças, como a displasia, a seleção genética e testes específicos reduzem a incidência da doença e possibilitam alternativas precoces de tratamento”, finaliza.
Redação: Erika Martins
Edição: Luana Lopes