A FeLV felina (ou leucemia em gatos) é uma doença perigosa e contagiosa. Por isso, existe uma preocupação constante dos pais de pet em relação a esta patologia. Isso porque, depois que contraem a FeLV, gatos ficam com o sistema imunológico bastante fragilizado, o que abre portas para uma série de outros problemas. Além disso, é uma doença que diminui consideravelmente a expectativa de vida dos gatos.
Para desvendar se o gato com FeLV sente dor, como a doença age no organismo do pet, tratamento e principais cuidados com gatinhos positivos, o Patas da Casa entrevistou a médica veterinária Vanessa Zimbres, que é especialista em gatos. Veja o que ela nos contou!
Patas da Casa: O que é FeLV em gatos e o que acontece com o organismo do animal quando ele sofre com essa doença?
Vanessa Zimbres: “A FeLV, Leucemia Viral Felina, é uma doença viral de gatos onde o vírus tem a capacidade de causar o desenvolvimento de tumores. Os tumores mais comuns são os linfomas e leucemia em gatos. A causa mais comum de morte de gatos pela FeLV é em consequência da imunossupressão, anemia e câncer.”
PDC: Como um gato passa a FeLV felina para outro e como prevenir um gato com FeLV?
VZ: “A doença (causada por um vírus) é transmitida entre gatos principalmente pelo contato direto, pois o vírus é frágil e pouco resistente no ambiente. O vírus da FeLV felina está presente em grande quantidade na saliva mas também pode ser encontrado nas fezes, urina e leite de gatas contaminadas. Os gatos podem se contaminar ao terem contato com essas secreções.
Para prevenção, deve-se identificar os gatos doentes por meio de testes específicos e separar animais doentes de saudáveis. A vacinação contra a FeLV também é eficaz, embora não substitua a segregação.”
PDC: Quais os principais sintomas de FeLV em gatos?
VZ: “Uma vez contaminado com a FeLV felina, o gato pode desenvolver uma boa resposta imune e eliminar o vírus do organismo. Entretanto, é muito raro vermos essa condição na prática clínica.
Gatos com uma imunidade eficaz podem conter a multiplicação do vírus e serem portadores assintomáticos. Mas se houver alguma imunossupressão, o vírus pode vir a se multiplicar e o animal desenvolver a doença. Essa é a chamada infecção regressiva. É importante saber que esses animais podem transmitir o vírus em algum momento.
A infecção progressiva é aquela em que o organismo não consegue conter a multiplicação viral e os animais são propensos a desenvolver a doença. Os sinais clínicos da FeLV felina dependem da localização comprometida pela neoplasia. Se em medula óssea, há o desenvolvimento de quadros leucêmicos; e se linfoma ou outro tumor, as consequências são o mau funcionamento do órgão afetado juntamente a síndromes paraneoplásicas.”
PDC: Existe tratamento para a FeLV felina? Se sim, como isso é feito?
VZ: “A leucemia felina não tem cura e o tratamento se baseia em dar suporte ao organismo e conter os sintomas. Esse tratamento de suporte pode envolver transfusões sanguíneas para combater a anemia, quimioterapia se tiver tumores, bom suporte nutricional e evitar situações de estresse, além do uso de tratamentos imunomoduladores como o interferon felino (disponível em alguns países). O tratamento com antivirais utilizados em medicina humana pode ter algum efeito na diminuição da replicação viral, mas não curam a doença.”
PDC: Quanto tempo vive um gato com FeLV e quais são os cuidados mais importantes com gatinhos positivos?
VZ: “Infelizmente a taxa de sobrevida de um paciente FeLV positivo está entre 3 a 4 anos após o diagnóstico da doença, porém o que vemos na prática é um tempo menor que isso.
Os cuidados mais importantes estão em evitarmos situações de estresse e oferecer uma boa nutrição a esses gatinhos.
O acompanhamento veterinário com exames é importante para identificar problemas causados pelo vírus precocemente para darmos o tratamento de suporte antes que o paciente fique muito debilitado.
Oferecer conforto e qualidade de vida ao animal deve ser sempre a prioridade de qualquer escolha que o tutor fizer quando optar pelos tratamentos mais invasivos.”