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Raças de cachorro brasileiro: tudo sobre as raças criadas no país

Publicado - 22 Dezembro 2022 - 10h00

Atualizado - 28 Junho 2024 - 12h18

As raças de cachorro brasileiro despertam curiosidade devido a singularidade de cada uma. Quer um exemplo? O gigante Fila Brasileiro é completamente diferente do pequeno Fox Paulistinha. Mas não para por aí. Além dessas, nós temos várias raças interessantes ao redor do país, que mesmo sem o reconhecimento da FCI, são consideradas um patrimônio canino nacional. A matéria a seguir se desdobra sobre cada uma. Vamos te contar sobre a origem dos cães brasileiros, como é a personalidade das raças mais famosas, além de curiosidades sobre o cachorro brasileiro. Confira!

Raças de cachorro brasileiro têm origem na colonização

Os cachorros brasileiros têm origem nebulosa, mas os primeiros registros tem ligação com a chegada dos portugueses e um exemplo disso é o Fila Brasileiro: existem várias teorias sobre sua criação, mas acredita-se que ele seja o resultado do cruzamento entre Mastiffs e Bulldogs que vieram nas embarcações com o objetivo de proteger os portugueses. De lá para cá, eles habitaram as fazendas do Brasil Colônia, até que nos anos 40 ganharam seu primeiro padrão, sendo reconhecido em 1952 pela Federação Cinológica Internacional como a primeira raça de cachorro brasileira.

O popular Fox Paulistinha, ou Terrier Brasileiro, é outro cão nacional que veio de fora e se desenvolveu aqui. Sua origem é incerta, mas uma teoria diz que ele surgiu durante o cruzamento do Terrier Europeu (na época, trazido como cão de companhia da aristocracia) com outros cachorros pequenos que estavam aqui. Ele foi reconhecido provisoriamente como uma raça brasileira em 1995 e o título oficial da FCI chegou em 2006.

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Já o Rastreador Brasileiro, mais um cachorro de raça brasileira, foi desenvolvido pelo cinófilo Oswaldo Aranha Filho. Ele que queria criar um bom cão de caça dos predadores locais, e esta reconhecida em 1967. No entanto, em 1974 ela foi declarada extinta. Mas após muito esforço dos cinófilos, ela teve seu resgate e ganhou de volta, em dezembro de 2020, o seu título de cachorro brasileiro. Também há o Bulldog Campeiro surgiu no século 19 como cão de guarda e de controle de rebanho. Especula-se que ele descende do Bulldog Inglês e Bull Terriers. Quase foi extinto nos anos 70, mas teve seu resgate.

Além deles, outras raças como o Dogue Brasileiro (criado em 1978 por Pedro Ribeiro Dantas), Ovelheiro Gaúcho, Veadeiro Pampeano, Buldogue Serrano e Boca Preta Sertanejo são oriundas do Brasil, com origem exata desconhecida. Alguns cães, inclusive, estão em busca do reconhecimento pela FCI, como o Dogue Brasileiro e o Bulldog Campeiro.

As características dos cachorros brasileiros são fortes e robustas

O Brasil é conhecido pela vasta fauna silvestre com diversas espécies espalhadas de norte a sul do país - e com os cães, não poderia ser diferente! Enquanto um macho de Fox Paulistinha mede 40 cm na cernelha (de pé em quatro patas), o molossóide Fila Brasileiro alcança incríveis 75 cm! Ambos são cães de pelo curto e corpo firme, característica que se repete em muitas outras raças, como o Rastreador Brasileiro, Veadeiro Pampeano, o Bulldog Campeiro e o Serrano.

A maioria são cachorros grandes, com o porte musculoso, chegando a pesar 20 kg. Os detalhes são o que diferencia um do outro: o Veadeiro Pampeano tem uma aparência rústica e primitiva, enquanto os Bulldogs Campeiro e Serrano são parecidos (e até confundidos), pois ambos descendem do Bulldog Inglês e de Bull Terriers, com uma aparência parruda.

Já o Ovelheiro Gaúcho, é idêntico ao Border Collie, seu ancestral. Porém, ele tem um focinho mais curto em comparação ao cachorro mais inteligente do mundo. O Pastor da Mantiqueira é visto como uma versão menor do próprio Pastor Alemão e o Boca Preta Sertanejo, como o nome já indica, tem o focinho todo preto. A cor da pelagem de cada raça de cachorro brasileiro também varia e vai de acordo com a coloração herdada das raças originais.

cachorro fila brasileiro andando na grama
O Fila Brasileiro foi a primeira raça de cachorro brasileiro reconhecida pela Federação Cinológica Internacional (FCI)

Personalidade do cachorro brasileiro varia conforme a raça

A maioria dos lares brasileiros é dominada por uma raça de cachorro que veio de fora, mas alguns tutores adotam cães brasileiros, contribuindo com o fortalecimento dos caninos nacionais. Como a maioria deles não tem um padrão fechado, viver com eles é uma caixinha de surpresa!

Mas aqueles que têm o reconhecimento são bem diferentes um do outro. Por exemplo, enquanto o Fila Brasileiro é calmo, fiel e obediente, o pequeno Fox Paulistinha tem energia para dar e vender! No entanto, ambos são leais e ótimos para o adestramento canino, além de possuírem o dom da caça. Ser um bom caçador é uma característica da maioria deles, pois foram criados em fazendas e sítios com o intuito de defender o gado de possíveis predadores.

Geralmente, são raças tranquilas e fiéis aos tutores, com o temperamento calmo e que se dão bem com crianças. Eles também denotam muita segurança e coragem, além de um ótimo senso de obediência. Porém, o comportamento deles pode variar: enquanto o Fox Paulistinha é super sociável e gosta de viver em família, o Veadeiro Pampeano tende a ser difícil com estranhos.

Não é muito difícil cuidar de uma raça de cachorro brasileiro

Do Boca Preta Sertanejo ao Fila Brasileiro, essas são raças com muita energia e que por ter o costume da caça, precisam receber estímulos constantemente. Eles possuem um ótimo faro e não é muito bom desperdiçar esse atributo, pois são cães que podem sofrer de tédio, bagunçando a casa em busca de algum lazer.

Inclusive, o ideal é que as raças brasileiras de cachorro vivam em lares com quintais, pois estão acostumados a sítios e fazendas. Ou seja, nada de tentar colocar um desses em apartamento. Até o Fox Paulistinha merece um lugar amplo e aberto. São cães ágeis e inteligentes (como o Ovelheiro Gaúcho), portanto o maior cuidado com o cachorro brasileiro é pensar em formas de gastar toda a energia e destreza com estímulos e brincadeiras desafiadoras para evitar o estresse. Passear com o cachorro brasileiro também é muito importante. Fora isso, não precisam de muitos cuidados específicos, mas ter uma boa rotina de higiene canina também é importante para mantê-los saudáveis.

Os cães brasileiros têm saúde para dar e vender!

As raças brasileiras de cães são naturalmente saudáveis e com pouca propensão a doenças. A razão disso é que são considerados cães mestiços e que descendem de cães mais fortes e com pedigree, juntamente com os cachorros Vira-lata. Ou seja, ao longo da sua evolução, são animais que ganharam muita resistência e foram sobrevivendo à seleção natural.

Eles costumam viver mais de dez anos e é só nessa fase que podem apresentar algumas condições hereditárias. O Fila Brasileiro, por exemplo, tende a desenvolver displasia coxofemoral e torção gástrica, devido ao seu tamanho. Cardiomiopatia é outro mal que pode atingir o Fila. O Bulldog Campeiro precisa de atenção contra sarna demodécica e a mesma displasia.

Mesmo assim, são cães que precisam de visitas periódicas ao veterinário, seja para manutenção da saúde, como para a aplicação de vacinas. Ração em quantidades controladas e de qualidade (preferencialmente na versão Premium) são fundamentais para que eles vivam sem nenhum problema.

Confira 5 curiosidades sobre as raças brasileiras de cães

  • Pastor da Mantiqueira é chamado de “policialzinho”: esse cachorro, descendente do Pastor Alemão e comum na Serra da Mantiqueira, ganhou esse apelido pois é visto como um ótimo cão de guarda pela população local.
  • Boca Preta Sertanejo foi um dos cães do Lampião: orgulho do Nordeste, essa raça foi um dos cães que acompanhou o cangaceiro. O “Cão Sertanejo” também é a raça do personagem Baleia, do romance Vidas Secas, escrito por Graciliano Ramos.
  • Dogue Brasileiro surgiu por causa do tutor de uma Boxer: a raça foi criada por Pedro Ribeiro Dantas, em 1978, que era criador de Bull Terriers. Mas a ideia de juntar um dos seus exemplares com uma Boxer veio do tutor da cadela, seu vizinho, que tinha interesse no resultado de ambas as raças.
  • Fila tem inteligência emocional, mas odeia ficar só! O Fila é uma raça que não costuma demonstrar muito seus sentimentos. Ou seja, sua forma de mostrar carinho é cuidando e protegendo os tutores e a família. Mas isso não quer dizer que ele é um cão frio: na verdade, ele odeia a solidão e ama estar entre os seus.
  • Fox Paulistinha ganhou fama nos anos 90: essa raça primeiro conquistou os paulistas, que se encantaram pela sua energia e deram o seu nome. Mas na década de 90, esse cãozinho conquistou o resto do país ao protagonizar diversos comerciais e até novelas.

Redação: Erika Martins

Edição: Mariana Fernandes

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